05. UMA NOITE DESCONFORTÁVEL

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Estava repousando em meu quarto quando escutei o barulho da porta se abrindo e para minha surpresa era a pessoa que eu menos queria ver naquele momento, Thomas

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Estava repousando em meu quarto quando escutei o barulho da porta se abrindo e para minha surpresa era a pessoa que eu menos queria ver naquele momento, Thomas.

━ Thomas, o que faz aqui? ━ suspirei um pouco dolorida.

━ Vim ver como está Anastácia, salvou a vida do meu filho hoje, eu devo a minha vida a você. ━ ele encostou a porta e aproximou-se de mim em passos lentos ━ Me desculpa por ter sido tão rude com você, eu não estou nada bem e você sabe disso, me conhece melhor qualquer um nessa casa.

━ Thomas Shelby se desculpando? ━ dei uma risadinha para descontrair ━ Está tudo bem Tommy, eu sei e entendo você. E sabe que comigo não precisa fingir porque eu lhe conheço realmente, eu não queria te ver, mas acho que já passou.

━ É, nem todos sentem prazer ao me ver, é claro, a não ser as outras mulheres. ━ brincou sentando-se ao meu lado ━ Não me contou sobre o nosso filho, Ana.

━ Você também não me contou sobre seu casamento, estamos quites. ━ me expressei com um sorriso sarcástico, na tentativa de me esquivar do assunto.

━ Mas são coisas diferentes, e você sabe disso. Eu não lhe convidei porque tinha consciência do erro que cometi quando não lhe procurei depois da guerra, e então apenas deixei as coisas como estavam. ━ senti seu respirar ofegante, como se estivesse nervoso ━ Eu estava perturbado, ouvia coisas e sonhava coisas, me envolvi com mais sangue e inimigos, eu não queria trazer nada disso pra sua vida, as minhas loucuras, você não merecia esse homem que eu sou hoje, você merecia mais.

━ E nem eu queria, naquela época. ━ segurei em sua mão destra. ━ Agora eu estou aqui Tommy, estou aqui por você, pelo Charlie, por essa família. Eu amo todos vocês, cada um se tornou uma parte importante da minha vida e eu quero retribuir isso.

━ Eu só não quero que confunda as coisas, eu não tenho interesse em tentar alguma coisa a mais, ter uma amizade com você seria o suficiente, até porque vamos morar sob o mesmo teto. Aliás teremos que nos mudar depois do que houve.

━ E você acha realmente que eu ia querer? Thomas não sou mais aquela adolescente de antes, vamos ser amigos e está tudo bem. ━ dei um sorriso forçado, precisava ao menos tentar "quebrar o gelo" ━ Seremos uma ótima dupla!

Ele apenas assentiu e soltou um levíssimo sorriso em seus lábios. Logo Thomas se retirou do quarto me deixando sozinha, enfim.

Algumas semanas depois

Dias se passaram desde o incidente na mansão de Thomas. Finalmente tínhamos nos mudado e agora estávamos mais perto da casa de apostas, onde o controle de Thomas sobre as coisas poderia ser maior. Já era noite, os gângsters tramavam uma emboscada para pegar Changretta, amanhã seria o dia do acerto de contas. Eles estavam na sala de estar enquanto eu, como uma boa babá, colocava Charlie para dormir. Não podia negar, o garoto era um tanto mimado e insistia para ficar acordado, mas o pirralho tinha um cronograma e eu deveria segui-lo a risca.

━ Vamos Charlie, feche os olhinhos e durma, está na sua hora. ━ fiz um pouco de cócegas em sua barriga.

━ Mas titia, eu não quero dormir, já sou grande, posso ficar acordado. ━ birrou ━ E também sinto falta da mamãe, quero que ela durma comigo.

━ Nada disso mocinho, se você dormir agora, prometo que amanhã andaremos no cavalo preferido do seu papai, combinado? ━ tentei chantageá-lo, realmente não me dava muito bem com crianças, ainda mais aquele que perdeu sua mãe ━ Vai ficar tudo bem, pequeno. Feche os olhinhos e sonhe, ela estará lá.

━ Está bem então titia, irei sonhar. Mas vamos andar de cavalo amanhã. ━ ele sorriu e fechou seus olhos.

━ Ótimo, é assim que se faz. ━ lhe entreguei um beijo doce na testa ━ Boa noite, Charlie.

Finalmente pude respirar sem responsabilidades. Apaguei a luz do quarto e sai, deixando a porta entreaberta. Me estiquei no corredor e logo desci as escadas, indo por fim, até a sala onde Thomas estava reunido com John, Aberama, Ada, Finn e Polly.

━ Ele dormiu, Ana? ━ Thomas perguntou.

━ Sim, dormiu. ━ sentei-me no sofá, colocando meus pés para cima ━ Nos últimos dias ele não para de falar sobre Grace, está sentindo muito a falta da mãe. Você deveria falar com ele Thomas.

━ Todos nós sentimos. ━ Polly tentou amenizar o clima, já Thomas apenas virou a cara sem palavras para responder.

━ Pois bem, amanhã iremos pegar o Changretta, temos tudo nas mãos, não podemos falhar. Como combinado, somente quem está nessa sala e a Linda sabem que o Arthur não morreu, usaremos isso a nosso favor para pegarmos aquele italiano miserável. ━ ele foi explicando o plano ━ Podem ir, nos encontramos amanhã.

Eles então foram para a casa de Ada, claro que a pedido de Thomas, o de olhos azuis insistia na ideia de que precisava ficar um pouco sozinho, talvez até um pouco longe dos negócios da família. Não tinha como não me preocupar. Tommy se afundava cada vez mais, sem nem ao menos perceber, e talvez, a maior parte da preocupação envolvia o pequeno Charlie, pai e filho precisavam se relacionar, era o certo.

━ Thomas, quer conversar? ━ retirei meus pés do sofá e cruzei minhas mãos na destra dele.

━ Está tudo bem, Ana. ━ retrucou acendendo um de seus cigarros ━ A Lizzie passará essa noite comigo, não entre no quarto para arrumar seja lá o que for. Sei que gosta de arrumar as coisas durante a madrugada. ━ deu uma tragada em seu cigarro, segurando a fumaça por poucos segundos e logo a soltou ━ Não se preocupe comigo.

Desde que conheci Lizzie nunca me dei bem com a moça. Apesar de não ser uma má pessoa para Thomas e o ajudar, - por esse lado eu ficava feliz, ela estava fazendo bem a ele - mas era impossível ter uma convivência normal com alguém tão arrogante. Não entendia. Talvez fosse pelo fato de termos tido uma história no passado. Ela conseguia ser insuportável quando se tratava de mim.

━ Milagre dormir em casa. ━ soltei um sorrisinho sem graça ━ Se precisar de mim estarei no quarto de Charlie, acho melhor eu dormir com ele essa noite.

Me levantei soltando a mão do homem e me direcionei as escadas, subi cada uma delas querendo voltar lá e entregar um beijo nele, por mais patético que fosse. Meu desejo era que ele entendesse e soubesse que estou aqui por ele, da forma que ele quisesse. Mas as coisas do coração não são fáceis e nunca será como queremos. Então, prossegui até chegar no quarto de Charlie, deitei-me ao lado do pequeno e o abracei com força. Minha atenção estaria totalmente nele se não fossem os barulhos desgostosos que fui obrigada a ouvir madrugada a dentro, maldita Lizzie.

✓ ESPELHOS QUEBRADOS | Thomas Shelby (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora