CAPÍTULO 10
1 ANO E 9 MESES DE NAMORO
Desde que tinham se resolvido e quase terminado, Pedro realmente mudou. Voltou a trazer presente e a ser carinhoso com Carla. Levou ela para jantares caros e lhe elogiava mais.
Por um momento Carla voltou a sentir um brilho nos olhos que havia se apagado a um tempo. Voltou a sentir alguma coisa por Pedro, que também já havia acabado.
Pedro parou de sair para beber com os amigos e nunca mais chegou tão tarde em casa. Quase toda a noite ele fazia a janta e também produzia alguma sobremesa especial.
E isso tudo durou apenas alguns meses.
Em uma noite Pedro ligou para Carla.
— Amor, você não acredita o que aconteceu... — dava para ouvir a animação dele na voz.
— O que? — perguntou Carla, ajeitando- se melhor para ouvir.
— Acabei ganhando um aumento. — ele respondeu — Para comemorar, vou sair com o pessoal do trabalho, mas prometo para você que não chegarei tarde em casa e nem bêbado que nem das outras vezes.
— Tudo bem amor, divirta- se. — Carla desligou o celular e voltou a pegar o livro que estava lendo. Como Pedro realmente havia mudado e se tornado uma pessoa melhor, ela confiou nele.
...................
Carla acordou com alguém puxando sua perna. Era 4 horas da manhã. Quando conseguiu ver quem era, notou Pedro ali no quarto.
— Amor, tire a roupa de novo — disse ele, claramente bêbado. Pedro já se encontrava sem nenhuma peça de roupa.
— Pedro, vá dormir que eu estou cansada — Carla deu um leve chute no braço dele e virou a cabeça para voltar a dormir.
Depois a luz preencheu o quarto e Carla virou para ver Pedro parado do seu lado.
— Eu disse para tirar a roupa. — ele começou a puxar a camisola de Carla, tentando arrancar.
— E eu disse que é para você ir dormir — Carla gritou, encarando o namorado.
Então Pedro puxou com força os cabelos de Carla e arrasou ela até o chão. A menina ficou com os olhos arregalados, enquanto passava as mãos no cabelo.
— Carla tire a roupa, eu já disse — Pedro gritou, tentando mais uma vez puxar a camisola. Carla deu um outro chute, dessa vez acertando a barriga dele.
Pedro não gostou e puxou os cabelos dela para deixa- la em pé. Dessa vez ele agarrou os cabelos com muita força e não soltou. Com a outra mão, deu um soco no rosto de Carla.
Antes que ela falasse algo ou gritasse, Pedro socou sua barriga e a jogou no chão.
— Você tem que me obedecer! — ele gritou, quase caindo por estar bêbado.
Carla ficou com tanta raiva que dessa vez ela não conseguiu nem chorar, apenas ficou com o rosto vermelho e soltou um grito muito alto.
— Socorro. — foi o que ela conseguiu gritar.
Pedro a pegou pela pescoço, apertando muito forte e lhe deu outro soco no rosto. Seu nariz começou a sangrar e ela gritou novamente. Gritou muito alto. E enquanto gritava, sentindo outro soco mas dessa vez na barriga.
— Cala a boca. — foi o que ela conseguiu ouvir. Sua visão já estava ficando turva, até que ela sentiu o chão gelado quando Pedro lhe soltou.
— Eu quero terminar, para sempre. — Carla conseguiu dizer ao mesmo tempo que tentava ficar em pé.
— Se você terminar comigo, eu vou me matar — respondeu Pedro de uma forma agressiva — Você sabe disse, eu vou me matar e vai ser tudo culpa sua. Você não pode terminar comigo.
— Posso e vou — gritou Carla.
Seus olhos estavam meio fechados. Seu rosto vermelho e Carla mantinha uma mão na barriga, onde havia levado um soco. E com a outra mão, pegou o celular que estava no chão.
— E eu vou ligar para a polícia, ou seja, saia daqui agora. — com isso, Pedro saiu de casa. Ao longe, ela ouviu o motor do carro e então o carro saindo em alta velocidade.
Como ela tremia muito, não conseguiu discar o número. agora tudo que tinha acontecido se passava pela sua mente. O choque finalmente chegou.
Carla começou a tremer, nervosa. Pedro disse que ia se matar e realmente seria culpa dela. Novamente tentou discar o número da polícia mas em vão.
Finalmente as lágrimas vieram e ela ficou ali parada no chão, até que caiu no sono.
Acordou de manhã com um número desconhecido ligando. Tentou levantar mas sentiu uma forte dor no estômago. Ficou ali mesmo e atendeu o celular.
— Bom dia, é a Carla? — a voz do outro lado da linha era dura e séria.
— Sim, é ela — respondeu a moça.
— Me desculpe ligar a essa hora da manhã, mas tenho que lhe avisar que seu namorado faleceu. Sofreu um acidente de carro nesta madrugada e não resistiu aos ferimentos. Sinto muito.
Carla não conseguiu responder. Não conseguiu reagir. Só conseguiu pensar em uma única coisa: era tudo culpa dela.
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Marcas
General FictionCarla tenta viver o presente mas sua mente continua presa às memórias do passado. Todos os dias, memórias de coisas que já viveu voltam para atormentar os seus pensamentos e mostrar que ela é a culpada de toda a situação que aconteceu. Ela precisa e...