07. CRUEL

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Assim que pisei na porta da casa, Charlie soltou minha mão e correu para o abraço de seu pai

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Assim que pisei na porta da casa, Charlie soltou minha mão e correu para o abraço de seu pai. Deixei um sorriso formado nos lábios quando percebi que estavam todos de volta, finalmente o pesadelo tinha acabado, ou pelo menos aparentemente. Precisávamos comemorar.

━ Arthur, John, vocês estão bem! ━ fui me aproximando rapidamente ━ Nem posso acreditar que isso tudo acabou, finalmente. ━ acariciei o rosto de ambos e os envolvi em meus braços.

━ Ei, mas eu também fui. ━ Finn resmungou ━ Não mereço abraços?

━ Ah, meu pirralho preferido. ━ larguei um beijo na bochecha do mais novo ━ É bom que esteja de volta também, todos vocês. ━ voltei meus olhos para Tommy e obtive retorno, então andei até ele e acariciei seu rosto, assim como havia feito com os outros ━ Fiquei com medo que não voltasse Thomas, ah... ━ suspirei enquanto me sentava ao seu lado e fechava os olhos ━ Como eu tive medo.

Ele entregou um beijo na palma de minha mão e colocou sua mão por cima da minha.

━ O que importa é que agora eu voltei Ana. ━ ele sorriu de canto sem mostrar os dentes, aparentemente preocupado.

━ Thomas! ━ ouvi a voz que parecia surgir das escadas, e assim que me virei, era Lizzie ━ Que bom que está bem. ━ a prostituta o abraçou, retirando completamente minha mão do rosto dele, revirei os olhos.

━ Está tudo bem Lizzie, calma. ━ Thomas respondeu ━ Não há necessidade para isto.

━ Não tem nada para contar a família, meu amor?

Quando ela o chamou de amor a vontade que eu tinha era de avançar nela, uma atitude totalmente imatura, eu sei. Fiquei realmente cogitando a possibilidade do que ela me disse mais cedo ter sido mentira mas depois da fala dela senti que minhas esperanças contrárias caíram por água abaixo naquele momento.

━ Lizzie, agora não. ━ sussurrou ele, um pouco desajeitado.

━ Então eu conto! Eu e Thomas vamos ter um bebê. ━ Lizzie sorriu descaradamente na tentativa de me irritar ━ Não é maravilhoso? ━ a morena olhou para mim enquanto arqueava a sobrancelha.

Um sorriso apareceu nos lábios de cada um que estava presente naquela sala, tentei forçar o maximo que podia, e por mais que fosse difícil, era o momento deles, precisava ao menos fingir que estava feliz. Todos começaram a parabenizar a Lizzie e a Thomas e meu único impulso foi deixar a sala sem nem ao menos dizer uma palavra. Peguei o casaco preto que estava em uma das cadeiras da mesa de jantar e sai pela porta da frente, pisando firme e com meu queixo levantado. Precisava sair dali. Claro, fiz tudo com discrição, não queria atrapalhar, apenas me retirar dali. De fato, tudo que estava acontecendo contrariava as palavras de Thomas a respeito de Grace ou qualquer outra coisa que tinha dito, era o que mais me deixava furiosa. Mentiras.

━ Anastácia, espera. ━ Thomas esbravejou e eu é claro, ignorei.

Assim que sai da casa senti a presença de alguém vindo bem atrás de mim e quando fui perceber, era Tommy. Ele segurou em meu braço, puxando-me para perto dele e logo me soltou.

━ Espere Ana, você está chateada? Merda, eu sabia que quando tivemos aquela conversa não estava sendo sincera. ━ o mafioso desviou o olhar nervoso para o lado ━ Eu nem sabia, tá bom? Eu nem podia imaginar, Lizzie me contou isso hoje de manhã e eu...

━ Preferiu sair sem dizer nada, típico de Thomas Shelby. ━ completei, estava com raiva.

━ Não me venha com essa agora, você sabia Anastácia, você sabia que não podia existir nada entre nós dois, não tem o direito de ficar com raiva de mim agora. ━ ele foi engrossando a voz, mas ainda assim, não fitava seus olhos em meu rosto.

Eu sabia que no fundo, ele não estava errado. Sentimentos confusos acabam voltando-se contra nós mesmos um dia, e ali, pude sentir o amargo do amor não correspondido mais uma vez. Mas o que podia ser feito? Acreditar que o amor um dia me faria feliz, era a última gota de esperança em um quarto vazio e escuro que tinha se tornado minha vida depois que meu noivo falecera.

━ Me diga Thomas, me diga que não me ama, que não sente nada por mim, me diga agora. ━ o empurrei e ele manteve o silêncio ━ Fala Thomas, você não é um maldito Peaky Blinder, o rei de Birmingham? Não tem coragem de assumir seus próprios sentimentos? ━ comecei uma série de tapas em seu ombro enquanto ainda chorava de forma exagerada ━ Eu te odeio, Thomas Shelby!

━ Já chega! ━ gritou enquanto tentava conter meus tapas ━ Eu avisei, Ana! ━ por fim, apontou o dedo em direção ao meu rosto.

━ O que está acontecendo aqui? ━ Polly surgiu na porta da casa.

━ Polly entra, está tudo bem. ━ Thomas ordenou.

━ Não, não está, e quer saber, eu não posso passar mais nenhum segundo da minha vida dentro dessa casa, perto de você. Estava errada ao pensar que você mudaria.

━ Eu mudei, mas não foi por você e muito menos para melhor.

Dei de ombros e entrei novamente na casa, subi as escadas as pressas e me tranquei em meu quarto. Comecei a arrumar minhas malas, separei tudo. Assim que terminei parei um pouco para respirar e refletir sobre o que havia acabado de acontecer, eu gostava de ficar ali não só pelo Thomas mas também por Charlie, não queria magoar o pequeno que já sentia falta da mãe. Decidi, por conta de Charlie, dar um tempo a mim mesma a fim de tomar a decisão certa pra todos, principalmente pra mim mesma.

✓ ESPELHOS QUEBRADOS | Thomas Shelby (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora