capítulo 02

30 5 2
                                    

Ainda não havia dado tempo de comprar cortinas descentes para minha nova casa, então por isso, sou despertada por uma fresta de luz que escapava entre os pequenos buracos da cortina já gasta que trouxe de casa. Mas, não vou reclamar disso, até porque, acordei inspirada hoje.

Me espreguiço ao mesmo tempo em que bocejava. Assim que levanto da cama sigo para janela, tendo uma visão completa e privilegiada do céu, que estava radiante naquele belo início de uma quarta-feira muito produtiva.

Meus planos para hoje é criar vergonha na minha cara para sair de casa e enfim conhecer os consultórios que marquei como favoritos online. Não estava certa de todos, mas quanto mais opções, melhor. Sinceramente o que mais me agradou foi o que tem vista para praia. E além de ter essa vista maravilhosa que vai dar ainda mais gosto de trabalhar, é que o espaço é localizado no centro.

Meu café da manhã não foi nada mais, nada menos que uma panqueca bem feita com bastante xarope de bordo por cima. Preciso manter a forma se quiser passar meus dias tomando um bronze na praia. Apesar de que ainda não tive tempo para conhecê-la, estou muitíssimo animada para tal coisa. E só para deixar registrado que meus sonhos nos últimos dias tem sido relacionados ao meu pé sendo molhado pela água salgada e gelada do mar. Até imagino estar sentindo realmente aquela sensação, mas quando abro os olhos, a única coisa que vejo é o meu novo quarto e meu abajur rosa de cachorrinho inseparável.

Após visitar três dos consultórios que marquei na minha lista de favoritos, nenhum deles realmente me agradou. Parece que sou mais enjoada nesse assunto quanto pensei que fosse. E claro que a minha barriga não me ajudou muito na tarefa, pois quando estava seguindo para o quarto e último consultório, ela resolveu dar um ronco estremecedor que mais parecia um terremoto chegando em Risigin City.

Confiro rapidamente os lados para ter certeza de que ninguém escutou a vergonha que meu estômago faminto me fez passar, e quando tenho uma resposta positiva, continuo o meu caminho, olhando em todos os cantos para ver se acho um supermercado ou uma mercearia.

Depois de andar muito e ficar com os pés dormentes, encontro um carrinho que parecia vender cachorro-quente. Logo minhas suspeitas foram quebradas.

— Olha o cachorro-quente, está quentinho, quem vai querer? Olha o cachorro-quente, cachorro-quente — O homem moreno que tinha por volta de uns quarenta e sete anos gritava as repetitivas frases. Me aproximo do carrinho quando vejo que ele ameaçava atravessar a rua.

Por Deus... Eu preciso comer e me sentar para descansar, não aguento mais andar. Então, sem condições de deixar esse cara ir embora com o carrinho da minha salvação.

— Bom dia. Eu quero dois cachorros-quentes, e por acaso você vende algum tipo de bebida? — Pergunto tirando a minha carteira lilás da bolsa e olhando quanto de dinheiro eu tenho disponível.

— Só tenho esse guaraná moça. Os outros já foram todos vendidos — Ele diz com uma voz como se sentisse muito, levantando em uma das mãos o guaraná que estava em uma pequena garrafinha de plástico.

— Pode ser — Concordo com um meio sorriso quando percebo o quanto ele tinha ficado sem graça em apenas ter um refrigerante.

Coloco meus braços envolta do corpo enquanto espero os meus cachorros-quentes ficarem prontos.

— Aqui moça, muito obrigado viu? — Agradece com um sorriso simpático me entregando o meu lanche dentro de pratinhos de plástico, juntamente do guaraná.

Tiro uma nota de dez e uma de cinco de dentro da carteira e o entrego.

— Eu que agradeço, e pode ficar com o troco — Digo sorrindo gentil e saio dali, mas antes posso visualizar o brilho em seu olhar de pura gratidão quando guarda os seus quinze reais no bolso. Parece que ele não ganhava muita gorjeta.

Always Onde histórias criam vida. Descubra agora