Invadindo e conquistando

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Sarah desceu do carro e foi rumo ao seu escritório no Domo ouvindo sua secretária pessoal revisar a agenda do dia enquanto tentava se focar completamente no trabalho, contudo não era tão simples, agora... Que In e Fluke se foram.

Aqueles dois pets tinham entrado na sua vida em primeiro momento apenas porque desejava uma companhia para sua solidão avassaladora, mas não desejava alguém que tivesse que dar muita atenção e como mantê-los teria momentos de ausência deles, pareceu um ótimo negócio. De início aquela espécie de contrato como dona de 'fachada' parecia perfeito para si. Na verdade, no primeiro ano se mostrou maravilhoso.

Então seus sentimentos mudaram e sua possessividade também. Ela era a herdeira da sua família, a matriarca, estava acostumada a ser obedecida, a liderar, a ganhar todas as suas causas. Tinha se tornado a juíza principal do reino por sua rapidez e assertividade. Julgava com precisão e sem envolvimento emocional.

Em suma ela era perfeita.

Uma profissional perfeita, uma líder perfeita, uma dona perfeita.

Arrogantemente acreditou que seus pets naturalmente se integrariam a sua vida de verdade e eles passariam a ser dona e pets na vida real. Ela os deixava fazer o que queria, quando queria e nunca tinha dito não. Até aquele dia que cansou de brincar de família perfeita e pediu que ambos escolhessem.

Sabia que tinha empurrado, mas também precisava colocar tudo em pratos limpos. Não suportava mais viver naquela corda bamba.

E então aconteceu o que não tinha cogitado, afinal caiu em sua própria ilusão e eles não a amavam, não o suficiente para serem seus de verdade.

Dias depois quando eles voltaram para casa, ela já tinha o contrato rompido pelo chefe deles e as despedidas foram as mais cruas possíveis. O relacionamento perfeito se desintegrou assim como suas expectativas.

Sarah sabia que não era uma pessoa fácil, mas também tinha plena consciência que embora calada e de poucas palavras, merecia mais do que se martirizar por um relacionamento fracassado. Ainda que doesse, ainda que a irritasse tal sofrimento quando soube que eles tinham encontrado outro amo para substituí-la tão rápido.

Quando para eles, ela só tinha sido uma dona qualquer.

A vida era assim afinal, e ela tinha que aceitar a escolha deles.

Era seu dever, e era o justo.

Seu irmão estava tentando animá-la há meses desde então e ela agradecia o gesto, mas a verdade era que sentia em seu âmago a falta de pets para cuidar, para assistir dormir, para se enrodilharem nela nas noites chuvosas.

Ela sentia falta e queria gritar por ser a fraca que sempre perturbava seu irmão por ser. Ele tinha encontrado a felicidade com um anexo que até mesmo ela acabou por se apegar. Tine era um viralatinha preguiçoso, mas fazia seu irmão feliz e por isso só, já valia seu apreço.

Ela precisava superar, sabia que era necessário superar.

— Minha senhora... Minha senhora?

Sarah se deu conta que tinha parado do nada diante da própria porta quando Aliv repetiu o chamamento.

— Estou distraída hoje. Enfim, se for só isso, pode voltar para casa, eu cuido daqui. Preciso do caso de semana que vem revisado até amanhã. A audiência pode acontecer antes do previsto.

— Como quiser, minha senhora.

Aliv se curvou e saiu enquanto ela abria a porta e entrava no escritório que mantinha no palácio real. Deixou sua pasta e bolsa no sofá no meio do cômodo e foi para sua mesa apinhada de documentos milimetricamente organizados.

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