1911

20 1 2
                                    


   Finalmente o barulho

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

   Finalmente o barulho.

Foram longos minutos dentro de um contínuo e pesado silêncio que se alastrava ao seu redor, tornando sua respiração alta demais. As máquinas não ficavam ligadas à depois das sete e ninguém desconfiou quando entrou no laboratório tarde da noite ao lado de dois ou três colegas. Os seguranças que a viam lhe cumprimentavam, habituados com a figura, e isso não deixou de lhe pesar os ombros.

Talvez tenha sido fácil demais. Eileen estava preparada para abrir caminhos à força, lutando por aquilo que há meses vinha pesquisando, mas todos pareciam abrir as portas para ela antes mesmo que tivesse a oportunidade de chutá-las. Não deveria ser desse jeito. Sua mente gritava essa frase a todo momento e, mesmo assim, seguiu em frente.

Meses se planejando, articulando manobras e descobrindo onde cada peça estava escondida. A sala, as chaves, as escrituras... Meses sem dormir por um bem maior que prometia ser a missão mais complicada de sua vida – agora, a segunda –, e, na mesma noite, encontrava-se em casa, com um grande bolo de manuscritos em mãos e o restante entulhado dentro de sua grande bolsa de couro. Talvez a teoria dele de que lugares óbvios eram mais difíceis de serem encontrados fosse falha.

Apenas essa teoria, no entanto.

A outra, tão admirada pelo mundo, desencadeou nos estudos que mantinha sobre o colo. Seu coração ainda martelava forte, retumbando em seus ouvidos, e os tons de coral de sua sala, geralmente reconfortantes, não faziam mais que dar-lhe o sentimento de exposição, como se a qualquer momento alguém fosse procurá-la. Ninguém a procurou, e isso apenas fazia sua perna balançar cada vez mais forte e as mãos tremerem a ponto de amassarem as bordas dos papéis.

Sempre perguntara-se por que aquela informação não fora passada ao mundo. Tanto da Ciência seria solucionado se tivesse o tato de expor aquelas informações como fez com a Teoria da Relatividade. Era apenas um pulo. Mas ele não o fez porque não precisava de mais notoriedade. Ela sim.

Albert Einstein estaria nos livros de Física durante os anos que sucederiam sua morte, sendo considerado alguém que mudou a forma de ver o mundo, até que outro viesse e o contestasse, o que parecia ser difícil depois de ver como essa teoria fora recebida. Eileen Müller não. Ela seria ignorada, colocada no bolo de outros Físicos medianos, esperando para ser esquecida pela força desse mesmo tempo que parecia ser o melhor amigo de seu colega de profissão.

E isso, ao que parecia, estava prestes a mudar. O desafio de ser pega parecia pequeno demais perto da perspectiva de sucesso. Tudo mudaria. Não seria o nome dele que estaria ligado àquela construção, e sim o dela. Não precisaria dividir o pódio, porque ela seria o pódio. Afinal, os caminhos costumavam ser menos lembrados que a chegada no final. Quem algum dia se lembraria da Teoria da Relatividade quando tivessem a Máquina no Tempo?

Quando ouviu pela primeira vez burburinhos de um grupo pequeno falando sobre isso, seu primeiro ímpeto foi ignorar. Era o correto a se fazer. Não era um assunto novo dentro da área. Cientistas viveram e morreram indagando-se sobre isso sem nunca chegar a uma conclusão. Mas, quando soube de uma pesquisa e projetos sendo feitos, uma semana antes de Einstein lançar sua teoria, as peças encaixaram-se em sua cabeça. Um novo universo se expandiu e foi lindo. Lindo demais para permanecer no escuro.

Todos os Nossos TemposOnde histórias criam vida. Descubra agora