Capítulo 2

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Lulu me deixou cedinho na rodoviária e eu peguei o ônibus que me leva até Itapira

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Lulu me deixou cedinho na rodoviária e eu peguei o ônibus que me leva até Itapira. Ainda não consegui economizar o suficiente para comprar um carro à vista. Até poderia financiar, mas seria uma prestação a mais no meu orçamento e eu já assumi as mensalidades do cursinho pré-vestibular de Marta e a escola particular de Joana.

Se for ver o salário de outras assistentes de dirigentes de empresa, eu até que ganho bem melhor que elas, mas não posso deixar minha família na mão. Tenho que me manter e também os ajudar como posso. Então, o sonho do carro vai sendo adiado sempre que uma necessidade maior surge.

Depois do baque emocional de ontem, tudo que quero é chegar no sítio e passar os próximos dias descansando, desligada do mundo. Tenho certeza que Marta vai me arrastar para algum bailinho de Carnaval em algum dos clubes da cidade, mas é a única concessão que vou fazer ao meu descanso de feriado. Se eu não for, meus pais não a deixam ir.

Marta só tem dezoito anos, acabou de terminar a escola e sonha em passar no vestibular da Unicamp, para vir embora para Campinas como eu fiz. Enquanto isto não acontece, ela trabalha meio período numa papelaria no centro da cidade e usa o restante do tempo para estudar. Até agora, diz que quer cursar pedagogia para trabalhar com crianças, mas no ano passado, dizia que iria prestar o vestibular para direito. Acho que até chegar o dia de fazer a inscrição, ela ainda muda de ideia pelo menos mais duas vezes.

Papai a traz na rédea curta, pois se deixar, Marta só quer ficar com os amigos e ir a festas. Como ela chama muito mais a atenção dos homens do que eu na mesma idade, são raras as ocasiões em que ele dá permissão para ela sair, já que ela é muito sonhadora e avoada. É por isso que sei que ela está me esperando ansiosamente, pois eu sou o aval que ela precisa para foguetear no Carnaval. Passou a semana inteira me mandando mensagens, perguntando se eu viria, quando eu viria e passando a programação de todos os eventos carnavalescos da cidade. Não que sejam muitos.

Itapira não é uma cidade grande como Campinas, que tem uma vida noturna agitada o tempo inteiro. Na realidade, nem shopping tem. A única tentativa nesse sentido fechou rapidinho porque não quis se render às grandes redes de fast-food na praça de alimentação. Os jovens se viram como dá para se divertir e como nós moramos num sítio na região do Zé Branco, distante cerca de meia hora da cidade, para Marta é mais difícil ainda aproveitar estas oportunidades de lazer.

Quando me dou conta que estou entrando na cidade, mando uma mensagem para minha mãe avisando que estou chegando, para que papai possa ir me buscar na rodoviária. Provavelmente terei que espera-lo, já que deveria ter avisado uns quinze minutos atrás.

Espero, sentada num banco, até ver a caminhonete vermelha de papai aparecer. Vou ao seu encontro e subo na cabine.

— Oi, pai! — cumprimento alegre. — Estava com saudades! — Dou um beijo em sua bochecha onde a barba já com muitos fios brancos quer despontar.

Seu Raimundo retribui meu beijo e bagunça meu cabelo como se eu ainda tivesse cinco anos de idade.

— Oi, minha ratinha da cidade! — Franzo o nariz diante do apelido com que ele me chama desde que me mudei pra Campinas e papai ri. — Sua mãe pediu para passar no mercado, antes de voltarmos pra casa, tudo bem?

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⏰ Última atualização: Oct 21, 2020 ⏰

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