Capítulo 2 - "Missão ser invisível"

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O dormitório do 127 estava estranhamente calmo e silencioso, mesmo com quase todos os membros ali. A rotina tranquila era uma raridade e todos fizeram questão de aproveitar o dia para descansar, seja mentalmente indo caminhar, seja fisicamente passando a manhã inteirinha na cama.

Assim se estendeu o almoço e uma parte da tarde e, só na hora de irem para a sala de prática, Mark percebeu que um certo acastanhado não se encontrava presente.

"Cadê o Haechan?" - perguntou enquanto olhava o horário no celular, já supondo que o citado estaria atrasado

"Vai encontrar a gente lá com os Dreamies, dormiu lá de ontem pra hoje" - Taeyong respondeu dando um tapinha nas costas do dongsaeng e abrindo a porta - "Vamos?"

Por mais que a curiosidade tivesse aguçado, o canadense não perguntou nada, simplesmente por não querer parecer interessado demais na vida do maknae. Mas por que ele teria ido dormir lá? Voltaram todos juntos pro dormitório, ele tinha certeza. E sempre que faziam alguma festa do pijama o convidavam, não é? Haechan não deixaria de chamá-lo de propósito e, se fizesse, com certeza mandaria fotos depois de já ter chegado lá para provocá-lo. Porque o outro Lee era sempre assim, adorava tirá-lo do sério.

Ensaiaram até o fim da tarde e noite adentro também. E por mais desesperador que fosse, Donghyuck não trocou uma palavra sequer com Mark. Não riu quando ele tropeçou por causa do cadarço solto, não deu palpites nem opiniões sobre seus movimentos, não tentou fazer nenhuma brincadeira, tomava água da garrafa de Jaemin, já que não tinha levado a sua na pressa de evitar seu dormitório.

Mesmo se corroendo por dentro, ao menos podia dizer que não tinha perturbado o moreno. Este que, por sua vez, estava estranhando a atitude, já que desde que se entendia por gente Haechan implicava consigo todo santo dia.

Quando por fim fizeram uma pausa para pedir comida, os membros se espalharam pelo chão da grande sala e, bem rapidamente, o maknae do 127 se refugiou entre as pernas do único ali que não acharia estranho tanto contato físico.

"Eu queria muito um café gelado agora" - O Na tentou iniciar um assunto qualquer que não fosse o óbvio

"Não vou chorar de novo, pode perguntar se quiser. Vou guardar o choro pra o futuro que me aguarda, quando ele nem lembrar mais meu nome"

"Mas que dramática" - o de cabelos azuis revirou os olhos e começou um carinho no braço alheio - "Eu não ia perguntar mesmo, eu tenho assuntos mais importantes"

"Mais importante do que eu?" - o acastanhado tentou parecer ofendido

"Sua vida amorosa e você são coisas diferentes, caso você não saiba" - disse e completou baixinho - "se bem que você não sabe mesmo"

"Ya!" - começou exaltado e depois sorriu, se deitando no peito do Na, que ajeitou melhor as costas na parede - "Qual assunto?"

Jaemin mudou a expressão para um sorriso bobo e animado em um segundo.

"Você viu meu brinco novo?" - apontou para a própria orelha

"Meu Deus, nossos brincos novos são lindos!!!"

"Eu hein querida, fala comigo quando tiver tomado coragem pra furar"

"Fala comigo quando tiver coragem blah!" - Donghyuck imitou igual um idiota a fala do outro - "mas ficou muito bom em você, se usar com o cabelo pra cima então, tadinhas das czennies"

Tiveram tempo para uma risada alta antes de se juntarem em volta do jantar que tinha chegado, se acomodando um do lado do outro e tendo Doyoung também próximo. Donghyuck agradeceu por aquilo mentalmente, pensando que seria mais fácil evitar...

"Hyung, posso sentar aí?" - Oh-oh. A voz era de Mark.

"Hm" - o Kim acenou com a cabeça, chegando para o lado e deixando o lugar ao lado de Haechan vago, logo sendo ocupado pelo canadense.

"E aí, não fizeram uma festa do pijama ontem e esqueceram de me chamar, né?"

"Que? Não! Não, claro que não, a gente só foi, eu só fui ham conversar"

Até Jeno, que não estava exatamente do lado do acastanhado o olhou estranho depois daquela resposta nervosa. Por sorte, quem se enfiou foi um Chenle que, à frente destes, ouviu tudo e riu.

"Eles ficaram chorando vendo dorama a noite toda, foi bem ridículo, hyung"

"Ridículo é você, comeu metade do doce que era pra mim" - a resposta ácida do Lee mais novo arrancou algumas risadas

"Eu tava contrabandeando pro Jisung também" - o Zhong tentou se defender, sem sucesso.

"Fala da gente, mas vem pro dormitório só pra jogar a noite toda, não tem casa não?" - A farpa da vez foi de Renjun, que gerou mais e mais discussões sobre os games. Enquanto Dodo tentava acalmar os ânimos dos chineses, que estavam quase gritando, Donghyuck ouviu uma risada baixinha ao seu lado, combinada com uma voz que ele adorava:

"E qual dorama vocês viram?"

"É-é ham foi um que ham" - ali estava ele, tentando segurar sua personalidade que queria gritar 'Foi aquele que o Haechan e o Mark se beijavam, conhece?' - "foi um de comédia romântica"

Viu as sobrancelhas de gaivota se levantarem em divertimento

"O choro era de rir então? Ou ficou triste?"

'Ah, eu fiquei muito triste, tão triste que comi uma barra de chocolate inteira sozinho como se fosse pipoca' foi o que o mais novo pensou, mas ao ver os olhos brilhantes de Mark, não teve coragem de utilizar ironias.

"É que... Um personagem tinha feito muito mal pra pessoa que ela gosta" - falou, olhando atentamente e se perdendo na imensidão escura dos olhos alheios. Mark o encarava de volta

"E?"

"E..." - perdeu totalmente a linha do raciocínio quando os olhos do mais velho foram em direção à seus lábios e, num efeito muito estranho, aquilo fez seu coração bater feito doido

"Aí hyuck me passa esse molho!" - Jeno o tirou do torpor e, quando Haechan fez o pedido, abriu um de seus sorrisos fofos apontando para o canto da boca - "você tá sujo aqui"

Ah, pronto. O acastanhado entendeu então. Mark estava só olhando a sujeira e ele ali tendo pensamentos impuros! (e iludidos)

"Eu vou no banheiro!"

Num ato rápido, levantou-se saiu correndo para fora da sala, repetindo mil vezes o mantra: "sua anta".



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Moral da história: MoRk se sentiu excluído e não tá tendendo nada.

Já tá acabando todo esse cú doce do nosso FullSun e já já ele volta a brilhar. 

Por que não olha pra mim?Onde histórias criam vida. Descubra agora