ALFINETADA

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CAPÍTULO DOIS

Passou-se uma semana desde o ocorrido com Pedro, as vezes penso se foi minha culpa o que aconteceu, as vezes penso se eu fui insuficiente ao ponto de ele ir arrumar outra.

Não nego que ainda sinto algo por ele. Obviamente, não sinto todo aquele amor que sentia antes, contudo, ainda sim tem um sentimento indecifrável aqui dentro.

Sai de casa e fiquei à espera de Ian, que como todos os dias, vem me buscar para irmos juntos à faculdade.

Quando entrei em seu carro, ele vociferou:

- Que calor do cão! A Íris que tem sorte de estudar em uma faculdade particular com ar condicionado, comida, e tudo o que esses burgueses são capazes de ter.

- Para de reclamar e vamos logo! – Falei colocando o cinto – Ou você vai querer ser punido pelo atraso? – Após eu ter dito isso, Ian me fitou com os seus olhos castanhos, mordendo sua boca carnuda, sensualizando.

- Se eu for punido pelo Henrique, eu adoraria chegar atrasado! – Disse me fazendo cair na risada.

Henrique é o professor de logística e Ian insiste em dizer que ele é gay, e não desconfio, até porque, dizem que um gay reconhece o outro.

- Deixa de ser depravado! – Exclamei.

E então, seguimos o devido caminho para a faculdade.

Ao chegarmos lá, cada um foi para a sua respectiva sala. Minha sala é enorme, e nem conheço direito as pessoas nas quais a sala é habitada.

Enquanto não dava o horário da aula, observei os alunos adentrando à porta. Logo vi Larissa e Fernando, os dois patetas que se acham populares, sentando-se no canto da porta, em cima das mesas, inclinando-se para um beijo nojento e meloso. Mal sabem eles, que cada um se traí.

Desviei meus pensamentos quando ouvi a voz de meu professor:

- Bom dia turma, tudo bem com vocês? - Disse ele, gesticulando com os braços – Hoje teremos uma aula diferente, já que a turma do último período precisa fazer seu TCC, então vocês irão ajudá-lo.

A turma toda vibrou, animados.

- Espero que tenha gatinhas! – A voz irritante de Fernando se sobressaiu pela sala, fazendo assim, Larissa dar um tapa em seu ombro.

- Mais bonita que eu impossível! – Exclamou ela, me fazendo revirar os olhos.

- Pessoal, chega de baderna! – O professor disse batendo palmas, chamando atenção dos alunos – Como vocês puderam perceber, nossa sala está mais cheia hoje. Teremos a participação de Davie e seus colegas, – disse apontando para o canto da sala, onde eles estavam - vocês ajudarão eles na pesquisa comportamental do TCC.

Segui meu olhar para onde o professor apontava, avistando uma pequena multidão. Então, meus olhos cruzaram-se com um par de olhos azuis, feito o mar. Uma onda elétrica se instalou pelo meu corpo, me dando arrepios. A onda dissipou-se quando o professor chamou novamente nossa atenção:

- Eu sei que vocês estão na flor da idade e são muito carentes, mas – podia-se ouvir vários cochichos e risadinhas das meninas – vocês têm que prestar atenção no velho aqui na frente também! – Falou, nos arrancando risadas.

Passou-se um tempo até o professor organizar os computadores e o projetor de imagem para poder passar os slides. Um rapaz, suponho que seja Davie, já se posicionara na frente da sala para iniciar a aula. Ele, então, iniciou sua fala:

- Bom dia turma, bem, eu sou o Davie e será um prazer imenso trabalhar com vocês! – Disse, e assim fazendo nossos olhares se cruzaram e, eu logo desviei daquele olhar eletrizante. - Conto com a colaboração de todos.

Padaria dos SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora