A vida na nova cidade era diferente a forma que as pessoas agiam, a forma com que lidavam com situações e além de tudo a forma em como ver as coisas. Lula Molusco aprendeu desde pequeno a se virar sozinho a verdade é que sua mãe sempre quis uma garotinha para poder mimá-la e enchê-la de laços e quando se deu conta de que na verdade teria um menino não deixou de ama-lo, mas se sentiu frustrada.
Quando ele nasceu foi a maior felicidade de seu pai, como todo – ou a maioria – homem estava feliz por um filho ensinaria os prazeres da vida como pescar e conquistar mulheres, mas a verdade era que Lula tinha um gosto diferente. Desde criança preferia brincar com as meninas, gostava de cores chamativas e adorava os laços de sua mãe, seu pai negava todo o contato do menino com aquilo dizia que homem gosta de coisas de homem enchendo o menino de carros e bolas de futebol que eram claramente deixadas de lado.
Na escola Lula acabara por ser o excluído, tentara se aproximar das meninas no intuito de se socializar, mas as mesmas o rejeitaram devido seu jeito acuado. Se sentia só, foi quando um dia ensolarado sua mãe o pegou a conversar sozinho em seu quarto e ao abrir a porta pegou o menino desenhando e cantarolando ao ver aqueles desenhos viu o potencial de um artista e isso os aproximou mais, Lula passou a acompanhar a mãe em suas compras e dar ajuda nos looks que comprara começou a se interessar por musica e quando seu pai soube de tal feito faltou-lhe deserdar.
O fato é que seu pai vivia em um mundo onde rosa era de mulher e azul era de homem, meninos brincam com bolas e meninas com bonecas e ai de quem discordasse. Ele queria que jovem seguisse seus passos no direito fosse um grande advogado e que lhe desse orgulho e, quando soube que seu filho se interessava por música faltou explodir.
– Música? Desde quando isso é um futuro? Isso não te levara a lugar algum filho meu fará a faculdade que eu escolher!
Aquelas palavras foram dolorosas, mas não abalou Lula, pouco tempo depois sua mãe de forma sorrateira lhe deu um clarinete pedindo que o mesmo guardasse segredo e na hora certa contaria a seu pai. Estava mais que feliz, praticou sozinho com ajuda de livros pego na biblioteca da cidade e logo se tornara um grande músico, tocava para a mãe que adorava escutá-lo.
Os anos se passaram e sua adolescência veio com dificuldades as cobranças de seu pai aumentava para que o filho fosse perfeito estava exausto e queria apenas que tudo não passasse de um sonho, mas a vida acaba por pregar-lhe uma peça. Era o primeiro dia de aula Lula não tinha empolgação, não mais. Caminhou pelo pátio cheio de novos alunos e foi ali que ele o viu, perfeito como um anjo os cabelos negros como a noite combinando com os olhos ônix, o óculos quadrado sobre o nariz lhe deixando charmoso seu coração estava a explodir com tamanha beleza, sentia-se diferente nunca gostou de ninguém jamais pensou se interessar por uma mulher ou por um homem mas sabia que seus instintos lhe diziam que seu gosto seria diferente. Voltou-se a realidade quando o sinal tocou e quando entrou em sua sala notou que seu novo colega de turma era o anjo que o cativou a minutos atrás.
Apesar de que ele era um garoto popular acabaram por se aproximar durante algumas aulas viraram amigos, mas para Lula havia algo mais ali, algo que ele não sabia explicar algo belo e puro. Viraram melhores amigos e mesmo que Lula tentasse se enturmar com as amizades de seu melhor amigo se sentia excluído.
Tempos depois decidiu por fim tomar a iniciativa de se declarar para seu amigo imaginava que ele sentiria o mesmo devido a aproximação, estavam no vestiário terminavam de se vestir após a aula de educação física quando todos saíram e ficaram apenas os dois, Lula tremia de nervoso se sentia estranho mas confiante e quando enfim tomou coragem para levar seus lábios aos dele se arrependeu amargamente.
O mesmo o empurrou contra o armário gritando e gesticulando e não demorou para que o vestiário fosse tomado por todos os outros que riam do rapaz enquanto declaravam suas ofensas.
