A pergunta presente não é relacionada à disposição de Hoseok por ter acordado tão cedo no domingo, mas sim sobre o intuito dele ao utilizar um traje um tanto quanto peculiar.
— Eu posso aceitar, mesmo no frio, te ver de botas e uma bermuda. — comentou dois minutos após o garoto pisar na sala — Mas por que você trouxe um binóculo?
— Você gostou? — ele olhou diretamente para o objeto pendurado no próprio pescoço. — Era do meu avô, eu trouxe para dar sorte.
— Sim, eu gostei.
Não era a primeira vez que se deparava com a situação e a lembrança provocou-lhe um sorriso. No último ano novo, quando a oportunidade uniu os amigos próximos novamente, Hoseok fez questão de usar um boné da época da escola, nomeando-o como amuleto da sorte, além de agradecer pelo grupo permanecer unido há tanto tempo.
— Se você estiver pronto, podemos ir.
Concordou em silêncio, ignorando a vontade de revelar o pouco que dormiu à noite. Ele acordou antes do sol nascer e sua mente — repleta de pensamentos soltos — o obrigou a fantasiar o desenrolar do dia. Não há como controlar os acontecimentos futuros, mas a esperança impregnou o peito desde o princípio. Hyungwon também leva consigo um caderno para anotar frases soltas, e curioso, questionou sobre o destino da viagem.
— Hoje quero te mostrar o verdadeiro significado de tour pela cidade. Se prepare!
E o pedido o acompanhou como um lembrete, uma vez que desceram para o térreo e deixaram o condomínio para trás.
A primeira parada — três quarteirões à direita, no final da avenida — era a praça principal. O movimento nas ruas é causado pelos ambulantes, que se acomodam próximos aos músicos pedindo trocados, e as pessoas que utilizam o trajeto como atalho para chegar mais cedo no trabalho. Ambos sentaram em um dos bancos de pedra espalhados pelo local e observaram a agitação de longe.
— A praça do meu bairro é menor, então prefiro vir aqui. — Hoseok esclareceu.
— Admiro sua disposição, mas é um bom passeio.
De repente, o silêncio envolveu os dois como uma grossa camada de tecido. Pela primeira vez, não soube o que dizer e a falta de diálogo o envergonhou. A sensação era estranha, Hoseok nunca se manteve quieto por muito tempo e ele gostava do ritmo da fala dele, acelerado, cheio de informações, como se temesse deixar algum detalhe de fora.
— Diga alguma coisa. — pediu, quando esperar deixou de ser uma opção.
— Como o quê?
Não encontrou sentido na pergunta do amigo, ele parece estranho e o pressentimento o confundiu.
— Sempre temos assuntos, mas você ficou quieto assim que sentamos.
— É parte do meu plano. — a confissão viera por meio de uma voz suave. — Você acabou de vivenciar o primeiro parágrafo da sua história e não houve a necessidade de um problema para iniciarmos uma conversa.
A atitude o fizera lembrar o quanto Hoseok possui um jeito peculiar de lidar com as situações. No entanto, ele tinha razão, uma vez que o instinto de quebrar o silêncio supera qualquer distância entre dois corpos.
— Me pegou de surpresa, qual é o resto do plano?
— Pergunte.
— Eu acabei de perguntar.
— Não sobre isso, me interrogue como se não me conhecesse.
— É difícil!
— Você não tentou.
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Mas então veio o problema (2Won)
RomanceEm busca de um gênero novo, Hyungwon, um escritor de suspense, decide iniciar um romance. No entanto, ele não esperava se deparar com um bloqueio criativo logo no primeiro parágrafo. Após falhar por duas semanas, surge a ideia de pedir conselhos à p...