Capítulo 10 - "Family"

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Haechan estava num humor no mínimo depressivo. Era um daqueles momentos em que voltava tarde da noite, sozinho, da agenda do Dream. O manager já estava acostumado de seguir o resto do caminho só com o garoto ressonando de cansaço, então apenas dirigia com a rádio baixinha.

O maknae do 127 tinha algumas vezes por ano uma crise de identidade. Apesar do NCT como um todo ser sua família, ele não tinha um vínculo tão grande quanto os outros hyungs entre si, nem participava do dia-a-dia do dormitório dos mais novos. Assim, era comum algumas piadas internas que ele tinha que esperar alguém explicar para si, ou então algum olhar cúmplice que ele percebia, mas não participava da travessura.

Numa aura tristonha, entrou em casa apenas para mais um desses momentos: todos estavam na sala esparramados pelos sofás e pelo tapete. Haviam copos de refrigerante por todos os lados e os membros riam.

Passou por todos dando "oi oi", com um sorriso melancólico, pois conhecia aquele jogo, sabia que era de estratégia e bem demorado. Ou seja, ele não ia poder simplesmente entrar.

Suspirou ajeitando a mochila nos ombros e seguindo para o banho, lembrando que hoje seria a primeira vez que tentavam instaurar a "noite juntos". Uma ideia ótima para tentar manter todos motivados, relaxados e entrosados. Fizeram toda uma votação de horário para que o máximo de pessoas pudesse estar sempre presente.

Mas, claro, Donghyuck não estava dentre o "máximo de pessoas".

O que mais o chateava era que o ensaio do Dream era algo fixo, então ele sempre chegaria assim, no meio da diversão ou até no fim.

Depois de pôr roupas confortáveis e secar mais ou menos o cabelo, se jogou na cama e enfiou a cara no celular, emburrado demais para ir comer alguma coisa. Pensou em pesquisar seu próprio nome na internet, mas nem os blogs das fãs pareciam motivá-lo naquele momento.

Mensagens? Zero interessantes.

Bufou inconsolável numa espiral de pensamentos um tanto dramáticos.

"Haechannie?" - uma voz chamou atrás de si, mas ele apenas resmungou, se encolhendo mais em cima dos lençóis fofinhos, virado para a parede - "Hey, o que foi?"

O tom divertido do primeiro chamado mudou quando o dono da voz deliciosa se aproximou de si

"Oe" - sentiu as mãos firmes tocarem seus ombros suavemente - "Olha pra mim..."

Se virou com a maior cara de pastel para encontrar a expressão preocupada de Mark Lee.

"Aconteceu alguma coisa?"

Sei lá, talvez fosse os lábios entreabertos como se quisessem perguntar algo, ou quem sabe as rugas que apareceram na testa do mais velho. Não, pensando bem, devia ser o brilho nos olhinhos castanhos que derreteram a armadura do coreano.

Minhyung encarou a expressão tristonha do outro e automaticamente suas mãos foram parar nas bochechas da pele bronzeada, fazendo um carinho com os dedos ali.

Sem nenhuma palavra dita pelo menor, apelou para seu tom mais suave e doce, um tom que pode, talvez, provavelmente, ter deixado Haechan sem ar.

"Me conta, por favor. O que foi?"

"Não é nada..." - respondeu, sentindo a pele arder pela proximidade do hyung e a forma como ele o olhava.

Como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

"Como nada?" - um minúsculo sorriso de canto apareceu e Mark desceu uma das mãos para o pescoço do menor, alcançando sua nuca e acariciando ali em círculos, enquanto inconscientemente o outro fechava os olhos

Por que não olha pra mim?Onde histórias criam vida. Descubra agora