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ALICE

Depois de três drinks daquele de vodca com morango, estou indo até o garçom pegar mais um. Eu poderia simplesmente chamá-lo, mas eu quero sair da mesa em que Stefany e Guilherme estão se agarrando.

— Mais um desse, por favor. — sorrio e ergo o copo para o homem sorridente e bonito na minha frente. Me sento na banquinho de frente para ele e apoio os cotovelos no balcão, observando ele fazer a bebida. — Você quem faz?

— Sim, por que? — ele se vira para me olhar enquanto a bebida bate no liquidificador.

— Nada, achei que você só fosse garçom mesmo, não...barman. Acho que é barman que fala. — ele dá risada.

— Na verdade, não sei se percebeu, mas a única mesa que eu fui atender foi a sua. — ele me encara, firme. Não desvia o olhar por nenhum segundo e o meu rosto está queimando de vergonha. Ele finalmente me entrega a bebida junto com um pedaço de guardanapo embaixo do copo.

— Obrigada. — me levanto para sair, mas dou meia volta e me sento novamente quando vejo ele chegando na mesa da Stefany. Não é possível. Como ele soube? E...o que veio fazer aqui? E ele não está sozinho, tem outro garoto com ele. Deve ser o Felipe, ou o João, sei lá...

— O que aconteceu?

— Nada, só não tô afim de voltar para a mesa. Tem problema se eu ficar aqui mais um tempinho?

— Claro que não. — ele sorri mais ainda. Seu sorriso é lindo, não posso negar. — Só vou me desconcentrar um pouco, mas vale a pena. — quando eu ia interrompê-lo e dizer que na verdade eu tenho namorado e ele está bem ali naquela mesa, ele atende uma moça que chega ao meu lado.

Seis doses daquela bebida e eu dei um chega. Eu já estou me sentido meio tonta e eu sequer me lembrei que hoje é terça-feira e amanhã eu tenho que acordar cedo. Eu e o barman estamos conversando por bastante tempo, ele me contou que o nome dele é Marcelo e que tem vinte e três anos. Ele mora perto daqui e seu irmão trabalha com engenharia, a mesma faculdade que ele está fazendo. O irmão é casado e ele mora com a esposa, já ele, mora sozinho. Eu contei algumas coisas sobre mim também, menos que eu namoro. Eu também sequer tive a coragem de olhar para trás para ver se Noah ainda estava lá. Não sei o porquê de eu estar evitando ele também, sendo que hoje mesmo eu tava dizendo que ele estava igual criança me ignorando. A verdade é que eu estou fazendo a mesma coisa. Não ignorando, mas evitando. São duas coisas diferentes...eu acho. Minha cabeça está pesando. Aquela maldita bebida é realmente muito boa, vicia.

— Bom, terminou o meu horário. Tenho que ir. — Marcelo diz enquanto olha o seu relógio no pulso.

— Vai vim outra pessoa no seu lugar? — digo, querendo que venha qualquer outro alguém para conversar e não ter que voltar para a mesa e lidar com uma discussão. Ou talvez, não vamos discutir. Não, na verdade, acho que vamos sim. Ele deve estar bebendo e ele fica mais enraivado quando bebe.

— Não, por que? Já tá querendo me trocar? — ele tira o avental e ajeita o cabelo, sorrindo. Querendo trocar ele? Ele é muito convencido mesmo. Estávamos apenas conversando. — Me passa seu número? — ele fala antes que eu possa responder alguma coisa e me pega de surpresa. E agora? O que eu falo? Eu deveria ter dito que namorava a muito tem...— Em? — ele está próximo, bem próximo. Eu consigo sentir o seu cheiro, então me afasto um pouco.

— Eu não posso.

— Não me diga que namora. — seu olhar desce para a minha boca e em seguida para o decote que eu nem tenho da minha blusa. Eu ajeito a minha blusa, incomodada.

Nove Dias.Onde histórias criam vida. Descubra agora