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— "E fim"? Tem como ser mais vago, seu pamonha? Você não consegue mesmo encerrar uma história, não é? "E fim" é conclusivo demais para todo o momento dramático construído no final.

Horas depois.

Noite do dia 13 de agosto.

Tudo já havia se acalmado.

Não foi possível dar um enterro digno para Suny, como eu gostaria. Momentos após a fuga daquela ave tagarela, o corpo abatido de minha antiga parceira começou a se desintegrar com um brilho carmesim. Aquilo me lançou a sensação de que ela poderia não ser real, mas, ao mesmo tempo, um turbilhão de sentimentos gritava o contrário de dentro de mim. Era confuso pensar que alguém usou o corpo de um falecido para criar um familiar assassino com objetivos desconhecidos.

Minha mente não conseguia aceitar a verdade que existia nisso.

Foi Ieda quem me deu um empurrãozinho e me tirou do estado de transe em que eu me encontrava.

— Ei, não fique simulando demência, ok? Eu não sei o que está sentindo, 3k1, mas um shikigami não é um humano. Eu... não sei o que dizer, na verdade.

— ......

— Você precisa descansar. Vamos para casa, tudo bem?

Eu simplesmente assenti.

E lá estávamos nós, na ACSI. Agência de Combate Sobrenatural e Inteligência. Lar de Ieda, e de Yuna.

Quando nossa querida Assassina de Youkais chegou e nos informou de que o Mundo dos Shinigamis estava destrancado, meu trauma momentâneo se esvaiu aos poucos, e eu quase surtei em comemoração. Yuna havia vencido, afinal. Não só a shinigami de número um, Maçã do Éden, mas como a aposta contra o Senhor do Olimpo, Zeus.

Era algo para se comemorar.

Contudo, Yuna não estava nas melhores das condições. À primeira vista, ao que ela chegou com Tetsu em seu teletransporte, Vosso Humilde Narrador não havia notado seu cansaço eminente, com seu corpo suando por todo canto como se estivesse no último grau de febre, embora eu soubesse que estava além.

Ieda a colocou para tomar um banho gelado e deu um de seus medicamentos para ela.

Duas horas depois, ela já estava bem melhor.

E eu também.

Nós nos unimos todos na sala para ouvir o relatório da missão de Yuna e acabei descobrindo em detalhes o que aconteceu para que ela sumisse de repente.

Ela estava enrolada em uma toalha cinza, como seu famigerado gorro que permanecia em sua cabeça. Sentada sobre sua mesa, suas pernas brancas estavam cruzadas, de modo que fazia suas coxas parecerem ainda mais fortes. Em sua mão, um sanduiche de fast food que ela pediu via um aplicativo de entregas terceirizadas. Para muitos, aquele projeto de exibicionismo seria a visão do paraíso. Mas não para mim. Eu estava me controlando muito bem diante daquela adorável imagem.

Prova disso, foi eu ter contado a ela o que ocorreu comigo e com Ieda, horas atrás.

E então, ela me acertou com aquela frase. Sobre eu não saber finalizar uma história.

— Não há muito mais o que se contar, Yuna. Nós viemos para cá, o corpo se desintegrou em fagulhas. Não sei mais o que dizer.

— Hmm. O corpo pode se desfazer dessa forma quando foi restaurado por magia. Suny estava morta há um tempo. Se seu corpo foi pego recentemente para ser transformado em um shikigami, é provável que tenham o restaurado com magia, e isso incluí o cérebro, e o que nele continha. Faz sentido se pararmos para pensar que te salvou dos arpões. Embora a alma fosse de um outro alguém ou algo, a mente era de Suny, e ela pode ter lutado pelo controle de seu corpo para lhe salvar. Mas... quem sabe se eu estou certa ou errada?

Esse foi o pequeno panorama que a Assassina de Youkais tinha para passar.

Não era muita coisa. Para ser sincero, não servia de nada para sabermos mais sobre esses shikigamis ou do NIP, que era o maior suspeito sobre tê-los criado, pelo o que Tetsu nos informou.

— Então, o que vamos fazer agora, senpai? Qual é o plano?

— "Qual é o plano"? Hmph, vocês não sabem mesmo como encerrar uma história, não é?

Yuna devorou o último pedaço de seu lanche e amassando o papel que o embrulhava, ela logo o arremessou por cima da cabeça para o cesto de lixo no canto de sua sala e escritório.

Três pontos para a Assassina de Youkais, eu acho.

Ela voltou seus olhos azul-escuros para Ieda, e depois, passando-os por Tetsu, os direcionou para Vosso Humilde Narrador.

— Eu não sei o vocês vão fazer, seus pamonhas. Mas a ACSI não pode ficar fora dos negócios. Seja lá o que esses shikigamis estejam querendo, que eles tentem. Por um preço acessível, vocês sabem onde me encontrar. Afinal, o aluguel não é de graça.

Yuna Nate: Colors EXOnde histórias criam vida. Descubra agora