Capítulo 32

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Penúltimo capítuloo

boa leitura 🐍

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{Narrado por Shawn}

Vagar pelo French Quarter pela manhã, enquanto o sol nascia, foi uma experiência interessante, como uma calma surreal após uma tempestade. Tenho certeza de que algumas das pessoas que passaram por mim nem dormiram ainda; alguns ainda pareciam bêbados. 

Depois, você via casais mais velhos passeando lentamente, procurando um lugar para tomar café da manhã, enquanto o som do clarinete de um artista de rua tocava em algum lugar distante. Os caminhões de limpeza estavam trabalhando, tentando lavar os pecados da noite anterior. E os transeuntes madrugadores passavam de bicicleta. A cidade estava acordando e eu ansiava que Camila estivesse aqui comigo, para que pudéssemos passear pelas ruas juntos. 

Para qualquer outra pessoa aqui, era como qualquer outra manhã em Nova Orleans. Mas para mim? Era o começo de um dia que ditaria o resto da minha vida, um dia que inevitavelmente significaria a diferença entre um futuro esperançoso ou um coração partido irreparável. 

Parei em uma cafeteria e pedi dois bolinhos polvilhados e um pouco de café. Por mais deliciosos que fossem, meu estômago estava inquieto, então não consegui comê-los. Eu não conseguia parar de pensar nessa noite. 

Dado que Camila não me procurava há um mês e meio, se eu fosse um homem de apostas, diria que ela não viria. Mas cavalos selvagens ainda não poderiam ter me mantido longe da chance que ela aparecesse. 

 Quanto mais Camila e eu ficávamos separados, mais sentia falta do que tínhamos. Mas ela perdeu certa confiança em mim que eu talvez nunca consiga recuperar. Eu só esperava que o que tivesse que acontecer acontecesse. 

   Eu tinha passado o dia tentando ao máximo passar o tempo antes que o voo que eu tinha reservado para Camila estivesse prestes a chegar. Nada poderia afastar a preocupação em minha mente, no entanto. 

À medida que se aproximava do final da tarde, meus nervos estavam enlouquecendo. 

Por volta das 16h, voltei para o quarto do hotel e fiz o possível para me ocupar: tomei um banho, assisti à HBO, comi sem parar do minibar. Não havia muito mais que eu pudesse fazer. Eu não queria sair do quarto. Eu não podia arriscar que algo acontecesse e atrasasse minha volta quando ela deveria aparecer. 

Desliguei a televisão por volta das 17h45min e comecei a andar. 

Quando o relógio finalmente chegou as dezoito, decidi entrar no site do aeroporto e verificar o status do voo. 

ATERRISOU. 

Meu coração disparou quando olhei para aquela palavra. 

ATERRISOU. 

Era isso; ela estava aqui ou não estava. Não havia como voltar agora. 

Os minutos depois disso se arrastaram. Estimei que levasse pelo menos uma hora para pegar sua bagagem e vir do aeroporto para o hotel. 

Então, quando sete horas chegaram, minha testa começou a suar. Eu estava na janela, como se estar mais perto do mundo exterior fosse fazê-la aparecer magicamente. 

Quando sete e meia bateu, meu coração afundou. 

E a meia hora até as oito foi provavelmente a mais excruciante, porque oito horas era a hora em que internamente decidi desistir de qualquer chance  de ela aparecer. Eu avisei na recepção que a esperasse, instruindo-os a lhe dar uma chave para que ela pudesse subir para o quarto. Eu cogitei a ideia de ligar para o térreo para garantir que não houve confusão, que ela não estava me esperando lá embaixo. Mas quem eu queria enganar? Se ela chegasse aqui e não conseguisse fazer o check-in, alguém teria me ligado. Ela teria me ligado. Então não. Ligar para a recepção não ajudaria nessa situação desesperadora. 

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