Capítulo 1

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Anfitrite

Era mais um dia comum quando eu estava olhando o mar. O mar Egeu como sempre de um lindo azul safira que me encanta como ninguém.

— Anfitrite! — Ouvi meu pai chamar.

— Estou aqui, papai!

— Anfitrite!

Papai é conhecido como O Velho do Mar por causa de seu nome, Nereu, e também por ser um pescador nato.

— Precisa de mim, papai?

— Sim, querida, vamos pescar, hoje o dia está lindo.

— Sim, e Eurídice?

— Está com sua mãe, você é minha única filha que gosta do mar tanto quanto eu.

— Graças aos deuses, não é mesmo, papai?

— Ah, sim!

Mamãe sempre me contou que para que pudessem se casar, papai teria que endireitar sua vida, mas o que seria esse endireitar a vida ela nunca me disse. Ele nunca tocou no assunto, apenas dizia que sua vida agora era bem melhor do que a que levava antes de conhecer minha mãe. Sabemos que existem segredos que devem continuar sendo segredos e assim nada perguntamos, afinal, filhos não devem se intrometer em assuntos dos pais, mas eu não sou boba e inocente como minha irmã Eurídice.

— As redes estão desembaraçadas?

— Sim, papai, fiz isso ontem à noite.

— Excelente, essa é a minha garota!

— Vamos lá?

— Sim, empurre o barco para o seu velho pai.

— Como sempre, não é mesmo?! — Eu disse fingindo empurrar o velho pesqueiro a motor e revirando os olhos, meu pai riu.

Quando finalmente estávamos em alto mar, vimos um luxuoso iate com alguns homens, a maioria deles chineses e apenas quatro homens ocidentais.

Protegi os olhos do sol com as mãos e observei, vi o homem se levantar e a confusão começar.

— Abaixe-se, minha filha! — Ouvi papai dizer desesperado quando ouviu os tiros.

Logo em seguida ouvimos alguém ser atirado no mar, depois mais outras pessoas, um barulho de motor e depois o silêncio.

Nos levantamos e eu pude ver alguns corpos.

— Olhe, pateroulis!

— Não olhe, querida! Vamos voltar para casa agora.

— Um deles está com a mão levantada.

— Não, minha filha, não iremos nos intrometer nisso!

— Eu vou até lá.

— Anfitrite, deixe isso para lá, não é da nossa alçada.

— Agora é, estão na nossa área de pesca! Eu vou até lá, se ele estiver morto, eu volto, mas se estiver vivo, não o deixarei para virar comida de tubarão.

Antes que meu pai pudesse dizer algo, mergulhei e nadei de encontro aos homens, percebi que apesar de serem em menor número eles acertaram bastante chineses. O que estava acontecendo? Verifiquei os corpos, apenas um estava vivo.

Olhei para ele, cabelos curto preto assim como a barba, a camisa branca, que estava com uma mancha imensa de sangue, arregalei os olhos quando vi, a transparência mostrava as tatuagens maori e a corrente de prata, poderia ser confundido facilmente com um caiçara.

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