Dusk Till Dawn - barnes

There You Are

"Losing myself, but then I hear you calling

There you are, there you are

You're there with open arms"

A mente humana é verdadeiramente a mais assustadora entre todas as coisas.

Dona de lembranças atrozes. Evocadora das sensações mais horrendas, é a autora da tortura em cada momento de recordação.

Lembranças ferem mais do que qualquer arma jamais poderia; atingindo seus ossos e fazendo sua pele arder.

E foi assim que James alcançou esse estado agonizante. Semanas após a chegada no complexo, ele encontrava alívio nas conexões que formava. Porém, ao cair da madrugada, as crueldades cometidas em seu passado voltavam para o sondar.

O quebrar de ossos. O cheiro do sangue. A solidão.

Para o soldado atormentado, a solidão ainda era um elemento recorrente. Se revirando na cama, sua própria respiração fatigada era o único som perceptível. Mas não aquela noite.

Um barulho singular se fazia notável.

Não era provável que algum dos blazers elegantes de Olivia tivesse criado vida própria e estivesse assombrando o local. Logo, James se pôs de pé, uma faca de bolso o acompanhava aonde quer que fosse. Ele caminhou devagar pela penumbra. Atentamente seguindo o som estranho que o levava para a cozinha.

E lá estava Olivia. Não em um blazer ou uma saia lápis elegante, mas em uma camiseta larga. Através do logo desbotado dos Beatles, o desgaste da peça era evidente. Os olhos cor de mel da garota se arregalaram ao ver Barnes, a letra da música que sussurrava morreu em sua garganta. Ela não queria calcular há quanto tempo ele estava por ali, porque a resposta era: definitivamente tempo suficiente para vê-la fazendo papel de pateta.

"E-eu te acordei? Sinto muito, eu me distraí e acabei derrubando uma xícara." Lamentou, tirando seus fones de ouvido e os repousando na grande ilha de mármore em sua frente.

A cozinha dela, a necessidade de se desculpar era nula. Mas pareceu errado não o fazer.

"Não, está tudo bem." A voz de James era apática. "Achei que fosse algo ou alguém." Devolvendo a lâmina discretamente ao seu bolso, estava pronto para retornar ao seu quarto.

"Ei" Olivia capturou sua atenção antes que ele pudesse dar as costas. "Também não consegue dormir?"

Ele apenas suspirou, encarando o chão. E então, ela continuou, não tão segura do que estava prestes a fazer:

"Posso fazer mais uma xícara de chocolate quente, se você quiser. Prometo tomar mais cuidado."

Por cortesia ou capricho, Bucky aceitou. Com passos lentos, tomou um assento no lado oposto da ilha. 

"Você sabe, insônia não é nada para se envergonhar. Você só precisa encontrar a maneira certa de lidar com isso." Olivia foi cautelosa com suas palavras e com a bebida que despejava.

"Chocolates quentes?" O soldado questionou ainda cético.

"Sim. Eu era criança quando descobri a solução para os meus pesadelos... Viagens secretas para a cozinha."
Ela confessou, assistindo Bucky dar ombros.

"Não são mais tão secretas."

"Não se gabe ainda, minha irmã descobriu antes e inventou um apelido assim que soube."
"souris" A revelação veio entre um sorriso e um sussurro, incerta de que seu ouvinte ainda prestava atenção.