Voltamos a nos beijar, mas dessa vez com mais paixão. Ela segurou minha cintura e me fez se aproximar dela. O som do mar era uma das últimas coisas que eu ouvia, pois quando pousei a mão em cima do peito de Ryujin, pude sentir que seu coração estava quase tão acelerado quanto o meu, que parecia bater nos ouvidos.
- Ryujin – murmurei me afastando – Ryu...
Tomei fôlego e sorri.
- Eu não sei como você é ainda.
- Sou bonita – ela respondeu rindo passando a mão em meu rosto.
- Foi o que minha mãe disse, mas... Eu quero sentir como você é...
- Com toque? – ela murmurou perto dos meus ouvidos. Eu corei.
- É, com toque... Posso?
- Fique a vontade – ela tirou as mãos de meu rosto e se sentou de frente para mim. Eu me ajoelhei e estiquei minhas mãos em sua direção, um pouco sem jeito – Certo... Coloque minha mão em seu rosto.
Ela segurou minhas mãos e levou ao seu rosto e depois soltou-as.
Devagar, eu comecei a explorar seu rosto, começando com os cabelos que eram macios e compridos, mas menor que os meus.
- Que cor são seus cabelos? – perguntei.
- rosa – ela murmurou.
Eu abaixei meu rosto e cheirei seus cabelos. Tinham cheiro de shampoo. Eu sorri.
- Você parece ser bonita – eu disse quando cheguei ao queixo.
- Eu sou – ela afirmou convencida. Voltei a mão para a sua boca e senti que o sorriso aumentava. Fiz uma careta.
- Eu acho que você está tentando me enganar.
- Sim, eu estou – disse Ryujin pegando em minha cintura e me derrubando na areia. Eu ri, sentindo que Skoop se afastou um pouco – Sua beleza já o suficiente para nós duas.
Sua boca cobriu a minha novamente e eu toquei seu rosto com as mãos.
- Yuna...– ela murmurou séria, pouco tempo depois – Independente do que você decidir para você agora, eu vou estar do seu lado – afastou meu cabelo do rosto – Eu vou estar para sempre do seu lado.
Eu senti lagrimas nos olhos, novamente, mas antes que elas caíssem, eu a puxei para me beijar.
***
Na segunda feira seguinte, eu estava pronta para fazer a cirurgia que começaria em alguns minutos. Minha mãe, ao meu lado, apertava minhas mãos com força, falando que me amava e que quando eu saísse da sala de cirurgia, estaria ali, me esperando.
Apenas uma pessoa podia entrar no quarto por vez. Meu pai e Ryujin já haviam me visto e me desejado boa sorte. Papai estava nervoso, as mãos tremendo, mas sua voz continuava grave e firme, tentando me passar segurança, já Ryujin estava calma, o que me fez ficar calma também. Ela segurou minha mão firme, falando que estaria sempre do meu lado e que esperaria por mim, ali, no hospital, o tempo que fosse necessário.
Quando voltamos para casa naquela noite em que estávamos na praia, meus pais não falaram nada. Se estavam nervosos, irritados, preocupados eu não havia percebido, pois eles, literalmente, não disseram nada.
No dia seguinte, após o almoço, meu pai me informou de que eu estava liberada para fazer a cirurgia e que eles estariam me dando apoio independente minha decisão. Minha mãe começou a chorar e saiu da mesa antes que eu pudesse murmurar um “obrigada”.
O resto da semana passou tranquila, mas cheia de tensão. A cirurgia havia sido marcada mais cedo do que qualquer pessoa esperava, e isso causou uma espécie de choque em todos.
Ryujin, que estava sempre ao meu lado, evitava tocar no assunto, pois não isso não a agradava, era o que ela dizia.
Saímos todas as tardes. As vezes não tínhamos rumo, apenas saiamos. No domingo, um dia antes da cirurgia, ficamos em sua casa e ela me mostrou seus CD’s e sua preferencia de música que não era de toda ruim. Era bom estar com ela. Ryujin sempre me fazia rir, me divertia, me provocava e tinha beijos maravilhosos.
Naquela noite, pouco antes de dormir, eu orei para que tudo desse certo.
Tudo iria dar certo, eu pensei antes de largar a mão de minha mãe e entrar na sala de cirurgia.
Tudo iria dar certo.
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Faltam dois
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Be My Eyes -2shin
FanfictionHá um ano, eu havia sofrido um sério acidente de carro. Minha amiga, que dirigia, havia morrido no caminho para o hospital de parada cardiorrespiratória. Foi difícil. No começo, tudo me irritava, principalmente a morte de Vero. Era difícil conviver...