Capítulo 1: Meu adeus

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Olá, meu nome é Arthur, tenho 63 anos, e eu tive uma vida muito boa, mas acho que teria sido melhor com ela.

Eu moro em um asilo, não que vá influenciar em alguma coisa na história, só achei que devia contar. Não sei o porquê, apenas sinto que só me restam mais alguns dias, então vou contar a rápida história que vivi com o amor da minha vida. Talvez ela não termine em um final feliz para você, mas eu fui muito feliz nesse rápido período em que eu a tive, e que ela me teve.

Sou órfão, e vivi minha vida toda aqui, em Palmares, uma cidadezinha do interior. Tudo começou no dia 22 de abril, quando eu tinha 15 anos. Lembro-me de uma manhã chuvosa e um sonho estranho.

Sonhei que eu estava voando, mas não pelo céu, não, eu estava livre pelo espaço, estava vendo a terra, o sol não me queimava e eu não sentia falta do oxigênio. Entretanto, apesar de todos esses fatores, o sentimento que mais me consolava e assolava meu coração, era o medo.

Acordei dando um salto da cama. A casa estava tremendo, meu cachorro latia de fora do quarto, enlouquecidamente, e de repente, silencio. Olhei ao redor do meu quarto. A tinta azul velha na parede ainda estava descascando, meus livros ainda estavam em cima uns dos outros, na estante de madeira que eu tinha improvisado.

Esqueci de falar, os moradores de Palmares cuidaram de mim. Tinham me dado essa pequena casa, que apesar de só possuir um quarto, uma cozinha e um banheiro, tinha sido feita com muito amor, afinal, é disso que essa história se trata.

Levantei-me da cama, fui até meu velho guarda-roupas e de lá tirei minha camisa branca favorita, minha calça jeans, calcei um par de botas velhas, peguei uma capa de chuva azul e saí do quarto, fiz carinho no Salsicha e partir em direção à Lauré, que você ainda não sabe quem é, e eu também não sabia, mas já a amava desde o momento em que nasci... isso é possível?

Sol ou chuva, não importava o que estava acontecendo no mundo, meu lugar favorito era o alto do morro verde. Passei por entre todas aquelas plantas e comecei a subir o monte. Na metade do caminho eu senti um cheiro, cheiro de fumaça. "Estranho", pensei, "não fazem fogueiras aqui." E eu estava correto.

Ao chegar no topo do monte, eu vi árvores caídas, uma cratera no chão, uma esfera gigante de prata esfumaçando. Mas o que mais me impressionou não foi aquela nave ou as árvores caídas, mas sim a pessoa que saía da plataforma. Vestindo uma roupa roxa, que parecia ser feita de borracha, a menina possuía cabelos vermelhos (me lembravam o fogo), seus olhos brilhantes pareciam alegria.

E naquele momento em que a vi, parada, me encarando assustada, sendo molhada pela chuva, naquele momento em que senti meu coração queimar, naquele momento em que eu senti o sentimento mais complexo de todos, naquele momento eu sabia que a amava.

Para sempre, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora