Capítulo 02

598 70 4
                                    

Depois de longas horas, em viagem de moto com o rapaz, decidi que devia parar em algum ponto de lanches após perceber que o garoto parecia com fome. Descemos da moto, seguindo até uma das mesas desocupadas, a qual sentamos, fizemos nossos pedidos e ficamos em silêncio, já que o mesmo estava com uma expressão de choro. Não é pra menos, já que teve o pai assassinado na própria casa.

No começo eu não queria aceitar esse trabalho, por não ser minha especialidade em cuidar e proteger engomadinhos. Eu sou uma ladra, que invade bancos e outros lugares, pegando coisas valiosas para vender aos grandes. Mas agora estou aqui, usando minhas habilidades para manter o garoto vivo.

— Devia comer, garoto. — Sugeri, tirando as luvas de minhas mãos. Depois peguei o hambúrguer em mãos, dando uma mordida grande. — Hmm... Melhor que a pizza velha que eu comi ontem.

— Me chame de Haechan, e não de garoto. — Após um longo tempo em silêncio, o som da voz dele se fez presente. Assenti e voltei a comer. — O que você é ?

Deixei meu lanche de lado, pressionando minha atenção nele que estava pasmo, ao mesmo tempo choroso. Ajeitei minha postura na cadeira primeiro, pegando um guardanapo para limpar minha boca antes de abrir o bico.

— Humana. — Sorri divertida, recebendo o olhar dele que revirou os olhos. — Apenas saiba que comigo está seguro, Haechan.

— Seu rosto está arranhado, dos vidros. — Apontou o dedo em uma certa direção da minha face. Levei os meus e senti uma ardência, mas nada que me preocupe. — Por que mataram meu pai ?

— Essa informação não me foi passada. — Falei a verdade, pois nada o pai do garoto me disse, e nem explicou o motivo o qual eu deveria proteger o filho. — Coma, vai esfriar.

Indiquei seu lanche, ele assentiu e passou a comer enquanto eu segui até o atendente para pagar. Quando voltei, não encontrei Haechan na mesma mesa de antes, mas respirei aliviada ao ver ele saindo do banheiro da lanchonete.

— Melhor irmos. Não é seguro nossos rostos tão expostos assim. — O castanho assentiu, seguindo comigo até a moto. — Toma.

Entregando o capacete de volta, subi no veículo sentindo ele atrás de mim em seguida, como antes abraçou minha cintura com medo de voar durante o trajeto. Não deixei de rir, dando arrancada com a moto.

— Para onde vamos ? — Durante o caminho por ruas ainda movimentada, o garoto fazia questão de conversar.

— Eu tenho um esconderijo no meio do nada. Acho que será uma boa, para te esconder. — Respondi com a voz alta, devido ao barulho do motor.

Como ainda ficaria um pouco longe, tivemos que passar a noite em um hotel que fica em uma estrada deserta, que para mim é uma vantagem. Não podendo registrar nossos nomes, invadimos um dos quartos subindo pela saída de emergência, adentrando o como que por azar continha apenas uma cama de casal, e um sofá pequeno.

Deixei as duas armas que andam comigo sobre a cômoda que tem no mesmo, assim como a faca de emergência e o canivete. Tirei as luvas, jaqueta de couro e touca da cabeça, antes de sentar relaxada no sofá, observando o castanho que permaneceu em pé.

— Pode banhar se quiser. — Apontei em direção ao banheiro. Ele entrou, e eu escutei o barulho da água. — Melhor fazer logo isso.

Me referi ao caco de vidro que havia perfurado uma de minhas coxas. Tive que tirar os coturnos dos meus pés, deixando meus dedos respirarem por um tempinho.

Aproveitando que, Haechan estava no banho, tirei minha calça preta, tendo a visão do rasgo que ficou nela por culpa do vidro. Sentei na beirada da cama, e com muita coragem tentei puxar o caco na tentativa de remover ele dali, por motivos da dor eu tive que trincar os dentes para não gritar.

Revenge | Imagine Haechan | NCT Onde histórias criam vida. Descubra agora