[ 友達 ] - 𝘧𝘳𝘪𝘦𝘯𝘥

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①②: ③⑨•𝘱𝘮_

Nas últimas explicações do professor no laboratório que não me interessavam nem um pouco, eu olhava ao meu redor e minha cabeça começa a mexer comigo. Eu fecho os olhos e me vem uma cena de terror tão realista. Me vinha uma porção de sangue escorrendo e se espalhando, me vinha a sensação de que alguma arma mortífera estava por perto mirando em minha direção, me vinha uma sensação de culpa e desespero. Sinto que essas sensações estão se aproximando cada vez mais de mim. Quando o realismo me trás o cheiro metálico de sangue e do ar livre e poluído da cidade, me trás o barulho de um gatilho sendo puxado, quando eu me desperto dessa navegação com o sinal para almoçarmos.

- 𝘯𝘰 𝘳𝘦𝘧𝘦𝘪𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘰 -

Custando ficar trancado na sala de aula, agora, finalmente cheguei ao refeitório. Um dos melhores horários para me isolar e descansar enquanto desfruto de algo para me sustentar. Na hora do almoço eu geralmente ia para os cantos em uma mesa menor, com poucas cadeiras e vazia. Eu me sentia confortável por lá. Não olhava para ninguém e não conversava. De vez em quando vinham algumas pessoas mais simpáticas perguntando pela vaga e sentando ali comigo. Mesmo tentando gerar assunto as vezes, eu evitava falar muito para não criar intimidade. Seria estranho se eu dissesse que eu até curto estar sozinho? Sinto como se eu não devesse me preocupar com meus segredos e pensamentos de serem entregues para outra pessoa. Minha mãe já questionou muito desse meu comportamento reservado e declarou um monte de vezes que queria me levar à um terapeuta.
Oh céus, por que minha professora está vindo para minha direção? É meu horário escolar favorito onde eu possa pensar sozinho.
- Hiroshi? Me encontre após o horário de almoço na coordenação por favor. - o que houve? Ah, isso não importa. Eu sei que de alguma forma eu tenho pelo menos duas notas máximas. Afinal, eu vivo preso na biblioteca, então por que deveria me preocupar?

①③:⓪⓪•𝘱𝘮_

— Sinto que devemos discutir algumas coisas relacionadas a você, é questão de nossa responsabilidade. Percebemos que sua saúde mental e física anda meio baixa nesse semestre. Recebemos as notícias vindo de seus responsáveis de que você anda tomando alguns medicamentos antidepressivos. Poderia me dizer qual a regulação deles? — MERDA! DROGA HIROSHI! NÃO! Por quê? Como? Como eles sabem disso? Essas porcarias são as únicas coisas que estão me sustentando nesses últimos tempos, como eles descobriram? Minha mãe? Meu irmão? Como?

𝘕𝘢𝘳𝘳𝘢𝘵𝘰𝘳 - 𝘗𝘖𝘝: 𝙊𝙉

Há cerca de quase dois meses, sua mãe  havia comprado medicamentos antidepressivos sem recomendação terapêutica para ele, porém sem receita médica alguma. Ela exigia o consumo das cápsulas diariamente porque estava preocupada com o estado do filho, cabisbaixo, melancólico, agressivo e as vezes até quase imóvel. Porém Hiroshi não soube zelar da regulação dos medicamentos e acabou consumindo-os mais de três vezes por dia. Com a frequência rigorosa em que os remédios eram ingeridos, foi desencadeando-se o vício e por causa do vício, o mesmo foi deixando sua sanidade ir aos poucos até chegar em uma situação difícil. Hiroshi mal dorme e seu comportamento alterou-se agressivamente. Como sua mãe tinha que encarregar-se do ciclo das medicações, ele não era autorizado a levar os remédios para a escola, mas de qualquer forma, ele os escondia e os levava para um "consumo mais favorável". Porém, como os professores também são responsáveis pela saúde dos alunos, essa mesma que lhe afronta neste exato momento reparou no consumo dos remédios, e isso é proibido sem a autorização dos pais e de seu médico. Então, ali parado friamente, agitado por dentro e fazendo-se de "desentendido" por fora, Hiroshi faz um esforço para achar uma mentira que salvasse sua pele de mais perguntas.
— E... eu tomo esses remédios nesse horário! É indicação terapêutica. Deve tomar de manhã como um energético para disposição. — dizia esfregando uma mão na outra e apertando-as debaixo da mesa e tentando focar na sua atuação. A professora analisa suas expressões cuidadosamente.
— Se realmente são medicamentos autorizados, então porque não trouxe informações para a coordenação? Creio que saiba o quão é importante. — perguntou incrédula.
— Perdão... eu... — planejado agoniado em uma calúnia. — Eu posso trazer o laudo, digo, a prescrição, amanhã. — soltou a farsa aliviadamente.
— Hum... Muito bem — bate palma apenas uma vez e leva as mãos cruzadas até a boca, fazendo sinal de análise — Já que está dizendo, quero os papéis amanhã mesmo, com a assinatura do médico e da sua mãe escritas. Então, poderemos confiar em você, está bem? Caso contrário, teremos que tomar providências sobre o assunto com seu responsável.
— Claro, trago assim que chegar. — acena a cabeça para cima e para baixo com um leve sorriso.
— Ótimo, obrigada!

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