Villanelle estava quieta, vendo a interação de Eve e Kenny. A loira não sabia o que pensar, porque se o filho de Carolyn Martens estava ali, sua mãe provavelmente apareceria em algum momento. E Astankova contou, várias vezes em sua cabeça, o número de tentativas sucedidas que ela e Polastri teriam para possíveis fugas. Todas elas davam certo, mas ela sabia que Eve não cederia tão fácil.
— Então, vocês estão juntas? Ou algo do tipo? — Kenny perguntou, intercalando o olhar entre Eve e Villanelle, pela primeira vez desde que engatou em uma conversa particular com a morena. A verdade é que Stowton não gostava do marido de Eve, e até achava adorável como a asiática se dedicava a descobrir, cada dia mais, tudo sobre Astankova.
— Nós nem bem sabemos o que estamos fazendo aqui, quem dirá saber o que somos. — a morena disse rindo. Kenny o acompanhou. Villanelle continuou quieta, tudo que ela realmente queria era Eve Polastri, e quanto mais tentava agarrá-la para si, mais Eve se prendia à ela.
— E Konstantin? — Stowton perguntou, cauteloso. Ele nem mesmo sabia como Villanelle realmente era, mas sentia que Eve confiava nela, assim como a loira confiava em Polastri.
— Não é um assunto tão importante agora. — Astankova disse baixo. Os dois presentes no quarto a encararam, Kenny percebia o quanto o olhar de Eve se perdia na loira, ele não poderia ir contra isso, mesmo que significasse o fracasso de uma investigação do MI6. Polastri já havia perdido muito para perder isso também.
Kenny assentiu. Villanelle se levantou da cama e caminhou pelo quarto. Estava confusa, exausta, e quase perdida. A loira nem mesmo reparou o momento em que Kenny saiu do quarto, sussurrando no ouvido de Eve que voltaria para ajudá-las e tentaria reverter a situação com a polícia holandesa. Era Kenny Stowton, ele conseguiria, e Eve sabia disso.
Polastri fechou a porta, tomando liberdade o suficiente para caminhar até Astankova, as duas estavam desesperadamente perdidas em seus próprios pensamentos, medos, e dúvidas. Mas outra verdade é que Eve Polastri se perdeu mil e uma vezes em sua vida, mas nenhuma delas tinha Villanelle Astankova no final para recebê-la e ajudá-la a se reencontrar. E agora que tinha isso, prendeu-se com toda força que tinha em suas mãos, corpo, alma.
— As minhas paredes estão se fechando, Eve. Eu não tenho mais controle algum sobre o que sinto, e é bem difícil para mim sentir. Apenas o fato de pensar em sentir algo me deixa com um arrepio intenso no corpo, um soco na boca do estômago. Mas eu estou tentando, eu juro que estou. — a loira disse, passando as mãos suavemente por seu rosto, enquanto os olhos de Eve a acompanhavam. — Parece que eu vou desmoronar, na verdade, e quando eu olho pra você, tudo muda. Eu não sei o que é essa coisa toda que você está colocando dentro de mim, eu nem mesmo sei o que eu sou. — caminhou pelo quarto, parando na frente da morena. Villanelle nunca saberia o que era sentir se Eve não tivesse aparecido em sua vida. Ela poderia viver com suas regalias, dinheiro, poder, estabilidade, mas jamais iria sentir o que realmente é ser humano, ou sentir o sangue correr por suas veias até parar em suas bochechas, a deixando corada com algum olhar ou elogio de Eve.
Por outro lado, Polastri pensava apenas em como a imensidão dos olhos de Astankova a fazia beirar um abismo. Era como se estivesse prestes a afundar em um oceano, e dessa vez, não sabia nadar, não sabia nem como recuperar o fôlego. Os olhos se encontraram novamente, Eve sorriu. Villanelle sorriu. Explosões em câmera lenta dentro delas.
— Não estamos em um barco diferente, Villanelle. Eu já senti, muito. Mas nada é como isso, nada me fez querer viver, porque eu estava acomodada demais na minha vida, o trabalho no MI5 me fez perder muito em muito tempo, mas quando entrei no MI6, cai de paraquedas em suas mãos, sem nem saber. — a morena disse, rindo levemente. Villanelle levou uma das mãos ao rosto de Eve, ela nunca se cansaria de redecorar a textura de Polastri. — Eu queimo, todas as vezes que penso em você, estar aqui me faz sentir que coloquei tudo em chamas e nós somos as únicas sobreviventes desse incêndio. — suspirou. — Mas eu não quero pensar em mais nada que não seja isso. — concluiu e os dedos de Astankova estavam em seu cabelo. Devoção, mais uma vez, por parte das duas.
— Devemos ir embora. — Villanelle disse, quase em um sussurro. Naquele momento, a loira percebeu que não estava perdida. Não enquanto poderia ir à qualquer lugar com Eve Polastri.
— Vou falar com Kenny. — Eve respondeu, acariciando levemente a mão de Astankova que estava em seu rosto, de novo.
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Desperate Times.
FanficVillanelle realmente esperava que Eve aparecesse em Amsterdam, mas, o que aconteceria se Polastri fosse investigar o assassinato exótico e encontrasse Astankova? Villaneve | Killing Eve