[01] Pranto.

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...Nos dias atuais.

Jung Eunha's P.O.V.

O-omma! Não me deixa aqui! Por favor! Volta pra mim, eu não consigo seguir sem você do meu lado! P-por favor! — Minha voz arranha a garganta e eu me jogo ajoelhada no chão, perdendo completamente a força do corpo. — Já era difícil com você me ajudando em todos os momentos, agora sem você... Eu não vou aguentar! Omma, não me deixe! — As lágrimas derramam de meus olhos e escorregam por meu rosto, meu coração aperta, me deixa em uma melancólica horrível. — Eu te imploro...

A friúra do ambiente me maltrata e eu sucumbo, me jogando literalmente no chão, incapaz de produzir qualquer força em meus músculos para me reerguer. Encolho as pernas e abraço meu corpo, encolhido naquele chão friu e imundo, daquele hospital maldito que não conseguiu deixar minha mãe aqui na Terra, comigo.

Você não podia ter ido sem mim, Omma. — Passo uma das mãos pelo rosto e repiro fundo, fungo. — Você não tinha esse direito...

A dor no peito não cessa e me machuca, ela não tem dó nem piedade, me maltrata de todas as formas possíveis. Quero gritar com tudo e todos, quero minha Omma de volta, quero ter a vida que nunca tive. Eu quero paz, só um pouco de sossego. Mas tudo que tem como sinônimo positivo, parece impossível para mim.

***

Inflo o peito e me abrigo a abrir os olhos, e quando o faço, suspiro parcialmente aliviada. Não passou de um sonho, ou melhor, de um passado que venho relembrado a quase todo momento. Forço meu corpo a levantar e escuto meu ossos estalarem, ao me sentar no banco duro daquele parque isolado. Sinto a visão turvar, minha cabeça latejar e o corpo rejeitar qualquer benéfico que os raios solares me oferecem.

— Aigoo... — Ponho a mão na têmpora e fecho os olhos por alguns segundos. Estou tonta como nunca estive. Talvez seja o resultado de ficar três dias sem ingerir comida de verdade.

Três dias sem dormir sem teto. Três dias espulsa da minha própria casa. É! Isso mesmo! Meu Appa — ou sei lá o que aquele homem agora é meu — me espulsou de casa só pelo simples fato deu ter negado o casamento que ele arrumou para mim, porque não conseguiu ganhar seu jogo e perdeu uma grande aposta, e como pagamento, eu fui uma opção. Isso pode até soar como um grande clichê de fanfics, mas não no meu caso. Appa iria me obrigar a casar com o Song, aquele velho repugnante de 71 anos que tem trezentas mulher espalhadas pelo país!

Eu neguei, implorei para ele reverter a situação, mas ele negou, não pensando em meu bem estar em momento algum. Appa estava alcoolizado, ele me bateu nessa mesmo noite, antes dele me expulsar. Ele quebrou a garrafa de Soju na minha cabeça, e com os cacos, ele ameaçou me matar se eu não fosse embora. Nessa noite, ouvi as piores palavras que uma filha pode ouvir de um pai, ele me maltratou, me expulsou e agora estou desolada e sem ninguém para me amparar. Na mesma noite, Appa falou que eu tinha que ter morrido junto com Omma, porque eu sempre fui um pesso morto na vida dele.

Eu me sinto tão fracassada agora, que já não tento me restaurar mais. Minha vida sempre foi conturbada. Appa, um cara alcoólatra e ignorante, já minha Omma sempre foi uma mulher muito doce e prestativa. Só que depois do falecimento de Jung Haseul, tudo piorou, minha vida desmoronou. Appa me odiou, e não hesitou em transparecer a verdade, deixando explícito a repulsa que sempre sentiu por mim. E o motivo? Não faço a mínima idéia! Ninguém nunca me explicou o problema da nossa família. Tudo o que eu mais queria saber era o que fiz para remeter tanto ódio à meu pai. Mas ninguém nunca me falou nada, eles não me explicam e só jogam a bomba para cima de mim!

Tudo sempre foi tão escuro pra mim, nenhum arco-íris. Nenhum unicórnio. Nenhuma luz no fim do túnel. Só sombra, escuridão.

Abro os olhos novamente, o escuro me amedronta, sempre me amedrontou. Nunca gostei dele. Varro o parque deserto como todo às vezes faço ao acordar de manhã, e como em todos esses dias — duas manhãs — não havisto nenhuma alma viva. Olho para o lado e vejo minha bolsa jogada ao chão, com poucas roupas e meu celular de tela quebrada, dentro dela.

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