Voltei à minha casa pela manhã e liguei para a escola para avisar o que havia ocorrido. Bom, eles entenderam e não houve conflitos, pois eu sou muito organizada com os meus horários, aulas e eu sou uma ótima professora. No entanto, aquele era o menor dos meus problemas, já que eu estava noiva do Hugo e eu precisava falar com as pessoas sobre isso, era o nosso acordo. Acordo esse que eu não entendia muito bem até receber uma mensagem dele:
- Número Desconhecido: Hoje à noite eu irei a sua casa para falar sobre os termos do nosso noivado.
- Eu: Como você tem o meu número? – Após mandar a mensagem, fiz questão de colocar o nome do contato dele de Hugo, meu noivo. Pois se o intuito era salvar a minha casa, eu estava disposta a tudo.
- Hugo, meu noivo: Consegui o seu número pela Karol. Agora estou muito ocupado, mas devo lhe dizer uma coisa, arrume o seu melhor vestido essa noite, ou nada está feito.
- Gabi: Tudo bem, meu noivo. – Eu escrevi, esperando que ele percebesse a ironia em minhas palavras.
Ele não me respondeu mais, portanto, eu fui preparar as minhas próximas aulas para que eu não atrasasse ainda mais os meus alunos que irão prestar o vestibular, e como eu ficaria em casa por mais dois dias, eu decidi organizar as minhas pendências. Após conseguir organizar tudo, recebi uma ligação por vídeo da Karolina e da Letícia.
- Letícia: Gabi, como estão às coisas? Melhorou?
- Karol: Tomou as suas medicações da forma correta? E as suas vitaminas?
- Eu estou bem, gente... Não se preocupem! Estou seguindo a receita de forma correta e bebendo bastante líquido.
- Karol: Hoje é o seu aniversário, está lembrada?
- Poxa, eu me esqueci completamente.
- Letícia: Bar, hoje à noite, e é claro que há a restrição de que você não poderá beber. Mesmo sabendo que você ama cerveja.
- É claro que sim, eu irei! – Eu assenti mesmo estando um pouco triste por não poder beber a cerveja que eu tanto amo e comer alguns petiscos gordurosos.
Despedimos-nos da ligação e eu ouvi então uma batida na porta. Imaginei que fosse Hugo, e eu, no entanto, não estava arrumada, mas ainda estava cedo.
- Você tem uma casa encantadora. – Disse ele, surpreso.
- E você imaginava o que? Uma bagunça?
- Olha só, precisamos mudar essas suas grosserias comigo, porque tudo já passou e não somos adolescentes mais.
Eu senti o meu sangue ferver, eu estava realmente entalada e eu precisava soltar a bomba antes que eu ficasse louca:
- Não somos adolescentes? Eu sei disso, meu amor, afinal estou fazendo 25 anos. Mas não consigo esquecer-me de que eu cresci com uma falta de confiança absurda e que eu pago todas as minhas sessões de terapia por ter ouvido de você e de seus amigos o quanto eu era feia, imprestável, zero a esquerda e todas aquelas baboseiras que você me dizia.
- Eu te juro que eu mudei e eu irei provar isso a você, lhe prometo! E te peço perdão de coração por tudo, durante a minha vida eu já tive todas as oportunidades para pagar por isso. – Disse ele aparentemente chateado.
- Tudo bem, eu também já fiz coisas erradas na minha vida, não vou mais ficar guardando rancor ou sendo grossa com você, afinal precisamos pelo menos sermos amigos para encarar tudo isso. - Fiquei mais mole, talvez seja culpa daqueles olhos azuis.
- Ok, vamos falar sobre o contrato? – Acenei que sim com a cabeça.
- Além da sua regra de não toques e que isso seja apenas um noivado, além disso, há outra coisa que queira acrescentar? – Fiz que não com a cabeça.
- Pois, então, eu tenho! Jamais devemos nos apaixonar um pelo outro, não quero te magoar.
- Isso seria impossível considerando a raiva que eu tenho de você.
- Ei, ei o que conversamos sobre sermos pelo menos amigos? Mas eu falo sério, não quero nada para além dos termos.
