EPÍLOGO

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Sentada no sofá da sala e com cada um das filhas ao seu lado, Svetlana terminava de contar aquela história. Por anos contou para elas de maneira superficial a forma com que havia conhecido o pai delas, mas ali naquela tarde chuvosa e com suas meninas em casa, resolveu contar tudo detalhadamente. Aquele espetáculo em que ela brilhou como Dorothy, lhe abriu muitas outras portas no mundo do balé.

No ano seguinte ela foi convidada para ser a Odette, no musical do Lago dos Cisnes, feito por uma companhia de dança de Nova York. Com o sucesso do espetáculo e a notoriedade dela como bailarina, infelizmente teve que deixar de dar aulas na Um Novo Ritmo. E lhe doeu muito ter que deixar as suas meninas, mas Margareth disse que ela podia ir, pois merecia essa grande chance de crescimento.

No meado daquele mesmo ano, Svetlana ficou noiva de Matthew, e os dois se casaram imediatamente no fim de ano, mais especificamente em Dezembro. Apenas uma notícia ruim e trágica abalou a sua estrutura emocional três meses após se casar, sua amada babushka sofreu um ataque do coração enquanto dormia. Foram dias negros e cinzentos na vida da moça, onde teve que aprender a superar o luto e a seguir em frente. Mas mesmo após anos, sempre levava flores para o túmulo da avó a cada aniversário dela, nunca esquecendo o amor e gratidão que nutriu por sua segunda mãe.

— Linda história, mãe! Um dia quero ser uma linda bailarina como essa moça e encontrar um rapaz assim, não importa a deficiência. — afirmou Lori, a filha mais velha de quatorze anos que era quase uma mini cópia dela, pois havia herdado seus cabelos ruivos e olhos esverdeados.

— Isso aí, nunca aceite ninguém que seja menos como o seu pai. Que ele ame ao Senhor acima de tudo e que a ame também, assim como ama a si mesmo. — diz, sorrindo.

— Espera...— Sophie, a mais nova de apenas doze anos e que puxou os cabelos castanhos do pai e a cor dos olhos, parecia raciocinar. — A bailarina da história era você e o rapaz cego era o papai?

— Exatamente!

— Ah, mamãe! — Lori a abraça, e Sophie também faz o mesmo. — Queremos viver uma história igual a sua!

— E viverão sim, se primeiramente guardarem o coração no Senhor. — sorri, emocionada.

A porta da sala se abre, onde Matthew chega molhado da chuva. Quartz, seu cão guia de anos já estava ficando velho, e ele também acabou tomando um pouco de chuva.

— Mulheres da minha vida, cheguei! — anuncia ele, entrando na sala.

— Papai! — as meninas correm até ele, dando-lhe um abraço duplo. — A mamãe nos contou como te conheceu!

— Ah é? — ele ri. — Viram o quanto ela foi teimosa e difícil?

Svetlana dá um tapinha nele, fazendo ele rir mais. Ele a puxa para perto de si, colando seus corpos e a beija longamente e apaixonadamente, ouvindo depois um sonoro ECA! das filhas.

— Continuem assim até os trinta anos! — diz ele num tom brincalhão, se dirigindo as filhas.— Estou faminto, querida, o que fez pro jantar?

— Fiz pizza caseira, vamos comer antes que esfrie! — ela o pega pela mão, o guiando até a mesa.

— Pizza! — comemoram as meninas em coro.

Depois das meninas terem jantado e ido se preparar para dormir, Svetlana lavava a louça e limpava a cozinha, quando de repente foi surpreendida com um abraço vindo por trás dela. Olhando, viu que era Matthew.

— Achei que já tivesse ido para a cama também, teve um dia exaustivo no tribunal. — diz ela, após terminar sua tarefa e secar as mãos. — Você parece cansado.

A Escolha (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora