Eu ergui os braços e abracei o céu
As estrelas queimaram meu peito
Estava tocando alguma música legal de hip hop no rádio que o Carl havia levado. Nem estava ouvindo mais, perdi a conta de quantos cigarros eu já tinha fumado e a cocaína já tinha acabado, com certeza eu ia vomitar minhas tripas por misturar tanta coisa, mas não estava ligando. Eu precisava disso.
Braços me abraçavam e eu nem sabia mais de quem era, a única coisa que eu sabia era que a Mary ia encher o meu saco se descobrisse. Mary estava agindo estranho há tanto tempo que eu nem lembro como era quando éramos felizes um com o outro. Sendo sincero, não a suporto mais. Parece que voltou das férias completamente transformada.
Lembro que o Carl e uma mina morena passaram em casa para irmos juntos. A mesma morena que me chamou pra festa, gata demais. Qual o nome dela mesmo? Não lembro.
A droga não me acalmava mais, tampouco a bebida. Por algum motivo, minha raiva ainda não tinha passado e isso me deixava bem nervoso.
As luzes do lugar piscavam e eram coloridas, psicodélicas. Abri um sorriso, olhando para o teto. Estava sentado em um sofá, percebi agora. Havia mais pessoas além de mim e de Carl. A mina gata, as amigas dela, Rich, mais alguns caras que eu não fazia a menor ideia de quem eram. Queria que Clary estivesse aqui, ela cuidaria de mim.
Pensando bem, melhor não. Esse não é lugar pra ela.
Clary é inteligente, gata, culta, divertida. Gostava de frequentar outros tipos de lugares e não uma boca de drogados. Deve ser por isso que ela não está falando comigo desde o começo das aulas.
- Artie... – Sussurrou uma voz feminina. Virei o rosto rapidamente, achando ser Clary. Imaginem só minha cara de decepção ao ver a silhueta torneada e cabelos cacheados ao invés dos fios lisos compridos de Clary. Bufei.
- O que é? – Perguntei. Não fazia a menor ideia de que horas eram.
- O primo do Carl conseguiu uma parada boa pra gente, levanta daí. Divido o meu com você. – Ela chegou mais perto. Pude sentir seu cheiro. Um perfume doce misturado com balas de menta e cigarro. Poético, mas longe do que eu queria. O cabelo dela cheirava fumaça, mas, quando tentei focalizá-la melhor, vi seu rosto moreno sorridente. Sorrindo. Pra mim.
Os cabelos cacheados volumosos estavam bagunçados e o batom, borrado. Seus olhos estavam destacados por uma sombra roxa. Ela estava bonita. Talvez eu gastasse um tempo ali antes de descobrir outro mundo.
Se bem que eu já estava descobrindo.
Namoro a Mary desde os nossos treze anos, mas como eu falei antes, quando eu era mais novo, a galera deixou de andar comigo porque eu deixei de ser legal e surrava todo mundo. Ela sabia que eu estava passando por uma fase ruim e me ajudou. Demos um selinho e começamos a namorar. Depois de um ano, percebi que estava apaixonado por minha melhor amiga.
Não terminei e o namoro foi se arrastando, machucando nós dois. Sei bem que ela já deve ter me traído, nós mal saímos juntos ou transamos. Quando nos encontramos, é puramente só para brigar. Já a vi muito abraçada com outros caras na escola, sentada no colo. Sem contar o que os caras me falam.
É o que dizem. Chifre trocado não dói, né?
Clary nunca ia me querer mesmo.
Puxei a mina pra perto de mim e a beijei. Se bem que, analisando agora, acho que foi o beijo mais esquisito que já dei. Era estranho beijar outra menina que não fosse Mary, diferente. Não deixava de ser bom, eu acho. Mas era esquisito.
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Fumos ao Vento
ActionMesmo na correnteza fria do vento, a raiva fervia dentro do meu peito. As risadas estavam longe agora e o peso caía pelas minhas costas, estava sem minha droga. Queria tirar aquela sujeira de mim, deixar o sangue correr. Nunca planejei a merda que a...