- Demonstrações de afeto serão apenas na frente dos outros e de forma falsa. – Disse eu, convicta.
- Vá se arrumar. – Ele disse de uma forma tão rígida que me fez lembrar que todas as vezes que nos falávamos, ele tinha um tom dominador que sempre me deixava um pouco nervosa.
- Eu já tenho um compromisso com as minhas amigas essa noite, infelizmente não poderei corresponder as suas expectativas.
- Eu sei dos seus compromissos e eu irei com você.
Me assustava sempre o quanto ele sabia de tudo, mas decidi que não vale a pena perguntar mais, eu já não tinha mais paciência e iríamos apenas terminar brigando.
- E você, irá assim?
- Eu? Claro que não, irei passar em casa me arrumar e depois irei vir buscar você!
Eu não sabia o que ele estava aprontando, mas sabia que não era coisa boa. Entretanto, como já se passava das seis da tarde e o encontro no bar é as oito, decidi tomar um banho para me arrumar. Eu coloquei um vestido branco que destacava as curvas do meu corpo, um batom vermelho que deixava os meus lábios mais grossos do que já eram e consequentemente mais belos, um salto alto preto, um colar e brincos singelos. Ao ver que o tempo havia passado muito rápido, ouvi as batidas na porta e fui abrir.
- E aí, como estou?
Ele me olhou de uma forma tão expressiva que fez com que as minhas pernas cambaleassem, chegou tão perto de mim que eu poderia facilmente ouvir a sua respiração. E então me olhando com aqueles olhos azuis extremamente brilhantes e ao passar a mão pelos meus cachos volumosos, me disse:
- Você está linda e extremamente cheirosa!
- O que eu lhe disse sobre toques? - Eu disse, um pouco tímida.
Ele se afastou e ficou meio desnorteado, mas me deu o braço, no qual neguei. Entramos em seu carro, uma Hilux, e eu comecei a me recordar de que quando estudávamos eu era bolsista na escola e ele realizava o pagamento de forma integral. Como não era uma escola com uma mensalidade baixa, logo imaginei que a família dele também era rica. A maneira formal na qual ele fala, a roupa e o perfume dele não tinham características de algo barato. Ao voltar aos meus sentidos, percebi que ficamos 5 minutos no carro sem falar nada e que chegamos ao bar. Assim que descemos do carro, ele veio abrir a minha porta e me ofereceu a mão para sair. Eu aceitei e houve um problema: ele não soltou mais a minha mão e a segurava de forma convicta.
- Ei, me solte! – Eu disse séria.
- Não faça isso agora, suas amigas e o seu amigo estão nos observando. Será pior para você e eu falo sério!
- Ah, não, ele não!
- Quem é ele? – Hugo me perguntou com um olhar questionador.
- Não é da sua conta!
Eu senti que ele ficou com tanta raiva, mas então suavizou a sua mão. Vi as minhas amigas vindo em nossa direção para cumprimentar-nos. Ambas me cumprimentaram e cumprimentaram Hugo com um abraço e um beijo no rosto, típico de nós mineiros. E então Karolina virou para Hugo e disse:
- Dr. Hugo o que esta fazendo aqui?
- Vim com a minha noiva para cá hoje, acho que é a melhor oportunidade que tenho para ficarmos juntos.
Reparei as expressões surpresas das meninas e vi Eduardo pegando as suas coisas e indo embora, ele havia escutado tudo e estava bravo. Porém quando eu estava indo em sua direção, Hugo me tomou em seus braços e me deu um beijo. No inicio, eu tentei resistir, mas não consegui, o seu cheiro me atraia, o seu sabor me atraia. Não me restou nada, a não ser permitir sentir o calor subir sobre nós dois de uma forma inimaginável. Eu sinto que isso será um problema.
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Um Acordo Conveniente
RomanceA história se passa entre duas pessoas completamente diferentes que já foram magoadas em diversas ocasiões da vida, mas que agora precisam um do outro. E então surge a proposta: um acordo de noivado com a principal restrição de que ambos jamais poss...