Após o acontecido que eu tanto temia, meus dias ficaram sem cores, me tornei a menina que mais evitava ser, uma que pensa em suicídio, que pensa que não tem mais motivos para continuar viva. Você que passa ou já passou por isso certamente me entende, pois o amor mais importante de nossas vidas te abandona ao descobrir seu verdadeiro lado, minha mãe não tem falado muito comigo depois daquele dia, mal olhava para o meu rosto, parecia que eu fiz algo terrível como assassinar alguém, engravidar cedo ou me envolver com drogas! Com o passar do tempo fui esquecendo de como é o amor materno, sem condições de continuar suportando tamanha dor no coração, comecei a me mutilar com cortes não muito profundos, mordidas nos meus próprios braços, arranhões e até cheguei a me dar socos na cara, a situação não estava nada boa pra mim.
Certo dia em pleno sábado de manhã, ainda na cama lá estava eu adormecida até que fui acordando aos poucos por ouvir uma voz familiar, resolvi espiar pela brecha da porta e lá estava minha melhor amiga, Laura que estava conversando com a minha mãe sobre mim e o fato de eu ser uma menina bissexual.Laura: ...Ela é sua filha, não sei se percebeu mas desde o dia em que a Patrícia te contou a verdade sobre sua opção sexual ficou arrasada, você fez algo que acabou com a vida dela, ela parecia cada dia melhor antes disso acontecer, não é culpa dela preferir mais meninas do que meninos! Reconsidere sua filha, ela precisa da mãe dela agora como nunca, sem seu apoio pode nunca mais ser a mesma.
Mãe: Não é que eu não ame mais a minha filha, pelo contrário, eu amo ela, mas tenho medo do bullying que pode sofrer por gostar de alguém do mesmo sexo... Ela foi tudo que me restou.
Laura: Então diga isso pra ela, não sabe o quanto está sofrendo por pensar que a mãe não dá mais o amor que merece. Patrícia já é uma menina bem crescida e matura para lidar com esse tipo de coisa.
Mãe: Eu não queria magoa-la, mas foi tanta pressão que não sabia o que dizer, não sabia se conseguiria suportar a dor de ver a minha filha sendo humilhada... Eu amo a Patrícia, ela é o meu milagre.
Laura: Quando ela acordar quero que a abrace é diga o quanto à ama com toda a sinceridade do mundo.
Após ouvir toda aquela conversa eu voltei para cama e comecei a chorar baixinho, não sabia se estava feliz ou se estava frustrada pela minha própria existência.
- Porra, Mãe... [Voz de choro]
Meu coração não estava convencido o suficiente pra parar de doer, após o acontecido depois que a Laura foi embora resolvi passear sozinha na rua sem a minha mãe perceber, o motivo é que eu estava precisando de um momento só pra mim refletir, sem me dar conta acabei parando em frente à um cemitério, e adivinha, quem estava lá era a Elisabeth junto à um rapaz que aparentava ser mais velho ao lado dela a consolando, nesse momento eu lembrei do falecido irmão então cheguei a conclusão de que o enterro poderia ser dele.
Pode ser besteira o que vou dizer agora, mas senti um leve ciúmes dos 2, eu sei que é irrelevante mas não tem como evitar. Fiquei parada ali por um tempinho pensando se deveria ou não falar com ela até o momento em que o rapaz vai embora.
- Elisabeth!
- Quem me chama? - a mesma olha para o lado.
- Sou eu, Patrícia.
- Patrícia? O que você está fazendo por aqui?
- Estava tirando um tempo pra mim, só isso.
- Como você está se sentindo? Fiquei preocupada.
- É... Estou neutra, mas e quanto a você?
- Estou... Não sei mais como estou me sentindo.
*Patrícia abraça ela*
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Vida Coerente
Teen FictionConta-se a história de uma garota na fase da adolescência com alguns problemas psicológicos e sociais, mas com superação se livrando a cada vez mais da depressão. Nos dias atuais infelizmente é considerado muito comum jovens e adolescentes sofrerem...