capítulo 3

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Acordei com alguém mexendo em meus cabelos. O toque era suave, era tão bom. Mas me toquei de quem poderia ser.

Droga, Andrew...

Logo abri os olhos, sentindo minha cabeça girar, era efeito do sono, com certeza. Virei-me para olhar, e não era ele, e sim ela. Margo estava ao meu lado, me observando dormir. Que psicopata?

— antes, que você me bata, posso explicar por que estou aqui — Margo larga o celular que estava em suas mãos, e me olha preocupada.

— diz logo, não tenho o dia inteiro, aliás que horas são? — bocejo

— são 19:23, e o Andrew está para chegar. Mas antes me escuta — Margo segura em minhas mãos, e olha no fundo dos meus olhos. — Andrew está traindo você, com uma líder de torcida. Não surta, eu sei que iria perder a virgindade com ele hoje, mas não faça nada, por favor

Meus olhos estavam marejados, a qualquer segundo, poderia cair uma lágrima. Florian estava tão certo, que quando ele disse, briguei com ele na mesma hora. Andrew havia prometido para meu pai, que nunca me machucaria, mas na primeira oportunidade ele se deixou levar pelo desejo.

Ouvir isto, só me deixou pior do que já estava, e para piorar comecei a ficar sem ar. Minhas crises de ASMA, quase me matam toda vez que fico nervosa, ou preocupada. Era a primeira crise do dia. Margo balançou a bombinha de um medicamento, e me fez inalar o conteúdo quatro vezes. Enquanto tomava o devido fôlego, que precisaria Margo me manteve calma até Andrew chegar.

— calma, foi só mais uma crise — estava deitada, em minha cama. Com travesseiros e tampada. Minha melhor amiga sempre esteve comigo nestas malditas crises. — não queria fazer você se sentir pior, mas você seria enganada.

— eu sei, obrigado por me avisar. Embora o florian ter me contado bem antes — sorri

— aquele gay, acha que está na Disney?

— calma, vocês dois são os melhores amigos que eu poderia ter. Na semana que vem, vou viajar, você poderia pegar os conteúdos e me passar?

— claro, amiga — Margo levanta e vai até a porta ver quem estava batendo. — seu " namorado" deixo entrar? Ou soco a cara de babaca dele aqui mesmo? — sussurra e me olha esperando uma resposta

— deixa-o entrar, não vou discutir nada ainda — não iria dizer nada, mas a vontade era enorme.

— tudo bem, vou ajudar sua mãe com o jantar — disse ela se retirando e deixando-o entrar

O sorriso dele, estava me dando nos nervosos. Como ele poderia me trair? Não sou boa o suficiente? Minha cabeça estava rodeada de idéias de como matar um desgraçado traidor. Mas me mantive calma e serena.

— o que foi amor? — veio me beijar, mas viro o rosto. Sinto seus lábios tocar minha bochecha.

— nada, só minha asma outra vez, demorou onde estava?

— tive que ajudar meu pai com as compras da semana — seu sorriso morreu, era evidente seu arrependimento.

— a sem problemas, mas sua mãe ainda não saiu do hospital?

— ela ficou em um plantão. Parece que a chefe dela teve problemas, então ela está cobrindo a chefe — se ajeitou em frente aos meus pés, e começou a fazer massagem — então, vamos tentar hoje?

— entrei em TPM, desculpa

— tudo bem — faz uma expressão facial de tranquilo.

Ele ainda faz essa cara de sonso, babaca do cacete...

(.....)

Fui obrigada a jantar, e toda vez que olhava para o lugar do papai ocupada por Henri meu irmão mais novo, me fazia perder o apetite. Henri era tão doce com as pessoas, com amigos e foi inocente em saber que o papai havia partido. Seus olhos eram iguais ao do papai, o jeito de marrento, mandão, carinhoso. Eram as qualidades que definiram papai em todo aquele tempo.  

Enquanto olhava mamãe servir sua torta de bolacha, Andrew tocava minhas coxas por de baixo da mesa. Estava agoniada com seu toque, resolvo a levantar e ir para a cozinha, mas o mesmo corre atrás de mim, e segura meu pulso olhando sério para mim.

— o que está acontecendo, Alycia? — Andrew olhava sério, e seu cenho estava enrugado. — o que eu fiz para você?

— nada, só me deixe em paz hoje — puxei meu pulso da sua mão, e fugi do seu toque. — aliás, pode ir embora

— eu não vou, até saber por que está assim comigo — Andrew me encosta na parede da cozinha, segurou meus dois braços junto ao meu peito. Sua respiração era intensa, e temia por ele me bater alí mesmo.

— me solta, antes que você se arrependa do que está fazendo agora — joguei as palavras com raiva da cara de cafajeste que ele fazia.

— você está me traindo? Quem é o idiota?

— não tenho ninguém

— NÃO MINTA PARA MIM — grita e me sacode pelos braços. Seu comportamento havia mudado rapidamente.

— NÃO ESTOU MENTINDO, ME SOLTA — grito e ouço passos até a cozinha e ele me solta. Passou as mãos nos cabelos loiros e olhou o chão.

— o que está acontecendo? — Margo correu até mim, e me abraçou olhando feio para Andrew. — ouvi gritos, me diga Andrew, agora

— não foi nada, já vou indo. Diga para sua mãe que o jantar estava ótimo — as últimas palavras dele carregavam raiva.

Enfim meu namorado saiu de minha casa batendo a porta. Margo me abraçou ainda mais, e meus olhos já estavam marejados outra vez. Minha melhor amiga sabia o que acontecia, não era de hoje que meu namorado havia comportamentos agressivos.

(.....)

Estava deitada de lado, olhando a janela, e começava a chover. O cheiro da terra molhada era a melhor. Margo insistiu em ficar e cuidar de mim, já que eu estava com a mente atordoada. Lola não havia ligado, já era meia noite a ruiva Nunca ficava a madrugada sem conversar comigo.

— já dormiu? — Margo me abraça e coloca sua cabeça no colo do meu pescoço — vou esfregar a cara dele amanhã, fique tranquila.

— estou só pensando. Não quero que faça nada — resmunguei sentindo o cansaço.

— mas ele machucou você na cozinha, um tombo pelo menos ele toma — ela sussurrava

— não, resolvo isto Amanhã — bocejo

— ta bom. Boa noite — Margo beija minha bochecha e nos tampa com os edredons.

— boa noite — fechei meus olhos sentindo uma lágrima maldita cair sobre o travesseiro.

Continua...

A fronteira não nos impedeOnde histórias criam vida. Descubra agora