A Escolha (Conto)

QUATRO

Os dias até a apresentação foram puxados para Svetlana. Ela dava aulas para duas turmas e ainda tinha que praticar seu papel de Dorothy pro musical. Graças a Deus que estava conseguindo fazer todos os passos e pegar bem a coreografia e ritmo.

— Você está sendo ótima, e as meninas também estão muito entrosadas. Creio que este espetáculo dará certo! — elogia Violetta, após mais uma manhã de ensaio.

— Só de imaginar que faltam três dias para a estréia, me sinto nervosa. — ela respira fundo e bebe sua água, para se acalmar e se refrescar.

— Relaxe, está indo muito bem. Este ano a Um Novo Ritmo irá arrasar na Broadway! — diz, saindo em seguida da sala.

Antes de sair e ir se preparar para sua outra turma, Svetlana tem uma surpresa. Margareth a procura, e surpreendentemente ela usava collant, meia calça, sapatilha e tutu.

— Svetlana, você tem trabalhado demais. Pode tirar o resto do dia de folga para descansar ou se quiser, praticar. Eu a substituo hoje na sua turma. — sugere, sorrindo amigavelmente.

— Sério, Margareth? Olha, não precisa, e...

— Descanse, quero você bem entrosada e calma até o dia do espetáculo. Eu a substituirei hoje.

— Obrigada. — sorri, aliviada.

Depois de ter tomado um banho no vestiário e trocado de roupa, tudo o que ela queria era descansar. Porém quando chegou perto da saída, encontrou Bruce por lá.

— Oi! — ele sorri e a cumprimenta num rápido abraço. — Está indo embora?

— Margareth me substituirá hoje e me deu o resto do dia de folga, vou para casa. Tenho treinado muito para o musical. — responde num sorriso cansado.

— O que acha de relaxar tomando um café? Depois te deixo na sua casa, não vou tomar muito seu tempo.

Como queria conhecer um pouco mais sobre Bruce, resolve ceder ao convite. Ele a leva para a mesma cafeteria onde ela foi com Matthew. Ao pensar nele, sua mente viajou ao momento em que ele tocou seu rosto para criar uma imagem mental, e aquilo a fez sentir saudades dele. Faziam dias que ele não aparecia pela escola.

— Já decidiu o que vai querer? — Bruce a acorda de seus sonhos.

— Quero um chocolate quente com chantilly. — pede.

— Legal, acho que vou querer esse também. — ele faz sinal para um garçom.

Depois de terem sido servidos, Bruce começa a conversar amenidades e a falar sobre sua vida e como a morte da mãe impactou na vida dele e de Lily. Contou que o pai os abandonou e que agora ele era a única figura masculina que a irmã tinha e se apoiava. Logo em seguida conversou sobre seus gostos e paixões pessoais, que era andar de moto e ouvir música ao mesmo tempo. Durante uns minutos ela ficou o ouvindo atentamente, porém logo não conseguiu mais ao ver a figura que entrava pelo café.

Matthew entrava junto com seu cão guia, ao lado dele estava uma mulher muito bonita. Tinha a pele morena, cabelos lisos e negros e estava com o braço entrelaçado ao dele. Aquilo foi como um choque para ela, e como uma decepção também.

— Tudo bem? Você ficou pálida de repente. — pergunta Bruce.

— Estou bem sim. — suspira, frustrada. — Acho melhor eu ir.

— Mas você nem tomou todo o seu chocolate.

— Estou cansada, preciso ir. — ela se levanta e pega sua bolsa, ignorando todos os pedidos dele para que ficasse.

Saindo na rua, saiu caminhando rapidamente até seu apartamento, e somente quando chegou lá, notou que estava chorando. Talvez Margareth tivesse razão, quem sabe ele fosse mesmo um garanhão além de cego. O pior foi que tudo o que ele contou sobre amar a Jesus e ser cristão verdadeiro lhe pareceu ser verdade, porém naquele momento nada mais fazia sentido.