Ano de 39 - Maylor

O começo do fim

John passou o dia com Roger, cuidou dele e fez de tudo pra que se sentisse feliz o suficiente, pelo menos por aquele dia. Quando foi na hora de ir, o loiro pediu que dormisse ali com ele. No início enfrentou um John receoso, negou várias vezes até que finalmente cedeu as vontades do mais velho.

- Você gosta de comida vegetariana? - Taylor questionou indo pra cozinha.

- Gosto, na verdade, acho que nunca comi.

Roger fez dois pratos, os seus favoritos: Batata Rösti e Risoto de Cogumelo Paris, serviu com um sorriso contido no rosto e se sentou ao lado dele.

- São os meus favoritos, espero que goste.

John sorriu, achou adorável o jeito que Roger comia, trocaram sorrisos e olhares, algumas piadas boas e um silêncio confortável. O ruivo colocou sua mão sobre a dele, fez um leve carinho com o dedão; tinha algo em seu peito gritando pra sair, Roger sorriu sem mostrar os dentes e se levantou pra levar os pratos pra pia, John pegou os copos e o seguiu, os arriou no mármore e abraçou o loirinho por trás.

- Roger... - Roçou seus lábios na pele exposta causando um arrepio em ambos. - Eu preciso te falar algo.

- Quer que eu vire de frente? Podemos sentar no sofá se quiser.

- Pode continuar, prefiro ficar assim com você.

- Então pode falar que eu to te escutando, Deaky...

Alguns dias depois....

- Você entende, Roger?

O loiro olhava pro nada, seu rosto não apresentava brilho algum, nem as lágrimas ousavam sair de seus olhos. John apertou sua mão e ele a removeu com força e raiva.

- Roger... você entendeu o que eu disse? - Lucy perguntou de novo.

- Toda vez que eu to com você, alguma merda acontece com o Brian. Vocês tem algum envolvimento? Sei lá, o universo, uma divindade cósmica mandou você pra destruir minha vida, John Deacon?

- Roggie, eu não-

- NÃO ME CHAMA ASSIM! - Levantou jogando a cadeira. - Você sempre vem pra cima de mim quando estou vulnerável e eu idiota me entrego...E agora - Suas lágrimas começaram a cair ao perceber que teria que falar aquilo em voz alta. - O Brian morreu, eu estou SOZINHO, perdi quem mais eu amava e enquanto isso tava transando com você!

- TAYLOR PARA! - John gritou, ele nunca gritava. Seus olhos vermelhos assim como a pontinha do nariz de tanto chorar. - Eu não tenho culpa se vim parar nesse planeta, com um Roger tão babaca e hipócrita! você dizia que amava o Brian mas na primeira oportunidade de trair ele o fez!

Lucy via aquilo assustada, assistiu Roger virar rindo e pedindo pro ruivo repetir o que ele tinha dito, e John fez, repetiu palavra por palavra. E por mais que ela pedisse temerosa pra que o mais velho se acalmasse e pensasse bem no que estava preste a fazer, não foi ouvida. Roger partiu pra cima de John, seus punhos cerrados indo de encontro com o rosto angelical do mais novo que tratou de se defender também o socando.

- Você atrapalhou minha vida!

- Eu tentei te ajudar, seu ingrato!

- John, para! - Lucy chorava desesperada ao notar que o Deaky começava a ficar muito mais agressivo que Taylor.

- Eu me apaixonei por você, mesmo sabendo que não era meu marido! Eu me entreguei, tentei te conquistar e VOCÊ abriu espaço pra mim! - Rosnou segurando o colarinho o puxando pra mais perto. - Você disse que gostava de mim, me usou e me mandou embora e no dia seguinte me chamou de volta! Você acabou com sua vida, seu hipócrita de merda! Babaca! Idiota! Eu te odeio Roger Taylor!

A cada xingamento Deacon soltava um soco, e mesmo que ambos estivessem sendo consumidos pela raiva momentânea, estavam destruídos, principalmente Taylor. O ruivo o soltou caindo em outro choro e saindo de cima dele, Roger limpou o sangue que escorria de sua boca e nariz, a dor consumindo seu rosto, levantou e pegou o pendrive da mão de Lucy.  Iria assistir a despedida de Brian em casa, era melhor assim...

- John? - Lucy sussurrou com calma. - Deixa eu ver seu rosto, querido.

- Eu acabei com qualquer chance, né? - Seu olhos inundavam a cada piscada, do seu nariz escorria um pequeno filete de sangue que a médica limpou com delicadeza de sempre.

- Muito cedo pra concluir algo, querido. Mas acho que ele gosta de você, no fundo gosta, só não foi o melhor momento pra vocês se envolverem. - Ela sorriu ajeitando os cachinhos e o segurando pelo queixo para que mantivessem contato visual. - Acho que você deveria ter o conquistado pelo que és e não porque ele tava vulnerável, sozinho e carente... não foi certo o que fizeste mas já que a carruagem ta andando; dê um tempo pra ele e depois pergunte como ele tá, ta bom?

- Certo, obrigado Lulu...

- Vá pra casa, meu amor. Descansa. - sorriu passando a mão no rosto dele.

Na casa de Roger...

"Eu gostaria de ouvir sua voz uma última vez, de admirar o universo dos teus olhos e de sentir teu calor mais uma vez. Gostaria de dizer... adeus, Roger Taylor. Eu te amo mil milhões..."

- Brian, me desculpa por favor, me desculpa. - Caiu de joelhos no chão, as mãos com os nós dos dedos vermelhas cobriam seus olhos que escorriam como uma cachoeira. - Eu te amo tanto, tanto... não quero viver sem você, me recuso a viver sem você Brian! Volta pra mim meu amor, por tudo que é mais sagrado nesse universo... volta pra mim Brian May...