Capítulo 3 - "Fala Comigo"

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Já faziam quase duas semanas que Donghyuck tinha tido a brilhante ideia de lidar com seus problemas da forma mais madura possível: se afastando de vez de Mark

Respondia qualquer pergunta direcionada a si de forma cortês e rápida, mordia a bochecha e ficava calado em cada pequena oportunidade que antes seria usada para implicar com o canadense e, o pior de tudo, tentava desesperadamente sanar a falta do outro tentando incluir outros membros no seu dia, sabendo muito bem que ninguém poderia ser um substituto.

Em uma porção desses dias ele tinha raiva de Mark, muita raiva, por ser tão perfeitinho e por deixá-lo à beira da loucura de vontade de falar consigo, mas a maioria dos dias essa raiva era voltada para si mesmo, por pensar que todo esse tempo o que ele viu como amizade o moreno devia ter visto como obrigação e incômodo. Nesses dias, seu seu peito doía.

E hoje era um desses dias.

"Por que?" Ecoava na sua cabeça toda hora, seguido imediatamente por um "Preciso parar". Nessa ordem e num eterno loop.

Tinha jurado a si mesmo que ia parar de incomodar Mark, mas esqueceu-se de uma verdade muito doída: até o mais simples de seus toques incomodavam o moreno.

Poderia ter encarado como uma reação normal, mas seu coraçãozinho já estava tão fragilizado que, quando foi pegar na mão do canadense apenas para chamar-lhe, a recusa e o afastamento imediato do outro o fizeram ficar com a sensação de choro entalado imediatamente.

Tá, ok, podia ser só um reflexo instintivo que fez o moreno retirar sua mão dali na hora. Tipo, tudo bem, ele não precisava encostar na pessoa só pra dizer "hey, estão te chamando ali".

Então por que aquilo machucou tanto?

Assim que Mark tirou sua mão dali e o olhou nos olhos, disse o que tinha que dizer e se apressou em sair dali rápido, bem como evitar qualquer contato durante o restante do dia.

À noite, quis chorar escondido, mas não sabia se era merecedor. Já tinha irritado tanto o amigo - ou ex amigo, né - em eventos e na tv agarrando ele, até em casa com a brincadeira de tentar dar beijos o tempo todo, não é à toa que o menino ficou traumatizado consigo.

Sem permissão, as lágrimas vieram.

"Haechan?" - uma voz sonolenta lhe chamou a atenção e ele rapidamente fungou, tentando sem sucesso parar o choro - "Tá acordado? Hey, você tá legal?"

Seu colega de quarto temporário já tinha se sentado na própria cama.

"Tô, só li uma fanfic triste"

Um silêncio curto se fez presente até Yuta dizer:

"Estranho, não vi a luz do seu celular." - Isso era o jeito dele dizer que não ia desistir

"Ah eu desliguei, quero tentar dormir" - respondeu e ouviu um pequeno suspiro

"Você sabe que pode me contar qualquer coisa, né? Não temos idades parecidas igual você com os dreamies, mas eu sou seu amigo"

Haechan sorriu. Para alguém que viveu tanto tempo na Coreia, onde um ano de diferença pode, de fato, fazer muita diferença, era uma grande coisa dar uma abertura assim.

"Eu sei, obrigado hyung. Eu tô bem."

"Eu vou pegar um pouco de água, trago pra você também"

O menor limpou o rosto enquanto estava sozinho no quarto e pegou lenços para assoar o nariz. Nakamoto demorou, mas voltou com a água, a qual agradeceu e tomou de bom grado antes de se desejarem 'boa noite'.




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