Parte 3.

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 Eram nove horas da manhã do sábado, e Nicole ainda não havia chegado. Adam, no início, não se preocupou. A mulher ligou na noite anterior para ele dizendo que estava em cirurgia, mas que logo na manhã seguinte ela estaria em casa para irem a NewPort. Mas agora o homem estava quase desesperado. Eles sairiam dali ao meio-dia, e, como a maioria das mulheres, Nicole demorava horas para se arrumar. Por isso, Adam perambulava sem parar pelo apartamento com o celular na mão. Ele tentava de várias formas ligar para Nicole, mas caia na caixa postal. Adam tentou até ligar para o hospital, mas diziam que a mulher estava em cirurgia e não podia atender.

Cansado, Adam se jogou no sofá, sem se importar se o terno ia amassar ou não.

                                                                                                  ...

– Alguém poderia, por favor, informar-me que horas são? – Nicole perguntou, educadamente, enquanto auxiliava Lewis.

– Dez e meia, doutora. – Kyle, o anestesista, respondeu-a.

Nicole se mexeu desconfortavelmente; ela estava ferrada. Adam a mataria.

– Algum problema, Adams? – questionou Kelly, ainda concentrada na cirurgia.

– Não, nenhum problema. – respondeu Nicole, incerta, voltando a focar na cirurgia.

Horas atrás, no inicio da cirurgia, Nicole Caterine Adams viveu um dos momentos mais marcantes de sua vida. Ela viu, pela primeira vez direto da fonte, um coração. O órgão estava batendo lentamente devido ao problema do paciente, e, com isso, Nic pôde segurá-lo. A garota chorou, deve-se dizer, e ficou tão feliz ao ponto de Kelly e todos os outros profissionais presentes lá terem percebido por trás da máscara da médica.

Naquele momento, Nicole pôde de fato ver que estava seguindo a carreira certa e tinha convicção que se tornaria uma cirurgiã cardíaca.

                                                                                                ...

 Às treze e quinze da tarde, Nicole saiu do centro cirúrgico às pressas. Ela nem se trocou, apenas deu tempo de se lavar e ouvir os elogios vindo de Kelly assim que saíram da sala de cirurgia. A menina estava feliz e desesperada. Daqueles sentimentos que estava sentindo na manhã anterior, todos ainda permaneciam. E até surgiu um novo: força.

Ao longo do caminho até sua casa, Nicole tentava ligar para Adam, que não atendia o telefone. A mulher resolveu deixar de lado e deitou-se no banco do táxi. Naquele momento, ela pôde perceber o quão estava cansada.

Após meia hora – o trânsito em Los Angeles estava caótico –, Nicole chegou em seu apartamento. Antes de abrir a porta, ela suspirou. Sabia o que dizer ao marido, mas estava com medo da reação dele. Mas é trabalho, ele vai entender.

A loira entrou em casa, batendo a porta atrás de si bem devagarinho. A sua frente, ela reparou com a cena que presenciava sempre que chegava em casa: Adam deitado no sofá, dormindo. Mas a pequena diferença dessa vez era que ele não estava de pijama, como de costume, mas sim com um belo terno preto novo que comprara no dia anterior.

Nicole balançou a cabeça. Ela havia estragado tudo.

A mulher resolveu tomar um banho para se livrar do cheiro de hospital que tanto gostava.

– Aonde vai? – ela estava abrindo a porta do banheiro quando escutou a voz do marido.

Nicole virou-se para encará-lo. O cabelo de Adam estava todo bagunçado, causando uma nostalgia em Nicole.

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