Mudanças

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Sarah viu os primeiros raios da manhã invadir o vão entre as cortinas da ampla janela e sorriu pequeno, abaixando o calhamaço de documentos do próximo julgamento.

Ao lado da sua cama, no imenso almofadão que nunca esteve ali antes, mas que na noite anterior trouxe para seu quarto, estava os cinco príncipes dormindo quase amontoados, como uma mini matilha de filhotes exaustos.

Sorriu outra vez.

In e Fluke tinham o próprio quarto e não gostavam de dormir com ela, já os quíntuplos praticamente entraram no seu quarto como se fossem deles e ela só teve tempo de buscar alguns pijamas do seu irmão, que neles ficou adoravelmente grande, meio que brigar com HueningKai e Yeonjun para escovarem os dentes antes que desmaiassem e pronto, mesmo com três almofadões, eles dormiram tudo juntos no mesmo, como se fosse esse o costume dos cinco.

E talvez fosse.

A perspectiva de descobrir cada ínfimo detalhe deles pelo resto da vida era algo que lhe aquecia e ao mesmo tempo lhe causava certo frenesi até então desconhecido. Ela de fato estava enfeitiçada por aqueles pingos de gente graciosos.

Se levantou, afinal acabou desistindo de dormir e voltou a trabalhar, ainda que na cama, e foi se arrumar, tomando o cuidado de ser mais silenciosa do que o normal. Noite passada sabia que Tine ficou nervoso com toda a confusão e pensou que seria bom vê-lo e saber como ele estava antes de sair para trabalhar. Quando os quíntuplos acordassem, era melhor não tirar os olhos deles só por garantia.

Aparentemente o caos de fato habitava os cinco como uma presença constante.

Tine foi o único pet da casa por muitos meses, ainda que oficialmente ele tenha sido classificado como Anexo, ela sabia melhor. Não era porque ele dormia na cama do seu irmão que ele deixava de ser o gatinho viralatinha mais mimado de toda a OMMP.

Quase rolou os olhos. Yixing, pet do Cai, fazia a mesma coisa e olha só como ele era atualmente?

Isso lhe fez recordar que eles tinham voltado para Sidney para morar de vez e ela devia uma visita ao recluso e antissocial dono. Eles tinham negócios para acertar.

Saiu do seu closet colocando um dos seus brincos mais discretos e sorriu de novo ao ver os quíntuplos mal se moverem do montinho no almofadão. Talvez tivesse que mandar fazer um bem maior. Aquele era grande para dois, mas pequeno para cinco.

Colocou aquilo no topo da sua lista mental e saiu dos seus aposentos indo para os do irmão. Abriu a maçaneta de leve e viu que ela estava aberta.

Ela tinha um acordo com Wat, se a porta estivesse aberta, tanto ela quando ele podia entrar no quarto um do outro. Se estivesse trancada, não era permitido. Como únicos irmãos, isso ajudou muito em várias ocasiões. Desde ele quando pequeno com pesadelos até ela quando queria discutir algo do reino no meio da noite.

O quarto estava a meia luz e só Tine dormia esticado na cama, seu irmão abotocava a camisa dentro do próprio closet com a porta aberta. Ele lhe sorriu assim que ela o viu e ela devolveu o sorriso afável.

Seu irmão era um dos poucos que a via sorrir.

Ela era naturalmente uma pessoa séria e seca na maioria das vezes, mas sua família era diferente. Sempre foi, e agora aumentaria.

— Problema com o julgamento de sexta?

— Não, isso eu já criei uma linha de ação, é sobre seu miau dramático.

E com isso ela se voltou para Tine o olhando adormecido tranquilo e reizinho do próprio espaço.

— Ele agiu adoravelmente ontem à noite, não foi?

QuíntuplosOnde histórias criam vida. Descubra agora