Chapter One.

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Antes de tudo, essa história se passa no episódio Desperate Times, da segunda temporada, e parte do momento em que Villanelle olha pela janela do quarto e Eve aparece. É um paralelo alternativo em meu ponto de vista e passará por alguns acontecimentos da série a partir dessa cena, mas não todos.

...

Villanelle Astankova estava prestes a ter o que queria. Ela precisava de Eve Polastri em sua vida. Precisava de sua atenção, seus olhos atentos, suas observações, sua teimosia, seu medo, sua tensão. Ela se sentia dependente de alguma forma, como se ser quem é dependesse somente da aprovação da investigadora.

E Astankova sabia que isso era demais para uma mente como a sua. Ela analisou possíveis cenários, seu corpo exalava um tipo de excitação que misturava a sexual da adrenalina de apenas pensar que Polastri estaria ali, sabendo que Villanelle a levará até aquela cidade, porquê, de uma forma completamente viciosa e obsessiva, ela sentia que Villanelle Astankova era muito mais do que um rosto bonito e humor peculiar. E muito mais do que os poucos encontros que tiveram, muito mais do que sua mente sempre acabar parando no dia em que a esfaqueou e voltou para Londres. O que comecaria ali, caso pisasse em Amsterdam, mudaria a vida das duas mulheres.

Já no avião, contrariando as falas de Carolyn Martens e Elena, Eve repensava se era a coisa certa a se fazer. Sabia que tinha perdido pontos demais com Martens, que provavelmente estava se equivocando, mas sabia que era Villanelle, e um sentimento de posse a consumia, ela deveria ir atrás, investigar e, quem sabe, encontrá-la, no fundo, ela sabia que era isso que as duas queriam.

Villanelle tinha seus olhos claros atentos aos movimentos do outro lado da rua, e quando um carro da polícia holandesa parou em frente às diversas fitas amarelas, sentiu seu coração acelerar, o suficiente para saber, de um jeito estranho, que era Polastri que sairia de dentro do veículo.

Bingo! Pensado e feito, como se suas mentes trabalhassem em conjunto. Polastri pensava em que tipo de conceito Astankova havia se inspirado para aquele show de horrores, como alguns policiais haviam lhe indicado antes que entrasse no edifício. E como uma maldita força celestial, seu corpo sentiu como se estivesse sendo observado, esperou que o resto dos policiais que a acompanhavam entrassem para que ela pudesse se virar e encontrar o que fosse que estivesse encarando-a com tanta energia. Na janela do prédio do outro lado, com os cabelos parcialmente presos, um robe verde e os olhos delicados e atentos, Polastri se permitiu encarar Villanelle. Pela primeira vez, desde que a viu sumir de seu apartamento em Paris, aquela conexão parecia surreal, porque no mesmo momento em que moveu seus lábios em um sorriso quase imperceptível de canto, Eve viu quando Villanelle fez o mesmo. Ela sentia como se a loira estivesse lhe dizendo eu fiz tudo isso por você, e em resposta, seus olhos estavam dizendo eu espero não me arrepender disso.

E as duas sabiam perfeitamente que diálogos não eram necessários, os olhos das duas, percorrendo os corpos, as bocas, quebrando barreiras, invadindo lugares ainda inexperientes, eram o suficiente para ambas. Villanelle era o inferno que Eve tentou fugir por muito tempo, em contrapartida, Eve era o céu que Villanelle tinha medo de chegar, pisar, se aconchegar. As duas representavam o extremo oposto de cada uma, não como a diferença de água e fogo, ou o medo que se tem do desconhecido, os caminhos que percorriam eram claros demais, e tudo o que desencadeou o reencontro das duas era o desejo incontrolável que sentiam. Desejo esse, que seja qual for, mantinha as duas conectadas.

Villanelle, por um momento, teve medo. Não de ter ser perseguida novamente, não de ter que se esgueirar por entre as frestas para fugir de alguns bons policiais, mas de perder Eve. Ela sempre se achou demais, demais para todos, mas parecia ser perfeitamente do tamanho que caberia no coração de Polastri. Sem precisar se refazer, remendar a si mesma. Sem ter que ouvir Polastri pedir para que ela mudasse, e mesmo que o medo a consumisse, quando a morena percebesse que sua mente funcionava diferente, sentia que era aceita.

Aquele território estava sendo pisado pela primeira vez, as duas estavam testando um novo tipo de sentimento, uma obsessão pouco usada pelas duas. O sentimento de posse as atingiu, e como Astankova era extremamente intensa, via Eve como sua. Aquele sorriso mínimo a fez sentir que valeria a pena, fugir de Konstantin, dos Doze, de qualquer um que ameaçasse o que estava começando ali.

Eve, por outro lado, sentiu apenas o medo de estar se precipitando, mas, Villanelle parecia uma criança querendo seus cuidados, parecia uma adolescente prestes a entrar no mundo fantasioso de experimentar a juventude, parecia uma mulher adulta disposta a abrir o chão sob seus pés e fazê-la despencar apenas para que se sentisse viva. Porque era isso que Astankova significava para Polastri: vida.

Ouviu a voz de um policial lhe chamando, não tinha mais Bill, mas sentia como se pudesse contar com ele, o melhor amigo lhe diria que isso era loucura, mas seria o primeiro a arranjar um lugar para que pudesse conversar com Villanelle sem que alguém desconfiasse. Eles se apoiavam de uma maneira que ninguém entenderia. Antes de entrar definitivamente, percebeu que Villanelle já não estava mais ali, se perdeu tanto em reviver tantas coisas nos poucos minutos que encarou seus olhos, que não percebeu que a loira havia sumido.

De novo não, pensou. E suspirou, Astankova não poderia ser tão fácil. Mas, o destino não estava disposto a abandoná-las dessa maneira. E Polastri viu quando Astankova apareceu na porta do edifício, sua cabeça e seu coração seguiam os mesmos comandos, estavam gritando para que nenhuma das duas movesse os pés de onde estavam. Mas, Eve, nunca ignorou tanto seus próprios comandos como naquele momento. Se encaravam, havia fúria, dor, desejo, mas não havia resquício de arrependimento.

Eve não permitiu que Villanelle se aproximasse, moveu seus braços, como no dia em que Villanelle apontou uma arma para si, para ela mesma, no dia em que ajudou a salvar Frank. Sua mão no coração queria dizer que Eve Polastri poderia se partir em milhões de pedaços por Villanelle Astankova. Eve Polastri poderia arruinar a si mesma milhões de vezes por Villanelle Astankova.

...

Os capítulos serão curtos, e por enquanto a história se passa em Amsterdam. Por um primeiro momento não irei abordar os outros personagens da série, mas, logo, tudo se ajeitará.

Desperate Times. Onde histórias criam vida. Descubra agora