Ato 2

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Rafaella suspirou olhando para a mesa de café, o prato intocado na sua frente, assim como o chá que esfriava.

- O que foi minha filha? – A rainha mãe estendeu a mão sobre a mesa para alcançar a da filha. – Preocupada com a Bianca?

- Um pouco, brigamos ontem. – Murmurou olhando pelos jardins do palácio.

Os campos verdes e bem cuidados, algumas árvores aqui e ali. Os bancos de pedra branca e polida, quase brilhante de tão bem escovada, algumas árvores aqui e ali enfeitavam juntos com os arbustos de flores variadas. O grande astro era o labirinto de cerca-viva muito verde e bem aparada, o labirinto ligava as alas do castelo sendo este jardim interno. No meio do labirinto havia uma fonte ornamentada por flores entalhadas na pedra.

- Imaginei. – Genilda tomou um gole de chá. – Ela veio me avisar sobre a nova missão e achou melhor não esperar por você.

- É. – Ergueu o rosto indiferente. – Foi melhor assim.

- Claro, querida. – Deu um sorriso contido. – Como se toda vez que Bianca sai pelo mundo para salvar uma princesa em perigo você não ficasse ansiosa, sem fome, dormindo mal e mal se concentrando nas coisas do reino.

- Mamãe. – Murmurou sem jeito. – Ontem Bianca confessou ter se apaixonado por mim.

Genilda respirou fundo, tomou mais um gole de chá. Rafaella não levantou o rosto para mãe tinha medo que seus olhos pudessem demonstrar toda a confusão que sentia.

- Entendo. – A rainha mãe limpou os lábios com o lenço de seda. – E você sente o mesmo?

- Eu tenho um dever com a minha coroa e o meu reino. – Murmurou fechando os olhos soltando um suspiro cansado.

- Sim, mas você também um dever para com o seu coração. – Sua voz atraiu a atenção da filha que a olhou entre surpresa e assustada. – E se você estiver em paz com o seu coração, o seu povo estará em paz com a sua rainha, e se assim for, com as suas rainhas.

O homem alto de pele morena, cabelos curtos e bem penteados, desenhava com habilidade um vestido pequeno de mais para a rainha.

- Sr. Elegante. – Rafaella entrou acompanhada por duas moças. – Como está o dia?

Elegante se levantou com um sorriso ofuscante. Tomou as mãos da rainha e as beijou ternamente.

- Minha rainha. – Elegante fez uma reverencia acentuada. – Imagino que a senhora veio para os últimos retoques?

- Também. – O olhar de Rafaella passeou pelo ateliê caindo no desenho que Elegante tinha se ocupado a pouco. – Nosso combinado como esta?

- Já está pronto. – Elegante sorriu com orgulho. – E devo dizer que a senhora ficara muito satisfeita.

- Bom. – Mordeu o lábio ainda olhando o desenho, virou o rosto para as duas moças e seu tom de voz ficou imediatamente fria. – Já podem ir.

As duas moças se curvaram e saíram de cabeça baixa. Elegante ainda segurava as mãos de Rafaella e a puxou para o banco próximo a janela a afastando de sua área trabalho.

- Me diga, está muito ansiosa? – O homem perguntou mudando seu tom para amoroso e paternal.

- Muito. – Suspirou olhando para fora da janela.

A semana se passara rapidamente, teriam um final de semana de comemorações pelo aniversario da rainha. O palácio estava numa agitação com o baile de mascaras que Genilda estava oferecendo em homenagem a filha.

As bandeirinhas já estavam penduradas pelas ruas, as crianças riam e corriam pelas ruas de pedra, barraquinhas eram montadas. Os alimentos e bebidas já eram preparadas para a noite e os dois dias de festas que se seguiriam.

Tormenta - Adaptação RaBiaOnde histórias criam vida. Descubra agora