III

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No caminho de volta para delegacia, passou e repassou em sua cabeça toda a conversa que havia tido com o homem, sabia que mais tarde precisaria anotar tudo e fazer notas também, tentava fazer em sua mente a imagem da gatuna em sua mente, mas sem sucesso. Beirava o horário do almoço quando estacionou e via sua colega de trabalho saindo, ainda dentro do carro, buzinou e fez sinal para ela. – A Doutora me daria a honra de acompanha-la para o almoço ?- disse forçando um tom rebuscado, mas logo rindo, após hesitar um pouco, Betina entrou no carro, sentando no banco do carona e jogando toda parafernália de Helena para o banco de trás – Só porque quero saber novidades do caso – respondeu após entrar, enquanto colocava o cinto. A investigadora assentiu com a cabeça e deu a partida com o carro.

O restaurante de costume ficava há umas duas quadras da delegacia, tratava-se de uma churrascaria, além de entregar comida, também atendiam lá, era sempre movimentado e de boa comida. Betina desceu primeiro e sem olhar para tras adentrou o local, já procurando uma mesa para as duas, cumprimentava friamente algumas pessoas e sentou-se em uma mesa mais afastada, próximo à uma televisão, esperava ver a moça aparecer pela porta e quando Helena o fez, avisou-a onde estava com um pequeno aceno. Com uma pequena diferença de tempo, após a jovem se sentar, o garçom veio, pediram uma coca-cola para abrir o apetite, e depois do garçom sair, começaram a conversar. – E então Helena, qual sua primeira impressão ?- perguntou Betina, enquanto se recostava na cadeira – Como todos os outros, um velho que foi ludibriado por uma novinha esperta – respondeu baixo, em um som travesso, enquanto refazia seu coque de cabelo, como uma adolescente fofocando. – Estou falando sério Doutora. – a delegada semi serrou os olhos, desaprovando o feito da garota- Certo, desculpe – Helena pigarreou e se ajeitou na cadeira, tomando uma postura mais séria dessa vez – Bom, aparentemente ela é bem esperta, e seu modus operandi esta sendo exatamente o mesmo, ela não tem receio de ser pega. É a mesma história sempre – ela parou de falar quando o garçom chegou com a coca-cola, esperou servi-las e voltou a falar. – Eles a conhecem em algum evento social onde tem pessoas influentes, sempre chega acompanhada por alguém e se dispersa, não deixa telefone, não deixa endereço... mas de alguma forma ela os seduz, ganha confiança e por fim acaba roubando, some por algumas semanas e volta com o mesmo golpe. – Depois de falar, começava a beber de seu copo e observava a delegada inquieta – Mas agora ela esta agindo mais, ela realmente não esta com medo de ser pega. Não tem nenhuma foto ? – Helena respondeu apenas fazendo não com a cabeça. – então não temos nada nas mãos além de descrições regadas de suspiros, objetos desaparecidos e as próprias vitimas? – perguntou Betina incrédula – Exatamente doutora – Helena respondeu, colocando o copo na mesa, e passando a ponta do indicador na beirada, desenhando o O.

A conversa não se estendeu mais que isso, era evidente que Betina estava incomodada com o que estava acontecendo, entretanto, naquele momento Helena não podia fazer mais do que se calar, o que tinha que fazer, era sozinha. O almoço foi seguido em silêncio, vez ou outra trocando algumas informações sobre outros casos.

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⏰ Última atualização: Jul 31, 2020 ⏰

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