Capítulo 61: Pele

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Não foi difícil encontrar o corredor. Ela certamente o visitara vezes suficientes. Terceira direita, sexta esquerda.

Lúcio Malfoy estava deitado em sua cama, apoiado em um cotovelo, com um livro na mão. Havia uma sugestão do velho sorriso irônico e ele inclinou a cabeça sem se levantar, como se estivesse esboçando a sugestão mais simples de uma reverência.

— Srta. Granger. Espero que você tenha trazido mais alguns materiais de leitura. Acho que, com tantas horas para preencher, estou lendo rapidamente. E repetidamente. Não sei se posso suportar ler sobre o Sr. Darcy pela oitava vez.

— Malfoy. — Ela levou um momento, rindo da cópia gasta de Orgulho e Preconceito em sua mão. — Na verdade, eu trouxe uma variedade hoje.

Começou a pegar livros na bolsa e a passá-los pelas barras: As aventuras de Sherlock Holmes, Frankenstein e O Diário de Anne Frank.

— Mais histórias trouxas? — Surgiu algo em seu rosto que quase se parecia com a contração de um sorriso.

— Sim, dois são ficções, um é não-ficção. Acho que você vai gostar. — Ela estava principalmente dando a ele livros velhos o suficiente para que não houvesse nenhum problema com a tecnologia trouxa confundindo sua leitura. Não tinha certeza de como ele responderia à Anne Frank, mas sua esperança era que o homem não estivesse apenas lendo os livros que ela lhe fornecia, mas prestando atenção e refletindo sobre eles. Tudo o que podia fazer era ter esperança.

Ele cuidadosamente pegou os livros quando ela os entregou, colocando-os sobre sua cama. O quarto estava tão vazio quanto arrumado. A cama estava feita e os livros anteriores que Hermione havia trazido estavam alinhados contra a parede. Ele olhou para os livros na cama, notando que aquele era um novo conjunto de autores.

— Muito gentil, Srta. Granger. — Ele inclinou a cabeça de uma maneira que sugeria algo mais formal.

Hermione colocou o cabelo para trás das orelhas, tentando ganhar um momento para juntar as palavras que queria dizer. Lúcio Malfoy havia feito inúmeras coisas horríveis em sua vida. Merecia estar na prisão. Abrigara um verdadeiro show de horrores na mansão onde seu filho morava. Ele torturara e mutilara, assistindo tudo se desenrolar sob seu próprio teto. Hermione tomou fôlego. Ela amava o filho dele. Aquele era o pai de Draco. Simplesmente fale.

— Narcisa mencionou que vocês dois tiveram uma discussão sobre a minha vida amorosa. — Ela virou a cabeça para captar o olhar dele. — Ela está pensando na ideia de me dar uma chance e eu descobri que devo te agradecer por isso.

Lúcio não sorriu, mas seu rosto de repente parecia um pouco mais relaxado. Ele acenou com a cabeça.

— Sim, foi uma tarde memorável.

Ela mordeu o lábio, estudando o rosto dele. Muitas coisas haviam mudado. Outras nem tanto.

— Suponho que o que eu quero dizer é obrigada. Não quero que Draco tenha que passar pelo... isolamento pelo qual eu passei. — Fechou os olhos, respirou fundo e continuou, abrindo-os. — Quero que ele tenha sua família. — Ela era grata por Belatriz não estar mais presente, mas ele tinha Teddy. E Andrômeda. E a mãe, se estivesse disposta a ser racional. Quem sabe? Talvez algum dia Hermione conseguisse realmente começar a gostar da mulher. Coisas estranhas costumam acontecer.

O bruxo loiro encontrou seus olhos, e ela podia ver o nariz e o queixo de Draco. Os olhos de seu pai eram um pouco mais escuros.

— Ele tem a mãe pelo menos. — O olhar em seu rosto sugeria dor; dor que ele estava aguentando e tentando curar, como se dissesse: A mãe dele terá que ser o suficiente; ele não virá me ver. — Estou muito grato por seus esforços para guiá-lo e protegê-lo, Srta. Granger, em um momento em que não pude. Acredito que meu filho fez uma escolha sábia.

Trouxificado | Mugglefied [ Dramione ]Onde histórias criam vida. Descubra agora