Ji Hoon

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"O que eu quero?"

"O que me impede?"

"Que risco eu corro?" 

Ainda era um pouco cedo, eu e meus amigos estávamos apenas jogando conversa fora na sala de aula, enquanto esperávamos o professor chegar. 

Não era um dia muito animado, na verdade sempre estava chato, porém hoje Hyun Suk reclamava mais que o normal de sua aparência. Um idiota, ele tinha sua própria beleza, mas se cobrava tanto que não percebia. 

— Está exagerando. — revirei os olhos.

— Não mesmo! 

— Está sim… – murmurou Mashiho. Hyun Suk negou novamente e foi até sua carteira pisando forte, entendemos que ele não estava mais com vontade de debater sobre isso.  

— Como vai a audição, Junkyu? – me perguntou. 

— Eu já passei das duas primeiras fases mas não acho que vou passar na terceira. Minha voz anda meio estranha. 

— Caramba…

Ji Hoon entrou na sala no mesmo instante, pareceu aliviado por não ter se atrasado e foi até nós:

— Vocês ficaram sabendo? – perguntou com uma estranha animação. 

— Do que está falando? – perguntei.

— Pelo visto não viram a mensagem que enviei ontem. Eu deveria rever minha lista de amizades. – começou com seu drama de toda manhã. Acho que nós já tínhamos nos acostumados com isso. 

— Do que está falando? – voltei a repetir.

— Acho que disso. – Mashiho me entrega seu celular. Era um site estranho. Para ser mais específico, era um site de algum tal "Mr.S" que dizia conceder desejos, era visível que possuía algumas regras, umas tolas e outras que chamaram minha atenção como "não desfazer desejos após feito" e "ser totalmente sincero".

E eu achando que já tinha visto de tudo nessa vida.

— Nem vale a pena olhar. É certamente um vigarista. 

— Ji Hoon não pode ser tão ingênuo a esse ponto. – comentei rindo, como se ele não estivesse do nosso lado. 

— É verdade! – protestou alto. — Conheço um amigo que tem um amigo que já foi nesse lugar e disse funcionar. 

— Então vá. – falei em tédio. 

— Mas eu tenho medo. 

Começamos a rir alto. 

— Então por que falou disso? – indagou Mashiho, cessando o riso. 

— Quero que venham comigo. 

Estava hilário, eu e Mashiho tivemos que fazer um enorme esforço para não voltar a rir de sua cara. 

— Ah, qual é?! Por favor! 

— Não! – falamos ao mesmo tempo. 

+

— Muito obrigado por vir, Junkyu! – me envolveu em um abraço de lado. Estava ali somente por muita insistência sua. Mashiho fingiu algum compromisso, mas confesso que também não achei legal o deixar sozinho com algo tão estranho. 

— Você é perturbado. 

— Pode falar mal de mim quando eu estiver longe. – fingiu estar bravo e andou na minha frente. Uma criancinha birrenta. 

Era uma casa afastada e escura, agradeci por não ter deixado ele vir sozinho, dava arrepios em qualquer pessoa. Após hesitar um pouco acabamos entrando na casa. 

Havia algo errado. 

Não com a casa, e sim com o provável Mr.S. Ele era jovem, alto e tinha cabelos negros, bonito até então porém assustador. Sorriu de um jeito estranho quando nos avistou. Me sinto extremamente incomodado e dou qualquer desculpa para sair de lá dentro. 

"Eu cometi um erro."

Ji Hoon ficou na casa sozinho com o cara estranho. Nesta hora que eu já estava fora, ele devia estar fazendo algum pedido. 

Por mais estranho que fosse pareceu bem real pra mim. 

"Eu cometi um erro."

Me sinto mal. De repente me sinto ansioso e com um terrível pressentimento. 

Espero alguns minutos e quando vejo Ji Hoon saindo de lá me percorre um certo alívio. Tento disfarçar um pouco.

— E aí, como foi lá? O que pediu? 

— Não vou te falar. – riu. — Mas… foi um pouco bizarro. Tomara que seja verdade e o que eu pedi seja concedido. – sorriu melancólico. 

— Tu não acha estranho ser totalmente de graça? 

— Acho.  

Ji Hoon logo segura em meu braço para tentar quebrar o clima ruim que se instalou. Fomos em um Karaokê para aproveitar um pouco mais o tempo. Minha sensação ruim tinha passado. 

Temporariamente. 

"Eu cometi um erro."

"Depois daquele dia Ji Hoon não era mais o Ji Hoon que eu conhecia." 

+

— Você está tendo a oportunidade de pedir o que quiser, somente 1 vez. Tem certeza? 

— Sim. – sorriu. — Isso é importante para mim. 

— Tudo bem então. – respirou fundo. —  Caso tenha lido as regras no site sabe que deve ser totalmente sincero, certo? 

— Sim. 

— Ótimo. Park Ji Hoon, você é uma pessoa boa ou má? 

Hesitou antes de responder, quase pálido com a pergunta, mas voltou a sorrir como antes. 

— Claramente, boa.

— É o que vamos ver… 

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