Frank Pov
Por mais que eu não demonstrasse, estava a ser difícil ver a Lissandra partir para cumprir o seu objetivo.
«Não te afeiçoes a ela!»
Foi o que os especialistas disseram. Para eles, ela era um objeto de estudo e nem se interessavam com o bem-estar dela. Infelizmente, se lhe acontecesse alguma coisa, podiam muito bem criar outra e melhorar possíveis falhas. Porém, ela é como uma filha que eu nunca tive. Vê-la partir e não poder fazer nada para impedir, dá cabo de mim. Nem ajudar poderei.
E agora?
Arranjei alguém que o fizesse por mim. Ele é um dos agentes infiltrados em Inglaterra e ele irá portegê-la. Ele era a minha última esperança.
Lissandra Pov
O Frankin, juntamente com o Andrew e o Henry, acompanharam-me até ao aeroporto - Raleigh-Durham International Airport. Os dois últimos obtiveram uma autorização especial da Evelyn para me poderem acompanhar.
Sinceramente não sabia como me iria despedir deles.
Por um lado eles estariam sempre comigo, mandei fazer um pequeno pingente com a foto deles e, na tampa, tinha a seguinte frase gravada em japonês: 永遠の兄弟 (irmãos para sempre). Eles eram o meu porto seguro.
E o Frank?
Eu amo-o como a um pai, mas ele sempre me mostrou que eu não passava de uma mera experiência. Facilmente seria substituída por outra se algo não corresse bem. Eu tinha um medo sincero dele. Aprendi a ler as pessoas, mas ele não consigo ler. Isso assusta-me.
"Lissandra, estás a ouvir-me?" perguntou o Frank, tirando-me do meu mundo. "Não te esqueças do que falamos ontem." acenei com a cabeça e dirigi-me até aos meus rapazes.
"Vamos ter tantas saudades tuas!" comentaram em uníssono.
Abracei primeiramente o Henry. Ele era a minha paz numa noite de tempestade.
"Nada de passares dias trancado no teu quarto." disse séria. "Se tudo correr bem, em breve estarei de novo nos teus braços." apertei-o um pouco.
Não posso chorar!
"Promete-me que terás cuidado." sorri, mesmo que ele não o conseguisse ver.
"Prometo. Eu amo-te, Henry!"
"Também te amo, minha princesa." ele riu sabendo que eu não gostava muito daquele apelido.
Eu sou uma guerreira.
Afastei-me com uma certa dificuldade e corri para os braços do Andrew.
O Andrew era o meu riso numa manhã chuvosa. Ele era o palhaço que me fazia rir nos momentos mais inoportunos. Nem sei quantas vezes fui castigada por causa dele, mas tudo valeu a pena.
"Brevemente tentarei comunicar contigo. Vou ajudar-te quer eles queiram ou não." ele sussurrou ao meu ouvido. "Não estou preparado para te perder!"
"Isso é perigoso!" alertei. "Só quero que cuides do teu irmão."
"Tu sabes que eu te amo, não sabes?" sorri.
"Assim como eu também te amo." ele apertou-me mais nos seus braços musculados.
"Lissandra, tu tens de ir." alertou o Frank.
Afastei-me do abraço quente do Andrew e caminhei lentamente até à minha porta de embarque, sem nem olhar para trás. Eu não poderia desistir desta missão. A minha vida depende disso.
[...]
Após 9 horas de voo, finalmente pude respirar o ar britânico.
Se não tivessemos em guerra, até poderia aproveitar a beleza deste país. Infelizmente, não o posso comparar com o meu, porque só saí da organização uma vez. Desarmar uma bomba na Times Square, mas não tive tempo de vibrar com as imensas cores que preenchiam o lugar.
Caminhei lentamente com a minha pequena mala até uma cadeira.
Agora só restava-me esperar pelo RM (nome de código do agente). Ele iria ajudar-me com tudo enquanto aqui tivesse.
Tenho de saber tudo e recolher o máximo de informação possível.
O que farás quando esta guerra acabar?
Serei uma ranger. Não passei anos a treinar para depois desperdiçar essas habilidades num trabalho comum. Deste modo, poderei ter uma vida minimamente normal e fazer o que gosto.
"Hope."
Olhei na sua direção e apreciei o quão belo era. E, aquele sorriso gentil que me transmitia uma sensação de confiança.
"Sim." disse, desviando o olhar dele. "Podemos ir?"
"Claro." ele sorriu. "Vou mostrar-te o teu apartamento para poderes descansar um pouco e amanhã começamos o trabalho."
"Obrigada." sorri, levantando-me da cadeira e pegando as minhas coisas do chão. "Mas, gostaria de discutir alguns promonores ainda hoje."
"Hope são 19:00h aqui."
Cinco horas de diferença.
Nos EUA, ainda, são 14h.
"Vai ser difícil habituar-me." ele riu e começou a caminhar em direção à saída.
Segui-o calada até um majestoso Lamborghini Urus preto. Podemos dizer que isto é uma bela máquina. Agora dou alguma utilidade às horas que passei a ouvir o Andrew a falar sobre carros.
Uma hora depois...
O RM deixou-me no meu apartamento e saiu alegando que tinha alguns relatórios para fazer. Nem me deu hipóteses de contraargumentar.
"Amanhã, quero-te preparada às 9h." foi o que ele disse antes de bater com a porta.
Que homem estranho!
Observei o espaço em volta com calma. Era um espaço pequeno, mas aconchegante.
O que eu faço agora?
Eu queria tanto falar com os meus meninos, mas não posso. A Evelyn proibiu-me de entrar em contacto com quem fosse. Eles estão a controlar tudo o que eu faço.
A única coisa que me resta é tomar um banho relaxante e descansar.
Amanhã tudo irá ser diferente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredo de Estado
Science FictionNuma dimensão em que as duas maiores potências do mundo, os EUA e a Inglaterra, estavam em constantes guerras, o governo americano teve de intervir e criar uma arma invencível. Para isso, uma mulher teve de ser sacrificada para que a sua cria fosse...