O soldado, caminhou até o fim do território marcado, sempre olhando para os lados com precaução e com dificuldade devido ao sol. O perigo havia passado, faltava apenas algumas horas até chegar ao forte.
Ao chegar perto de uma pedra grande, escorou para descansar um pouco, mal conseguia respirar, suas narinas sujas de pó impediam que a respiração saísse sem esforço. Um relincho alto atrapalhou seu descanso, seguido pelo barulho de ferraduras batendo no solo, há poucos metros –para seu espanto, surgiu um cavalo branco, que passou em disparada a sua frente e desapareceu entre o rastro de poeira deixado por sua passagem.
A fome não incomodava mais, nem a sede. Seu cansaço sessou, seus passos estavam leves, o vento estava mais calmo e o sol já não ardia tanto.
Avistou entre as montanhas, a armação das barracas, as casas de madeira improvisadas e a bandeira da união erguida em um mastro. Suspirou de alívio ao perceber que já havia chegado.
Subiu a trilha cambaleando e sussurrando para si mesmo:
" Consegui, venci a guerra, venci o deserto, e a praga daquela índia falhou. Meu Deus! Obrigado!"
Chegou acenando com a mão e gritando rouco:
"Mensageiro!"
Haviam soldados montando guardas, outros se exercitavam de um lado para outro, se aprontando para entrar em combate. Porém passou despercebido.
O Mensageiro, ficou gritando sem entender o que estava acontecendo.
– Que Diabos! Mensagem! A guerra acabou, a confederação se rendeu! Vamos pra casa! –gritou o soldado sem parar.
Uma movimentação estranha chamou sua atenção, uma tropa havia chegado ao forte. Gritos foram dados chamando pelo o general, que veio correndo ao encontro da tropa.
O soldado ainda confuso os seguiu para ver do que se tratava.
– Senhor, encontramos ele caído ao lado do cavalo, no cemitério indígena abandonado – disse um dos soldados da tropa ofegante.
Desmontaram do cavalo o corpo sem vida do soldado Mensageiro, que naquele mesmo momento se reconheceu.
– Morto em combate? – perguntou o general.
– Não senhor! Provavelmente morreu de exaustão, achamos isso com ele – respondeu o primeiro sargento da tropa, entregando a carta, comunicando o fim da guerra.
No céu os abutres voavam em círculos, o vento soprava forte, erguendo a poeira seca e avermelhada do chão, o sol raiava indiferente e do alto da montanha, ouviu o relincho do espírito do cavalo branco, que erguia suas patas dianteiras contra o céu.
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Os Abutres Voavam Em Círculos [Conto]
NouvellesEm meio ao deserto, um mensageiro tem a missão de cruza-lo e enfrentar os perigos que ali se encontram para comunicar uma tropa que estavam prestes a entrar em combate que a guerra já havia acabado. Porém será que vai conseguir cumprir sua missão, m...