Portland é uma pequena cidade localizada no Oregon, noroeste dos EUA. Isolada de tudo e com sua constante divagação para abraçar quaisquer novidades avançadas do mundo afora, posso dizer que está à beira do precipício que leva ao caos. Não bastava t...
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7 de Setembro - 2006
O tempo corre ligeiramente frio, a lufada de ar invade meus pulmões pouco a pouco, enquanto a corrente de ar toca meu rosto tão suavemente que poderia ser comparado a um delicado beijo gelado, assim como os fios soltos de meu cabelo seguiam o mesmo ritmo, na direção em que o vento os levam. Os dias entremeavam em uma temperatura baixa e outras vezes alta, mas sempre mantendo consigo os ventos relativamente fortes, entregando que a nova estação havia chegado. As folhas desprendiam-se dos galhos das árvores e cobriam o chão tomando as cores de outono, o gramado já não tinha a mesma matiz de um verde limão, cor que sempre preenchia todo o espaço verde, durante o verão.
O balanço improvisado de cordas e um pneu velho sob a árvore mais próxima do pequeno lago ainda estava ali — assim como a vaga lembrança de anos atrás, brincadeiras incansáveis e sorrisos de felicidade com todas as crianças que moravam próximo dali, incluindo: Joe, Jimin, Taehyung, Jungkook, Rebecca (que era apaixonada por Jungkook) e outras que deixaram a cidade conforme o tempo passou ou as que chegaram depois - como se fosse uma herança, passando de geração para geração, para as próximas crianças que viveriam em Portland.
As nuvens brancas estavam ocupando todo o espaço no céu e cobriam o sol por inteiro, alguns pássaros sobrevoam de árvore em árvore e outros pousam no chão, enquanto continuam assobiando de forma melodicamente bonita. Observava todo esse cenário, enquanto o pincel em minha mão contactava com o quadro posto em minha frente, sobre o cavalete. De forma sútil, as tintas acrílicas misturam-se na paleta tomando sua tonalidade desejada, ao passo que eu desenhava tudo que podia ser notado ali. A praça de Portland, mais conhecida por "La vie en rose" - nome não oficial, mas que fora adotado há muito tempo atrás e ideia de Diane, seus pais são franceses e ainda que tenha nascido nos EUA, pode falar francês fluentemente - era o lugar ideal para pôr em prática sua criatividade, ainda que o tempo ou estação não ajudasse e por um curto tempo um ar melancólico tomasse conta do lugar, as memórias boas de crianças felizes e as diversas flores, rosas coloridas e suas essências nos preenchiam de forma doce. Como um ponto turístico, a praça sempre esteve lotado de pessoas, algumas iam para conhecer, passear e outras, assim como eu, apenas para tingirmos por dentro de inspiração com toda a beleza que La vie en rose carrega.
Uma hora e meia havia se passado, desde que eu dei início a pintura e uns cinco minutos atrás recebi uma mensagem de texto de Joe, que me questionava onde eu estava e reclamava da minha ausência, porque havia ido até minha casa e não me encontrado por lá. Respondi sua mensagem e logo recebi outra que dizia apenas um "tô indo aí" e sei que seria uma tentativa falha em tentar dizer que eu já havia terminado e estava indo para casa e ela poderia esperar por mim, porque Joe não me responderia e em uma altura dessa, com seus passos largos e firmes, já deve estar no meio do caminho. Assim como eu, Joe também detestava a ideia de conversar por aparelhos, ainda mais se essa pessoa na qual você conversa está uns quarteirões de distância. Basta você ir até a pessoa, que na minha visão, é bem mais prático. Você pode ver as expressões delas e não precisa esperar por uma mensagem, aquelas que muitas vezes demoram alguns minutos cruciais e tudo o que você precisa é apenas uma resposta. Como a vez em que eu encontrei Bo - não é um animal de estimação, mas sim um membro da família, deixemos bem claro - na rua e tive que esperar os minutos mais dolorosos e esperançosos até papai responder que eu poderia levá-lo para casa. Bo é o ser mais amável e brincalhão que eu pude conhecer na vida! No entanto, não poderia deixar passar o fato de que existem pessoas tão elétricas e adoráveis como ele e que preenchem a minha vida da melhor forma possível, e sim, eu estou falando de Hoseok, o garoto que também faz parte do grupinho dos garotos rebeldes, mas que pelo menos na personalidade, é totalmente o oposto deles.
