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Seattle ~ Washington
2005
•- E qual foi a sua melhor viagem, Ari? Creio que já tenha passado por várias cidades, seu próprio rosto já expõe isso.
- Não muitas. Na verdade, só viajo por conta de meus filhos, gosto que as crianças conheçam lugares novos, coisa que não tive enquanto era pequena. Mas um lugar que me marcará para sempre será Veneza, afinal, foi onde eu passei seis anos de minha vida estudando na Università Ca' Foscari, uma faculdade bem conhecida por lá. - Passo minhas mãos rapidamente sobre meus cabelos observando Lana tomar um gole de seu capuccino e limpando os resquícios com um guardanapo em forma de quadrado. Deus! Ela era bonita até limpando sua boca! Como dizem: Deus tem os seus preferidos.
- Acho Veneza um lugar lindo, mas se fosse para escolher entre ela e Paris, não teria confusão, já que meu sonho sempre foi conhecer a tão falada cidade. - Um esmero sorriso surgiu brevemente em seus lábios. - Me lembro que quando criança brincava com minhas bonecas como se estivessem em Paris. Isso é hilário pois eu costumava ter uma Torre Eiffel de papelão toda pintada de rosa e coberta de glitter que sempre saíam em minhas mãos, tirando a parte em que eu desenhava um mustache abaixo de meu nariz e inventava umas frases desconexas com sotaque francês. - Ela passa a mão em seu rosto balançando a cabeça ao lembrar de tais memórias enquanto eu imaginava a cena descrita em minha mente. - Isso é meio inútil para se dizer num momento como esses, mas tenho uma tatuagem em francês...
Ah! Ok! Já não basta ser linda de morrer e ainda tem uma tatuagem!? Essa mulher sem roupa deve ser a própria escultura feita por algum artista nomeado.
- E eu posso saber o que essa tatuagem significa? Ou é um segredo guardado a sete chaves? - Me inclinei para falar a última frase, o que fez com que a morena soltasse um riso. - Corajosa. Ouvi rumores dizendo que uma tatuagem é extremamente dolorosa, talvez eu possa retirar meu chapéu para você. - Fiz um gesto com as mãos.
- Não dói muito ao contrário de que algumas pessoas pensam, claro que, depende muito do lugar onde é feita, mas creio que a dor é necessária para se ter um resultado lindo! Se quiser, talvez eu possa mostrar ela para você, Ari. - A mulher piscou com seu olho direito.
Eu. Estava. Surtando! Se estivesse em uma sala com uma adolescente apaixonada de quatorze ou quinze anos, não haveria diferença alguma entre nós duas. Uma parte minha rezava para que ela não estivesse insinuando o que eu estava pensando naquele momento, mas digamos que uns noventa por cento do meu carnal implorava para aquilo, aliás, como Kepner disse há umas semanas atrás, a teia está tão grande que é capaz de abrigar uma ninhada inteira de aranhas.
Só almejava em não perder meu controle, o que não é uma tarefa tão fácil depois de se ter tomado uma taça grande de vinho tinto minutos antes de sair de casa e encontrar Lana.Praguejei mentalmente.
- Você mora sozinha, Lana? - Digo fitando a mulher em minha frente debaixo de meus cílios volumosos.
- Não. - Digamos que meu coração errou uma pequena batida ao receber essa resposta. Estaria eu saindo com uma mulher comprometida? - Divido meu espaço com minha amiga. Nos conhecemos na faculdade e ficamos bem próximas ao longo do tempo. Acho que gostaria de conhecer ela, vocês parecem ter bastante em comum...
- Oh! Entendo... Talvez você possa me apresentar ela um dia. - Solto uma piscadela. - Bom, não julgo vocês. Quando era adolescente, sempre fazia planos que envolviam morar com minhas melhores amigas, as quais não tenho mais contato hoje em dia, então você é uma pessoa de sorte!
Calliope Torres P.O.V.
