24. REVÓLVER

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Havia pedido para Thomas que deixasse aquela vingança louca para trás, e acho que por um momento ele me ouviu, era a vida de John que tinha sido tirada, de seu irmão, nada mais justo que tirar o foco dessa vingança absurda e preocupar-se em levar o corpo do mais novo de volta aonde pertencia. Nós todos, finalmente voltamos a Birmingham, carregando o corpo de John conosco, eu fiquei responsável por trazer a notícia até Esme, e é claro, sua reação eu já esperava. Ela me culpou e eu não a julguei por isso, ela tinha razão, ela estava certa, eu não matei John com minhas mãos mas eu era o motivo.

Polly e toda família não tinha reação para a situação, foi uma morte inesperada e naquele momento, o momento em que vi o corpo de John em cima daquela maca, gélido, pálido, sem vida, foi ali que tudo começou a mudar dentro de mim.

Aquele sentimento bom, de amor e esperança que existia dentro de mim estava sendo deixado junto a ele, junto ao corpo dele. A culpa me dominou e o ódio começou a moldar a posição que eu tomaria dali em diante.

Estávamos somente eu e John naquele necrotério, sombrio, até chegar Thomas e Arthur, um ao lado do outro e pude ouvir, mesmo Arthur resistente por um tempo, suas vozes roucas soarem as palavras: — No meio do inverno sombrio. — Thomas olhou-me friamente como quem pedisse para sair dali e eu apenas abaixei a cabeça, pegando nas mãos frias de John, no final, deixei escorrer uma lágrima e a beijei.

Respirei fundo e em seguida fui caminhando até a porta de saída do lugar mas fui interrompida com a entrada de Esme, furiosa, com seus olhos inchados e vermelhos, repletos de dor. Ela me encarou e eu apenas abaixei minha cabeça.

— Espero que esteja satisfeita. — Esme afirmou.

Eu não tinha o que dizer, as palavras sumiram de minha boca e então retornei a caminhada até a porta.

Deixei o lugar e junto havia deixado meu coração também, a morte de John foi a minha morte, e eu não iria deixar passar. O momento de luto iria passar e lembra daquela vingança absurda? Ela iria se concretizar, de um jeito ou de outro, pelas mãos de Thomas ou pelas minhas, Mosley iria ser enterrado.

— Ana. — A voz ecoou pela rua e eu não consegui segurar as lágrimas. — Minha filha.

— Polly. — Fui correndo para os braços dela sem antes mesmo de terminar a fala. — Eu matei o John, Polly, eu tirei a vida dele, isso foi culpa minha.

— Não, não foi. — Polly segurou forte em meu rosto, com seus olhos marejados. — Foi uma escolha dele, ele escolheu ir, ele escolheu dar a vida dele para te proteger, não foi culpa sua.

— Foi sim, eu tirei o John de sua esposa e dos seus filhos, eu nunca vou me perdoar Polly, nunca. — Afirmei em prantos.

Polly não respondeu, apenas segurou minha cabeça contra seu ombro. Estava sendo difícil para todos, foi uma coisa de repente, ninguém esperava.

Logo caminhamos de volta para a mansão de Thomas, assim que Polly me deixou sozinha, fui sorrateiramente até o quarto de Thomas logo trancando a porta, fui até seu guarda-roupas e peguei a maleta preta escondida no fundo, eu tinha certeza que ali ele guardava uma de suas armas, e eu estava certa.

Assim que abri a maleta encontrei um revólver prata, olhei fitando o objeto, era perfeito para o que eu precisava fazer, eu vingaria John. Eu estava tomada de raiva, não estava pensando direito nas consequências e nem queria, eu iria dar minha vida por isso se necessário.

Segurei firme o revólver e em seguida apontei para o grande espelho que estava em minha frente. — Você consegue, Ana. — Sussurrou a voz em minha cabeça. — Você pode, Ana. — Nada me impediria.

— Ana, abre essa porta! — Lizzie gritou. — Vamos.

— Já vou. — Fechei rapidamente o guarda-roupas escondendo a arma por dentro de meu sutiã. — Estou indo.

Assim que a abri, Lizzie entrou como um furacão no local, analisou todos os cantos com a intenção de descobrir o que eu estava tramando. Sem sucesso, para minha sorte.

— O que estava fazendo aqui? — Questionou a moça.

— Não interessa.

— Responda logo a pergunta, sem enrolar. — Lizzie disse com firmeza.

— Eu já respondi, não te interessa. — Firmei os olhos e arqueei a sobrancelha. — Não estou em um bom dia querida Lizzie, não brinca comigo.

— Se não irá fazer o que? Me matar como fez com o John?

Olhei de um lado para o outro e sem pensar duas vezes saquei a arma que escondia no sutiã, a apontei em direção a ex prostituta fixando um olhar assustador na mesma.

— Eu te mato, e sem remorso, eu enfio uma bala dessas na sua cabeça sem pensar duas vezes, sua maldita.

— O que está acontecendo aqui? — Thomas chegou batendo a porta. — Que merda é essa daqui? Abaixa a arma Anastácia.

— Está vendo Tommy, quem você trás para dentro da nossa casa.

— Minha casa, Lizzie faz o favor de descer e pegar a Ruby, ela está do lado de fora.

— Vai lá, patroa. — Zombei e logo abaixei a arma.

✓ ESPELHOS QUEBRADOS | Thomas Shelby (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora