"É mais útil algumas vezes
a extirpação de um
erro que a descoberta
de muitas verdades."Marquês de Maricá
Encarei a porta a minha frente por longos segundos, não sei se era o certo, se eu tinha mesmo que fazer isso. Mas e se lá não tiver nada demais mesmo? Aí concluo que estou enlouquecendo e peço ajuda de um psiquiatra amanhã mesmo.
Ana, você não é mais uma criança, enfrente as coisas! Digo para mim mesma tentando me convencer de abrir aquela porta. Ok, vamos lá, não é nada demais. O baú só pode ter alguns papéis, coisas velhas.
Abro a porta, entro e fecho com cuidado, caminho até o baú e me abaixo. Ele era grande, na cor verde e na parte da fechadura era em formado de... claro, uma libélula. Esse inseto está começando uma perseguição grande comigo.
O baú estava trancado, começo a andar pelo escritório tentando achar algo para abrir ele.
Para abrir algo proibido, precisamos de uma chave que está alta demais para alcançar.
Ouço a voz novamente vindo do colar. O que ela quis dizer com isso? Suspiro e olho para os lados, no escritório tem uma estante bem alta, chega perto do teto, é cheia de livros.
Minha mãe nunca deixou eu mexer porque tem toque com aqueles livros... ou só não queria que eu encontrasse algo nela. Observo bem os livros, ela sempre gostou de deixar todos um do ladinho do outro, bem alinhados. Um não estava, estava encostado em outro, totalmente torto.
Para alguém com toque por eles, nunca o deixaria aquele assim. O livro ficava na penúltima prateleira, eu nunca alcançaria ali. Suspiro fundo e olho para o lado. Na mesa havia três cadeiras, espero que a ideia que me passou na cabeça dê certo.
Pego uma cadeira e coloco na frente da estante, pego a outra e coloco em cima dela. Que eu não morra ou não quebre nenhuma parte do meu corpo, amém. Subi nas cadeiras com muito cuidado, ainda tive que ficar nas pontas dos pé e peguei o livro, desci com cuidado e suspirei aliviada.
O livro não tinha informação nenhuma, era só uma capa preta, abri e era um livro falso. Só continha uma chave grande e antiga nele, peguei a chave e o livro deixei em cima da mesa. Me abaixei de frente para o baú e o abri com a chave.
Ao abrir o baú, me sento no chão boquiaberta. No baú continha varinhas, pedras coloridas e... o livro que desenhei.
Peguei o livro e abri, comecei a ler. Contava sobre o que aquele skinwalker me falou, isso não pode ser verdade, não tem como!Ouço o barulho da porta se abrindo e levantei a cabeça, congelei.
— Filha, o que está acontecendo aqui? Eu já te falei sobre não abrir o baú!
— Por que eu não podia abrir o baú? – a olhei séria — Quando iria me contar que eu sou uma guardiã? Em? Quando eu começasse a enlouquecer com as coisas que estão se passando na minha cabeça? Quando seres sobrenaturais viessem atrás de mim pra tentar roubar o meu lugar? Em mamãe, quando a senhora iria me contar a verdade? - me levantei e me aproximei dela.
— Como você sabe disso? - me olhava espantada.Peguei o livro e procurei por uma frase que li no começo dele.
— Quando se está destinada a ser guardiã, podes lutar contra, usar feitiços, nada adiantará. O poder virá até a escolhida. Porque quando se é a escolhida, nada podes atrapalhar. - a olhei séria e ela engole em seco.
— Eu só estava tentando te proteger..
— Da verdade? Era disso que você estava tentando me proteger?
— Você não imagina o quanto ser guardiã é perigoso.
— Eu mal sei se isso não é coisa da minha cabeça! Eu só queria que não tivessem escondido tudo isso de mim! -aponto para o livro.Ela suspira e se senta na poltrona próxima dela, me olha.
— Você quer a verdade? Então terá ela, senta aqui - apontou para a poltrona ao lado dela, me sentei como pediu. — Primeiro, quero que saiba a verdade de como sua avó morreu... ela foi atacada, nos submundos existem as criaturas de bem, as boas. Mas também existem as criaturas más, que só pensam em poder.. uma feiticeira a envenenou naquela manhã, seu objetivo era depois assumir o lugar de guardiã, porque sua avó sempre falou que não possuía neta de sangue. Mas quando ela colocou o olhar do guardião onze em você, todos os colares de guardiões se ascenderam, anunciando assim, a nova guardiã. O chá que você tomava, bloqueada que te caçassem, assim sustentando a mentira da sua avó. Também bloqueou todos os seus poderes e possíveis lembranças dos submundos.
— Isso é uma loucura! Meu Deus... e porque me esconderam? em?!
— Porque como já falei, ser uma onze é perigoso demais, ser a descendente onze se torna mais perigoso. Porque quando não tem uma descendente e matam a guardiã...
— Então assim se torna mais fácil de outra pessoa pegar o lugar da onze - completo.
— Isso! Todos os guardiões são escolhidos de geração em geração, só se pode ser um além disso, se matar o guardião e o descendente.
— E porque não é a senhora?
— Para evitar que nossa geração se terminasse rápido, foi decidido que o próximo guardião fosse o neto, para assim também, despistar um pouco as criaturas do mal. Todo descendente, assim que nasce, possui um protetor, que não o deixará jamais. Ele vai te acompanhar até você ou ele morrer.
— E quem seria o meu?
— Essa pergunta está um pouco óbvia, não acha Ana?
— Ah meu Deus... é Pedro?! - digo surpresa.
— Sim, nosso adorável herege.
— H-herege? - arregalo os olhos. — Mas ele não queima no sol...
— Não se esqueça que hereges também são bruxos, então, ele fez algum tipo de feitiço ou algo assim. Agora vá dormir, pode ficar com o livro ainda tem muito o que saber, mas, ainda continua sendo uma adolescente na escola.Ri e subi para meu quarto, mas não dormi, precisava saber tudo sobre esse mundo. Ainda penso que estou enlouquecendo, ou em um sonho muito estranho.
No livro conta sobre a função da guardiã, sobre os demais guardiões, onde ficam a entradas dos submundos, os famosos portais e como entrar. Só pode entrar e sair, os guardiões e quem ele permitir.
Existe um portal perto da minha escola, se eu conseguir abrir, consigo entrar e saber qual submundo é.. será que devo? Só vou saber se isso é loucura da minha cabeça, se eu ver com meus próprios olhos.
Amanhã mesmo, após a aula, eu vou entrar nesse portal e entrar nesse submundo, que mal pode ter nesse submundo se ele existir, não é mesmo?!
Guardo o livro e me deitei, amanhã será um longo dia.
Hereges são um grupo de híbridos de bruxas/vampiros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Guardiã dos Submundos
FantasyE de repente, ao se completar dezoito anos trouxeram para Ana responsabilidades que jovens comuns não tem.