Pelas ruas daquela cidade eu vaguei
Um errante solitário
Um errante otário
Um errante carente
Um errante amargo
Sentia o sabor do veneno que escorria daquela noite
Sentia o desprazer do pico da meia-noite
Caíram sobre mim
Vomitaram
Regurgitaram
Refizeram-se
Andaram mais uma vez
Com glitter no meu corpo
Com lágrimas no meu rosto
Com doses na minha boca
Com bocas na minha boca
Com suor escorrendo
Com suor escrevendo
Querendo o vazio preencher
E preenchendo com coisas vazias
Me deixei ir, que gostoso!
Minha camisa era estampada
A rua estava pintada
Com um drink vermelho
Não sei se de sangue
Ou talvez de frutas
O gelo quebrado
No copo e também entre a gente
Gentinha de todo o tipo
Gentinha era eu
Gentinha que de gentinha em gentinha constroem essa rua
Essa rua de bares
Essa rua de lares
Essa rua de olhares
Essa rua de amores
Olha as horas
Já é quase de manhã
Já passei a boca em tudo
Já fumei de tudo
Já cheirei de tudo
Já me dei por inteiro
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma putaria no século da pandemia
PoetryEm meio ao tesão e a tristeza que ocorreram no começo da pandemia, algo aconteceu com meus poemas, eles ganharam uma nova dimensão. Uma dimensão muito mais ambígua em certos momentos e totalmente explícita em noutros. Essa é sua oportunidade de para...