Parte 2

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Da mesma forma que meu coração acelerou, logo todo o tremor foi substituído pela raiva, tentei fechar a porta mas ele foi mais rápido, colocando o pé e a mão para me impedir. 

    — Dulce, espera!
    — Não tenho nada que esperar, por favor, tira a mão ou eu vou fechar assim mesmo! – ameacei ao ver que ele continuava imóvel me impedindo.
    — Dulce calma, vamos conversar! – a voz dele era tão serena e eu não fui capaz de me conter, comecei a rir descontroladamente. Ele era ainda mais imbecil do que eu podia pensar!
    — Conversar? Você acha que devemos conversar? – perguntei ironicamente, ainda rindo. – Deveríamos ter conversado antes de você ir embora, agora não faz diferença!
    — Dulce não é assim... – ele se aproximou de mim e me afastei, queria o menor contato possível com ele, pois sabia que se ele me tocasse eu iria desmoronar.
    — Cale a boca Christopher, por favor – pedi segurando as lágrimas – Apenas vai embora e me deixa em paz! – olhei em seus olhos, falando com raiva.
    — Não posso... Não sem antes falar com você, me explicar, pedir perdão – ele voltou a se aproximar e eu voltei a me afastar, pronta para dar um soco se ele ousasse me encostar.
    — Já falei que não temos nada para conversar, por favor, não insista!

  — Dulce não faz assim... – aquela voz manhosa, de como se ele fosse o errado, fez meu sangue subir.
    — NÃO FAZ ASSIM? POR QUE VOCÊ NÃO PENSOU NISSO HÁ DOIS ANOS? – me estressei, gritando com ele tudo o que estava engasgado – POR QUE VOCÊ NÃO PENSOU ANTES DE ME DEIXAR AQUI SOZINHA PARA IR PARA OUTRO PAÍS? POR QUE NÃO PENSOU NO MEU SOFRIMENTO ANTES DE IR? POR QUE, CHRISTOPHER? VOCÊ ACHA QUE FOI FÁCIL PRA MIM? VOCÊ REALMENTE ACHA ISSO? POIS NÃO FOI, FOI MAIS DOLOROSO DO QUE VOCÊ PENSOU QUANDO SE FOI, E SINCERAMENTE? DEMOREI, MAS HOJE EU NÃO SINTO A SUA FALTA. EU NÃO TE QUERO MAIS COMIGO! – e infelizmente me vi chorando, outra vez por ele e contradizendo a mim mesma quando prometi que não derramaria mais nenhuma lágrima por ele. Era óbvio demais que ele me fazia falta e eu me odiava por isso.

As minhas palavras pareciam ter calado Christopher e eu esperava tê-lo convencido. Dei as costas ele, enxuguei as lágrimas e respirei fundo. Quando me senti mais calma me virei disposta a encará-lo e manda-lo sair dali, mas ele havia sido mais esperto e ido embora antes. Bati a porta com força, indo pra cozinha precisando de água para me acalmar, mas logo a porta se abriu novamente e ouvi a voz da minha irmã completamente aflita.

    — O que aconteceu aqui? Quando entrei no elevador vi o Christopher descendo as escadas rápido como um foguete.... – ela perguntou de olhos arregalados – Christopher esteve aqui?
    — Sim, ele esteve! – confirmei, fechando os olhos e me preparando para o interrogatório que viria a seguir.

    — E o que aconteceu?

    — Ele falou que queria conversar, eu disse que não tínhamos nada para falar, ele insistiu, me irritei e gritei com ele.
    — O que você falou?
    — Ai Anny... – suspirei fundo, bebendo minha água – Disse que ele tinha que ter pensado nessa conversa antes de ter ido embora, que agora não adiantava mais e que eu não o queria mais comigo – dei de ombros.
    — E você mentiu!
    — Tanto faz, Anny, tanto faz... O fato é que não dá para esquecer tudo o que eu passei durante esses dois anos, foi muito sofrimento e você presenciou isso de perto, ele é um completo imbecil por ter aparecido aqui agora achando que as coisas são simples assim!
    — Sim, mas se você acha que a felicidade está ao lado dele pode muito bem repensar – a voz dela era tão doce que me irritou da cabeça aos pés.
    — Não quero repensar, Anahí! Não quero acreditar e depois presenciar ele me deixando outra vez – bati o copo de acrílico com força na bancada e agradeci por não ter quebrado – Eu preciso tirar o Christopher da minha vida de uma vez por todas! Não tem outra alternativa!

Anahí ficou calada e eu também. Ela se afastou, dizendo que precisava de um banho e eu fui para o sofá. Deixei a televisão ligada em algum canal aleatório e só percebi que não estava assistindo quando a campainha voltou a tocar. Inspirei e expirei algumas vezes e por alguns segundos pensei em não abrir, até lembrar que também poderia ser Alfonso.

    — São para a senhora – um rapaz de baixa estatura me entregou um buquê de rosas vermelhas.
    — Para mim? – ele assentiu, assinei o recibo e agradeci, ainda sem entender nada. 

Fechei a porta, e procurei pelo cartão, curiosa. O buquê era lindo e o fato de receber flores depois tanto tempo era um pouco animador.

Eu não vou desistir. Perdi a primeira batalha e não a guerra. Continuo te amando Dulce e vai ser sempre assim.

 Christopher

Quando terminei de ler o cartão suspirei, pronta para jogar aquelas flores no lixo e mais irritada do que quando ele estava ali! 

    — Hmm, essas flores são lindas! – Anahí me tirou do transe, toda sorridente ao chegar na sala – Quem mandou?
    — Adivinha? – revirei os olhos, me encaminhando até a cozinha.
    — Christopher? – ela parecia tão espantada como eu.
    — Infelizmente. É um imbecil, olha o que está escrito no cartão – apontei-o em cima do balcão e joguei as flores no lixo.
    — Eu não vou desistir. Perdi a primeira batalha e não a guerra. Continuo te amando Dulce e vai ser sempre assim! Uau! Dulce! – me apoiei na bancada com as duas mãos e a encarei, irritada – Pelo jeito ele ainda te ama mesmo.
    — Óbvio que não, isso é apenas uma brincadeira pra ele! Bem provável que quer alguém para se divertir até arrumar outro clube pra jogar! – revirei os olhos, irritada com ela o defendendo.
    — Se ele quisesse apenas se divertir não teria vindo atrás de você.
    — Talvez ele realmente tenha gostado das noites que passamos juntos! – ironizei e ela negou com a cabeça . Suspirei, revirando os olhos para ela e fui para o meu quarto, batendo a porta com mais força do que gostaria.

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Love is Not a Fight.Onde histórias criam vida. Descubra agora