Jeong Woo

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Abismado. 

Era uma boa palavra para definir minha sincera reação agora. 

Eu, Mashiho e Jeong Woo olhávamos boquiabertos para Hyun Suk. Não em um sentido ruim, eu diria que ele estava aparentemente encantador.

E não foi apenas nós três que notamos isso, literalmente a escola inteira também percebeu. Garotas e garotos o fitavam como se fosse uma obra de arte.

— Você fez alguma coisa? Um… produto novo? Está muito bonito. – perguntou Mashiho olhando quase babando para Hyun Suk, que parecia não mostrar tanto interesse. 

— Não. – revira os olhos. 

— Então por que você parece  diferente, hyung? – foi a vez de Jeong Woo indagar, porém nenhum de nós esperávamos que Hyun Suk reagiria tão mal, principalmente com Jeong Woo, este que quase nunca tínhamos a oportunidade de conversar. 

— Céus, já disse que não estou diferente! Vocês poderiam me deixar respirar por um momento?! 

O mais novo se encolheu um pouco com a resposta bruta e eu o olho com uma cara feia pela ignorância desnecessária: 

— Ei, calma, ele só fez uma pergunta. 

— Hum… e daí? – retrucou. 

— Que temperamento, caramba! – Acabo elevando meu tom de voz pela desimpaciência com Hyun Suk. Mashiho fica inquieto, como se estivesse prevendo uma futura discussão, Jeong Woo estava indiferente. — Não sei no que adianta ser tãão bonito e permanecer insuportável. 

— Pelo menos não sou eu que finge se preocupar com os outros. Falando sobre Ji Hoon ter se afastado toda hora sendo que no fundo não está nem aí. – disse tudo de uma vez só, sem pensar e sem se importar em como eu me sentiria ao ouvir isso. Isso me aborreceu, me aborreceu ainda mais porque dessa vez eu tinha certeza absoluta que aquele não era o meu amigo Choi Hyun Suk.

— Está me chamando de fingido? 

— Fingido e egoísta. – acrescentou sem medo. 

— Cara, esse não é você! Me diz, foi ontem até a casa do tal Mr.S, não é? Por isso está colérico, Hyun Suk, ele fez alguma coisa ou te falou algo?

O mais velho fechou os olhos, com os punhos cerrados e me olhando com histeria, em seguida, acrescentou: 

— Apenas pare com isso, Junkyu. – riu debochando. — Ele me ajudou muito se quer saber e realizou o meu pedido. – apontou o dedo indicador perto do meu rosto. — Antes de querer "ajudar" seu amiguinho, olhe para si mesmo. — riu sarcástico. — Então você verá quem realmente precisa de ajuda. 

Não disse uma palavra. 

Me senti estranho com sua última frase. Neguei freneticamente com a cabeça, o olhando com um pingo de decepção: 

— Você não é o Hyun Suk. 

Ao mesmo tempo, Jeong Woo se colocou no meio de nós e suplicou: 

— Por favor, parem de brigar. – olhou pra baixo, esbanjando tristeza. — Eu presencio brigas todos os dias, todas as noites… então por favor, não me façam passar por isso agora. 

— Que seja. – Hyun Suk foi para longe de nós. 

De novo...

Tive um déjà-vu na mesma hora e me sentei na arquibancada em que estávamos. Meus olhos se encheram de lágrimas, acabei derramando algumas pelo meu rosto. Eu não queria chorar, mas era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo…

Jeong Woo e Mashiho sentaram ao meu lado, o primeiro citado fez um carinho gostoso no meu cabelo, enquanto Mashiho relaxou a cabeça em meu ombro. 

— Vai ficar tudo bem. Não chore. – Mashiho murmurou baixo. 

— Ji Hoon e Hyun Suk estão sim estranhos! A culpa disso tudo é daquele Mr.S asqueroso. – enxuguei com a palma da mão as lágrimas que haviam cessado. — Tenho certeza. 

— Acalme-se, você ainda tem a gente. – Jeong Woo sorriu simpático e retribuí com um sorriso mínimo. 

— Espero não perder mais ninguém…

— Fique tranquilo, Junkyu. – Mashiho deu uma piscadela e acabei rindo. 

— Obrigado, gente. 

+

Jeong Woo estava incerto se havia tomado a decisão correta. Todavia, por motivos pessoais, tinha certeza no que queria. 

Mesmo em um péssimo clima, não pôde deixar de notar quando Hyun Suk afirmou ter seu pedido concedido. Isso o deu esperanças. 

Estava com o celular nas mãos, checando o endereço da residência e sim, tinha chegado. 

Deu duas batidas na porta e se surpreendeu por já estar aberta, de qualquer modo acabou entrando.

Arregalou os olhos por tantas velas cercarem a sala e se assustou com alguns quadros estranhos que estavam pendurados na parede. 

Sinistro. 

— Está curioso, acertei? – Jeong Woo não fazia ideia de onde aquele cara tinha aparecido, deu um passo para trás e sorriu forçado: 

— Um pouco. 

— Cada quadro desse tem um significado, mas não importa agora. – sorriu. 

Maneou para Jeong Woo sentar na cadeira e o mesmo obedeceu. 

— Há apenas nós dois aqui? – perguntou Jeong Woo, jurando sentir a presença de mais pessoas naquela sala, como se fossem sussurros e gritos abafados. Mas não via ninguém.

— Sim. Algum problema?

— Não, eu apenas sinto… – revirou os olhos tentando afastar esses pensamentos. — Deixa pra lá, não é nada.

— Certo. – Mr.S o fitou com desconfiança, mas logo mudou de assunto. — Seus olhos estão cheios de tristeza. Suponho que não esteja nada bem. 

— Sim, muitas coisas estão acontecendo. – coçou a nuca. 

— Entendo. Tenho certeza que posso resolver isso, o que deseja? 

— Meus pais brigam todo dia, isso me deixa completamente destruído. O que eu mais quero é que essas brigas recorrentes acabem e possamos nos dar bem como uma família de verdade. 

Pela primeira vez Mr.S expressou um sorriso genuíno em seu rosto. Sentiu sinceridade nas palavras do jovem Jeong Woo, e o que Mr.S mais prezava em sua vida é sinceridade e honestidade. Tanto que cogitou se seria mesmo necessário fazer a última e importante pergunta. 

Mas como era um regra importantíssima acabou perguntando:

— Me responda uma última coisa: Park Jeong Woo, você é uma pessoa boa ou má? 

Jeong Woo nem pensou duas vezes antes de responder. 

— Sou uma boa pessoa. 

Mr.S sorriu largo. 

— Eu sei. 

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