você é malicioso!

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Minha boca com a sua é o único quebra-cabeça o qual tenho paciência e força de vontade para montar. É o único que vale a pena. E o ar falta, mas não falta o desejo e a maldita tensão sexual entre nós dois. Nem sei porque comecei isso, nem sei porque não paro com isso. É porque é tão gostoso tê-lo assim que a única coisa que me vem na mente é fazê-lo sentir-se bem também.

Minimamente desço sua calça e agarro suas coxas, puxando-o para cima e carregando-o até sentá-lo na bancada. Eu arranco essa calça do corpo dele, idem ao tênis, como se o hoje fosse durar toda a eternidade, só que eu realmente quero sentir sua pele sob meus dedos.

— Seungyoun... — ele tenta reclamar contra a própria vontade, mas nada que um beijo não o cale.

Meu beijo é quente, quieto, espalhafatoso. Não importa se desorganizarmos, se seu arfar irromper, se minha mão deslizar por onde nem tenho a permissão de olhar. A calça jogada pelos meus pés, sua camisa aberta em qualquer canto, seu corpo se aproximando e aproximando... Pense numa colisão cheia de energia e excitação entre um próton e um elétron... É definido assim nossos corpos.

Minha mão esquerda dá uma escorregada perigosa na sua coxa, meus lábios buscam a doçura do seu pescoço para saciar-se... Eu estou imerso nessa Veneza de prazer, beijando-o e sentindo-o arrepiar-se. Seus dedos teimosos arrastando pelas minhas costas, pedindo, por favor, à minha camisa para que conceda-lhes um pouquinho da minha pele para arranhar e recebendo uma rouquidão como resposta.

Puxando-o pela região do cóccix, pressiono seu corpo contra o meu para que assim ele morra de desejo. Ele afasta mais as pernas, minhas mãos estão nas suas coxas, sua cabeça está para trás e eu o chupo tão forte pelo pescoço que seu gemido sai pela metade ao perceber que seria alto demais.

Minha camisa pede socorro das garras apressadas dele, a ansiedade latente sobre o que vem depois, e o que vem depois nunca me pareceu tão certo quanto agora. Minha prioridade é prioriza-lo. A parte interna da sua coxa é apertada por mim e um gemido pidão é libertado.

— Posso ver sua tatuagem? — pergunta ele com uma voz de sussurro, mais ar do que timbre. Ele está sem fôlego.

— Tatuagem? — estou ocupado com os beijos no seu pescoço que esqueço da minha tatuagem na virilha, a qual ele viu a pontinha certo dia.

— Aquela no vezinho invertido, no vão da sua virilha — meu coração parece até um beat mal mixado de trap no exato momento que sinto seus dedos pequenos encontrarem minha peça inferior, buscando tirá-la.

Subo minha camisa até metade da barriga e ajudo-o a tirar meu cinto. Se eu não tivesse posto essa porcaria, teria adiantado muito. Mas... Oh, sua mão bisbilhoteira está descendo tão devagar que a única coisa que eu penso é em ficar logo nu e tomar conta do seu corpo.

Wooseok! Wooshin! Wooshin, você está aí? — a porta é agredida por mãos masculinas e a pronúncia francesa me faz deixar o cinto aberto pela metade.

— Merda, como fui esquecer dele? — Wooseok resmunga, puto da vida, empurrando-me para longe e descendo desesperado da bancada.

Eu estou atônito, tentando entender porque é que ele está se vestindo feito louco, pedindo para esse alguém esperar, passando maquiagem no pescoço para esconder a marca causada pela minha boca e sei lá o que ele esteja tentando fazer com o pé num tênis meu.

— Esse tênis é meu — aviso, mas só para dizer algo e fazê-lo lembrar-se da minha existência.

— Ah, merda... — ainda está resmungando, procurando o próprio tênis. — Não era pra termos feito, mas... Ah, Seungyoun, por que você é malicioso?

Por acaso a culpa é minha? Ele tira a roupa todos os dias na minha frente, sabendo muito bem que eu sou louco pra dar uns beijos nessa boca maravilhosa. Tudo bem que o descontrolado sou eu e, aliás, admito que deslizei mesmo dessa vez. Só que eu não sabia que ele não ia fazer exatamente nada contra. Não vou culpá-lo também, seria ridículo fazer isso. Mas teve o dedo de ambos nisso e ele deve admitir.

— Eu não sou malicioso!

— Sim, você é malicioso! — ele termina a maquiagem malfeita para esconder a marca e abotoa a camisa de qualquer jeito. — Poxa, por que fui tão burro?

— Relaxa, Wooseok... Nós não fizemos nada, não foi nada — tento acalmá-lo, mas só que isso é comigo.

Remotamente me recordo duma aula de Artes quando estudávamos o Surrealismo e a loucura dos artistas da época. Muitos tinham traumas; alguns, esquizofrenia, outros recorriam às drogas. Minha professora da época falara-me sobre um em específico, não compreendo mais teu nome, sobre tal acontecimento no período da vida em que passamos a "conhecer o próprio corpo", se assim posso dizer de maneira ambígua.

A questão contada é que, no meio de todo aquele "conhecimento", o tal artista, antes da arte, havia sido interrompido grosseiramente pelo seu pai e aquilo gerou um certo trauma sexual nele. Eu me sinto frustrado agora, muito frustrado. Essa história faz um pouco de sentido na minha cabeça agora, depois de anos...

— Você não sabe o que isso significa para mim — está ajeitando o cabelo ao caminhar até a porta. — Ah, aqui tem um caderninho que comprei naquela livraria e um livro de poesias em francês. São seus — ele tira tudo isso da bolsa e praticamente joga em cima de mim, como se quisesse se livrar. — Entra no banheiro, rápido. Te vejo mais tarde.

Me vê mais tarde? Que porra é essa? Ele está mesmo me tratando assim? Ele retribuiu cada beijo que dei, ele me apertou, ele gemeu quando eu o beijei e de repente me trata como se... Porra, não quero nem me comparar com zorra nenhuma.

Abraço a agendinha que ele me deu e o livro de poesia e trôpego vou até o banheiro. Wooseok abre a porta do quarto segundos antes de eu fechar a porta do banheiro e, de relance, vejo-o sorrir para um moço que beija-lhe a bochecha com tanta doçura que, se não fosse o dourado do cabelo, eu pensaria que ali era eu e que esta é a minha alma assistindo tudo de perto.

Wooseok fecha a porta e eu me sinto traído.

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