Me encontrava sentada, já pronta, na cama de Lana, adentrando mais no assunto de seu encontro há um dia atrás. Um vestido preto justo, não muito vulgar, e com alças finas caía sobre meu corpo junto à um cinto fino da mesma cor. Meus pés estavam cobertos por um Scarpin bege, que combinava com minha pequena bolsa. Meus cabelos estavam soltos e com ondas naturais (não estava no humor para escovar e ter todo aquele trabalho), mas mesmo assim, Lana diz que eu fico uma "puta gostosona" com ele assim.
Nós somos totalmente abertas sobre nossos relacionamentos afetivos, bom, na verdade sobre os relacionamentos dela, pois já estou me sentindo castrada depois de tanto tempo sem sair com alguém.
- Ela é simplesmente maravilhosa, Call! Claro que já conhecia ela pelo grupo de apoio mas nunca imaginei que fosse tão esplêndida fora dessas reuniões... - Fico feliz por ela ter encontrado alguém assim, porque na verdade, últimos relacionamentos de Winters foram uma merda, totalmente destrutivos para ela mesma.
- Espero que dê tudo certo, meu amor, mas vá com calma, tudo tem seu temp...
O barulho estridente da campainha soou nos nossos ouvidos. Como Lana estava terminando de se arrumar, tive que atender a porta, claro que, já sabendo quem estaria no corredor do meu andar.
Girei a chave que já se encontrava na fechadura da porta branca:- Torres! Que milagre! Já tinha preparado um texto para te convencer a ir, mas as coisas já estão adiantadas. - Joey vestia uma camisa estampada com um floral azul e uma calça jeans branca, enlaçada com seu cinto revestido por couro, assim como seu sapato.
Era estranho vê-lo sem suas roupas sociais, as quais estou acostumada quase todos os dias. - Lana está pronta? - Dá uma olhada por cima de meus ombros na esperança de encontrar a morena e depois, sem sucesso em sua busca, retorna os olhos em mim. - Ela vai, não vai? - Eu simplesmente amava a feição de preocupação dele.Tribbiani tinha um amor platônico sobre minha amiga, mas ela, assim como eu também, já havia deixado claro que não teria nenhuma chance, até porque Lana é extremamente certa de sua sexualidade desde adolescente, mas óbvio que nada adiantou enquanto Joey ainda tinha fantasias e esperanças com ela.
Ah, e mesmo que eles não se envolveriam no quesito de relacionamentos amorosos, Lana tinha um afeto enorme por ele.
Até demais...
- Minha orelha direita começou a arder, s-a-b-i-a que um certo alguém estava perguntando sobre mim! - A morena atravessa a sala do apartamento com os braços abertos, pronta para abraçar o homem que havia acabado de chegar. - Aah, Joey, quanto tempo, meu homenzinho!! Estava com tantas saudades! - Ele retribui o abraço.
- Eu sei que você me ama, Winters. E inclusive, não pude deixar de notar o quão maravilhosa você aparenta! - Fecho os olhos diante dessa melação toda. Sei que sou conhecida por ser uma "pedra", mas acho que depois dessa cena eu e todas essas pessoas que me julgam vomitariam quilos de açúcar. O pior é que eles ainda continuaram, mas acho que foi bem melhor eu ter ignorado essa parte prestando atenção no lustre que iluminava a mesa de jantar.
Eu amo a Lana, mas tem momentos que sinto que meu nome vai aparecer nas machetes como: "Companheira de apartamento comete crime sobre outra e pega dez anos de prisão".
- Dá pra gente descer e entrar no carro? Deixo vocês continuarem com essa melação, mas longe de mim, por favor. - Lana pega sua bolsa e apaga as luzes do lugar, fechando porta por porta. Ela tinha essa mania de fechar tudo...
- Seu desejo é uma ordem, Srta. Torres! - Joey balbucia.
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(N/A: creio que essa festa do chandler promete hein)