Ele toma um gole da bebida, seguido de um longo suspiro. Jaskier observa o bruxo atentamente, sem perceber que o está encarando. Geralt está sempre tenso, imerso em seus próprios pensamentos. Ele quer entender no que o bruxo vive pensando, entender o porquê de sua rigidez consigo mesmo e com os outros.
Jaskier finalmente percebe que está encarando Geralt a tempo demais e desvia o olhar. Nesse mesmo instante o bruxo cai sobre o balcão, desacordado e cercado de meia dúzia de canecas de cerveja vazias. Como assim ele já bebeu tanto? Pelo visto o bardo, hipnotizado pela beleza do companheiro, perdeu a noção do tempo.
Jaskier toca o ombro do bruxo levemente, para ver se ele tem alguma reação. Nenhuma. Ele começa a chacoalha-lo um pouco desesperadamente, até que ele para com um suspiro de alívio quando Geralt solta um grunhido, baixo e irritado. Ele estava bem, um pouco. Ao menos não morto.
-Ooh Geralt! Eu te avisei pra não exagerar na bebida! Mas você me escuta? Não, nunca! Ao menos já pagou o taverneiro?
- Não, ele não pagou.
Jaskier olha para o dono da taverna, imaginando diferentes maneiras para enrolá-lo, já que pelo visto Geralt esqueceu de sua falta de dinheiro.
-Certo. E quanto ele deveria pagar por essas... 6 canecas?
-12 coroas.
O bardo cai pra trás, forçando uma expressão de espanto. Não era exatamente um preço muito caro, mas talvez se ele forçasse indignação fosse possível conseguir um menor. Bem menor. Metade do preço.
-O quêêêê?! 12 coroas por 6 canecas de cerveja?! Isso é um roubo, em Teméria você consegue o dobro de canecas por menos!
-E o que eu tenho a ver com Teméria? Nós estamos em Novigrad!
Antes que o bardo pudesse responder, uma comossão se iniciou na taverna. Por causa de seu discurso um mutirão começa a se formar ao redor do taverneiro, formado por bebâdos que exigiam preços mais baixos. No meio do mutirão Jaskier deixa 6 coroas no balcão e sai desengonçado com Geralt, puxando-o pra fora.
-Essa foi por pouco! Porquê foi beber tanto se sabia que não podia pagar? Geralt? Geralt cê tá me escutando?
O bruxo parecia em transe, com os olhos fixos no bardo. Ele coloca uma mão no rosto e outra no ombro de Jaskier, apoiando-se no mesmo.
-Eu... não tô me sentindo muito bem.
Jaskier o encara. Ele estava pálido, mas havia alguma outra coisa ali.
-Ok... Vamos pra casa.
Os dois vão até a estalagem, com Geralt andando cambaleante, semi-apoiando-se em Jaskier, que ia pra frente e pra trás com o peso do bruxo.
Ao chegarem lá, o bardo os conduz até seu quarto e deixa Geralt em sua cama, logo em seguida sentando-se numa cadeira logo ao lado. Ele respira fundo, se esticando logo em seguida.
"Aqueles músculos pesam."
Pensa, dando uma risadinha em seguida. Envergonhado, ele olha de relance para o bruxo, notando que o mesmo estava o encarando.
-O que foi...?
Silêncio. Não foi muito longo, mas pareceu uma eternidade. Geralt encarava Jaskier, sorrindo. Era estranho para o bardo. Ele dificilmente sorria, e quando acontecia eram apenas em momentos de ironia.
-Você fica lindo rindo.
Jaskier arregala os olhos, perplexo. Ele sente seu rosto ficando vermelho, tenta não gaguejar quando fala mas falha miseravelmente:
-M-Mas eu sempre e-estou sorrindo...
-Huhum.
O bruxo se levanta, ainda cambaleante, parando frente a frente ao bardo. Jaskier se assusta. Se não tivesse uma parede logo atrás ele teria caído da cadeira. Olhar Geralt de baixo fazia ele se sentir muito mais impotente que o normal. Ele estava prestes a protestar quando o bruxo se inclinou, segurando-o pelo ombro e beijando-o em seguida.
Foi como uma explosão. Primeiro tudo ficou preto, em seguida branco, e depois colorido. Mas as cores pareciam diferentes, mais reluzentes, mais brilhantes. Ele não estava com medo. Pelo contrário, ele estava extasiado. Logo ele próprio começou a dar parte no beijo, querendo mais do gosto amargo e viciante de Geralt.
Eles ficaram nisso por um tempo, até os dois precisarem parar para respirar. Estavam rosados e ofegantes. O silêncio dominava o quarto, a sensação descomunal que preenchia suas mentes os impedindo de falar. Geralt foi o primeiro a conseguir se acalmar, e com sua voz um pouco trêmula porém firme, disse:
-Eu não me lembro da última vez que me apaixonei por alguém... Acho que nunca havia acontecido... Até você.
Jaskier sente seu rosto ficar vermelho de novo. Ele quer dizer algo, mas não sabe o que. Há um turbilhão de pensamentos passando pela sua cabeça agora, e ele tem medo de dizer algo que estrague esse momento. De novo, é o bruxo quem quebra o silêncio.
-Obrigado.
-Pelo que...?
-Por não desistir de mim.
O bardo sorri. Aquele deve ter sido o diálogo mais longo entre os dois sem que Geralt respondesse com grunhidos no lugar de palavras. Ele queria se abrir, dava para ver em seus olhos. De repente, uma lâmpada se acende em sua cabeça.
-Tive uma ideia pra uma música.
-Hm.
- Eu não sei direito como vai ser ainda, mas sei que vai ter algo como... Sweet kiss no nome.
Geralt o encara em silêncio por um tempo.
-Sweet?
-Hm?
-Você achou doce?
-Você é doce.
-Não.
-Sim.
-Torta sem recheio.
Jaskier cai pra trás, surpreso com o senso de humor do bruxo. Os dois riem juntos, jogando insultos não-sérios um no outro.
A noite segue, mas diferente de todas as outras, ela é eterna. Porque o sentimento que ela trouxe para os dois permaneceu mesmo depois de seu fim.
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Sweet Buttercup {Oneshot}
Romance"Eu não me lembro da última vez que me apaixonei por alguém... Acho que nunca havia acontecido... Até você" Geralt, bêbado, acaba confessando seu amor por Jaskier. Nenhum personagem de The Witcher me pertence. Todos os direitos reservados a Netflix.