‘’– Achou mesmo que eu era boiola? Que porra Lula boiola, você é ridículo melhor esquecer que um dia foi meu amigo’’
As palavras foram seguidas por cuspis em seus pés. Lula sentiu seu mundo desmoronar, mas manteve-se firme até chegar em casa quando desabou em lágrimas e, daquele dia em diante jurou não mais amar e não mais se envolver emocionalmente com ninguém. Dali para frente sua vida fora conturbada as cobranças de seu pai aumentava e quando prestou vestibular para direito e passou deixou seu pai insuportavelmente feliz. No primeiro ano de sua faculdade viu-se totalmente perdido, exausto e cansado aquilo não era para ele e começava a imaginar formas de fugir dali. No verão foi para casa e quando informou que não voltaria para a faculdade foi quase que a terceira guerra mundial. Estava exausto de ser capacho de seu pai e pela primeira vez confrontou o homem.
Indignado com a forma que ele falava decidiu de uma vez que sairia dali e que jamais voltaria se não fosse por sua mãe que o amava da forma que era. A verdade é que Lula seguiria seu futuro sozinho caminhando por seus sonhos construindo paredes e se erguendo aos poucos. Sua mãe com muito amor lhe deu suas economias para que o ajudasse a começar sua nova vida e, quando se colocou para fora da casa sentiu-se livre e finalmente feliz.
Feliz.
Era uma palavra nova em seu dicionário.
Alugou uma casinha que combinara perfeitamente com seu novo eu, notou que se fechou para o mundo de forma amarga, mas preferia assim já que sem amigos não teria decepções. Mas a vida das voltas e mais uma vez prega-lhe algumas peças, quando a campainha tocou e viu o loiro sorridente a sua frente sentiu um leve aquecer em seu coração nada muito abalado, mas simples e singelo. O interessante é que ele era totalmente o oposto de si, parecia eufórico com tudo que dizia além da risada insuportável. Em sua mente não poderia ser pior, seria vizinho de dois patetas que além de tudo eram amigos pelo menos foi o que deduziu ao vê-los se cumprimentar como se já se conhecessem a anos.
No trabalho manteve seu costumeiro mal humor e mais uma vez a vida pregou-lhe uma peça, o loiro que descobriu chamar Bob agora seria seu colega de trabalho. Não era o tipo de trabalho que sempre desejou claro que não, seu sonho era de ser um grande musico e não desistiria dele mas as contas precisavam ser pagar assim como precisava se alimentar e por isso aceitou o emprego de caixa do melhor restaurante da cidade.
Era difícil acreditar, mas o jovem rapaz fazia todos os pratos com maestria e elegância sem tirar nem pôr, os temperos perfeitamente alinhados aos paladares diversos o que o fazia ser elogiado sempre fazendo seu ego inflar.
– É tão legal trabalhar aqui não é Lula Molusco? – Dizia o jovem feliz enquanto terminavam de limpar o estabelecimento.
– Ah é maravilhoso – Lula revirou os olhos.
– Diga-me por que trabalha aqui? – Bob se virou para ele com os olhos brilhando.
– Não interessa – Respondeu seco.
De forma estranha o rapaz não se abalava com seu jeito grosso de ser, na verdade fora o único – além do Senhor Serigueijo – a conversar com ele de igual mesmo que seu modo automático de responder fosse seco.
– Tudo bem, podemos ir juntos para casa? – Ele arqueou as sobrancelhas tombando a cabeça de lado como uma criança pedindo por doce.
– Eu não tenho escolha – Respondeu suspirando cansado.
Não precisou de olhar para Bob para saber que ele estava a explodir de felicidade, Lula começou a imaginar como era viver assim cheio de vida e sorridente um sorriso tão simples, mas que demonstrava grande sentimento de que ele era feliz pelo pouco que tinha.
Caminharam lado a lado empurrando suas bicicletas pelas ruas já vazias da cidade, não moravam longe do restaurante, mas as voltas para casa com Bob pareciam uma eternidade já que o mesmo não se calava.
– Boa noite vizinho – Acenou o loiro.
Lula nada respondeu abriu sua porta e quando fechou sentiu a solidão de sua casa tocar-lhe a pele fria. Subiu para o quarto mas antes de ligar a luz notou a janela aberta a mesma que dava acesso ao quarto do jovem loiro e, mesmo sabendo que era imprudente e errado posicionou ali na escuridão passando a observa-lo, o jovem cantarolava uma musica qualquer o que fazia Lula notar que ele não nascera para isso devido sua voz esganiçada mas notou o quanto ele era diferente não de modo ruim mas de modo bom.
E, parando para pensar talvez seja assim que Lula quisesse ser mas a vida foi cruel de mais para que ele pudesse abrir as portas de seu coração novamente.
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O Arco íris Obscuro
FanficSinopse O arco-íris é algo bonito representado por sete cores, é algo que aparece no céu e o deixa mais bonito algo que faz as pessoas parar e sorrir vendo-o brilhar. O arco-íris de uma pessoa pode ser colorido a maior parte do tempo, mas quando se...