Sinto frio
O gélido vento da triste manhã de inverno
Corta-me o rosto com rígidas chicoteadas
Uma sombra aproxima-se
Meus pelos se eriçam
Vejo tua face
Os traços de um deus entalhados em mármore
Longos cabelos cor de ébano moldando a perfeição
Olhos verdes tão distantes e tão próximos
Ele nada fala
Tua mão empoleira-se em minha nuca gentilmente
Teu olhar aquece-me
Teus lábios tocam os meus
Meu corpo entra em combustão
Respondo com urgência
Era paixão, amor, sentimento
O tempo não me foi amigável
Logo ele se foi na densa névoa do bosque
Chuva e lágrimas se misturam em uma só
Fecho os olhos
O silêncio e a escuridão envolvem-me
Olho ao redor
Aninho-me em minha cama vazia
Teria sido realidade ou ilusão?
Debaixo da porta avisto um envelope branco
Elegantes letras negras formavam uma frase
“Eu te amo, Julieta”
Corro para a janela
No jardim um homem caminha lentamente
Ele se vira em minha direção
Nossos olhares se cruzam mais uma vez
Debaixo do prateado luar
Da lua cheia de inverno
Pés descalços sob a alva neve
Longos cabelos negros ao vento
Pele clara como alabastro
Reluzindo em meio À escuridão
Olhos esmeraldinos
Fitam-me fixamente
Consumindo-me, amedrontando-me
Encantado-me
Insana, caminhei
Perto do caçador
Perto da caça
Estava eu
A dois segundos da morte
E um segundo do paraíso
Um passo e nada mais
Um passo e nada mais
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Escuridão Versificada
PoesíaSete poesias que falam sobre os sentimentos mais obscuros da alma, o lado sombrio do amor e da paixão.